Nos anos A e B,
os enfoques dos domingos da quaresma foram, respectivamente, a catequese
batismal e o cristocentrismo. Neste ano C, a liturgia realça a graça. Lucas é o
evangelista da graça, dos pobres e dos pecadores. Para receber a graça que nos
renova devemos tomar consciência de nossa condição de pecadores e, ao mesmo, abrir
o coração à misericórdia de Deus.
1ª leitura (Ex
3,1-8a.13-15): “Eu vi a aflição do meu povo”:
Deus se revela a Moisés na sarça ardente.
Deus está em fogo inacessível e, ao mesmo tempo, na vida cotidiana. Moisés será
seu enviado para revelar a Israel sua libertação e ao Faraó a decisão de Deus em
libertar seu povo oprimido. E o povo deverá aprender que a libertação social
deverá ser acompanhada por um coração reto e fraterno, garantia indispensável
da justiça. Aliás, a Campanha da Fraternidade nos faz perceber a profunda
interação de fatores pessoais e sócio estruturais. Por isso é tão importante que
o coração se volte a Deus. Só assim ele poderá ser sensível em nível mais
profundo ao apelo dos irmãos que sofrem e clamam a Deus.
2ª leitura (1Cor 10,1-6.10-12): As lições da
História:
Paulo tira as
lições da história de Israel: a promessa, a passagem pelo Mar Vermelho, o maná,
a água do rochedo, tudo isso aponta para o Cristo, o novo Moisés, e para os
sacramentos que dão sustento ao novo povo de Deus. Mas nem o Batismo e nem a
Eucaristia garantem a salvação automaticamente: exigem do fiel uma resposta diária
de fé, atuante na caridade. É preciso beber sempre da água que brota do rochedo
espiritual que é Cristo.
Evangelho (Lc 13,1-9): A necessidade de
conversão e a paciência de Deus:
As catástrofes não
são castigos, mas lembretes. E não adianta pertencer ao grupo dos “eleitos” (os
judeus do deserto, os fariseus do tempo de Jesus, ou os “bons cristãos” de hoje)
se não se vive a vontade de Deus. O decisivo é a conversão, a prática do
Evangelho. Quando nos colocamos diante do amor de Deus, quando nos expomos à
luz da “sarça ardente”, sempre encontramos algo a reorientar, a mudar. A figueira
infrutífera pode ficar mais um ano, pois talvez ela produza bons figos! Mas,
algum ano será o último. Não deixemos a conversão para depois.
Autor: Pe. Roni O. Fengler