Caros diocesanos. Nas mensagens anteriores percebemos que no processo da Iniciação à Vida Cristã dos primeiros tempos do cristianismo toda comunidade era envolvida, inclusive a distribuição das leituras da Palavra de Deus, nas celebrações litúrgicas dos domingos da quaresma, seguia temática catecumenal. Portanto, catequese e liturgia andavam juntas e estavam ligadas à vida da comunidade e nela inseriam os iniciados, quais novos discípulos missionários.
Quem eram os sujeitos e agentes dessa Iniciação à Vida Cristã? As comunidades, os catequistas, as famílias, os padrinhos e madrinhas, os ministros, os liturgistas,.. Por isso, se desejamos uma iniciação na fé, como processo de inspiração catecumenal, será necessário envolver toda comunidade. As pessoas que vão orientar a iniciação, além do preparo religioso, pedagógico e espiritual, devem dar condições para que o iniciante se sinta envolvido por carinho fraterno que conduza ao encontro de Jesus Cristo; a comunidade inteira deve ter um jeito de casa acolhedora, de família de irmãos que se amam, acolhem e se ajudam, tornando-se cativante: “A Igreja cresce, não por proselitismo, mas por atração” (DAp 159) (IVC 123). A tarefa principal compete aos catequistas: eles/elas têm o maior tempo e a maior responsabilidade no processo catecumenal; são mediadores que ajudam os iniciantes (catecúmenos) a acolherem, com todo seu ser, a gradual e progressiva revelação de Deus e seu projeto salvífico. Sua missão é fazer acontecer o encontro com o Senhor e a progressiva integração na vida da comunidade. Não basta serem professores de religião, mas educadores na fé, o que implica vivência profunda de adesão pessoal a Jesus Cristo e sua Igreja, sem dispensar os conteúdos e a pedagogia adequada (cf. IVC 140-144). Quais seriam, então, alguns critérios para ser catequista: ter recebido e viver os sacramentos da iniciação cristã; não ter impedimento canônico; ser testemunho cristão na comunidade; possuir boa formação humana: equilíbrio psicológico, facilidade de trabalhar em grupo, bom relacionamento com os outros, dedicação, comunicação e criatividade (cf. IVC 145).
Papel fundamental tem igualmente a família: os pais são os primeiros e principais educadores de seus filhos na fé, na esperança e no amor. Ela exerce papel essencial na evangelização, na catequese, na liturgia, na vida da comunidade e transformação do mundo. Os pais passam a integrar o processo de catequese e liturgia; eles crescem junto com o filho/a, como verdadeira Igreja doméstica (cf. IVC 133-134 e 136). É preciso estar atento à situação real de cada família. Da mesma forma é de importância a escolha dos padrinhos ou madrinhas: devem ser pessoas que conhecem o candidato, pois irão testemunhar a seu respeito e acompanhá-lo com apoio em toda fase da iniciação e depois pelo resto da vida (cf. IVC 131-132). Aos ministros ordenados compete um assíduo e competente acompanhamento pastoral do processo de iniciação, sobretudo, devem zelar pela adequada formação e qualificadas celebrações litúrgicas.
A quaresma que se aproxima nos proporcione maior conhecimento e, sobretudo, rica experiência de encontro com Jesus Cristo, aquele que deu sua vida por amor a nós e atualiza este mistério salvador toda vez que celebramos a Páscoa, centro para o qual conduz toda Iniciação à Vida Cristã, com inspiração catecumenal.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul