Caros diocesanos. Já é do nosso conhecimento que existe íntima relação entre os três sacramentos da Iniciação à Vida Cristã: Batismo, Confirmação (Crisma) e Eucaristia, mas por motivo pedagógico, dedicamos atenção particular ao Batismo, em 2018, e nos anos seguintes aos outros dois sacramentos. Ao destacarmos cada ano um determinado sacramento não significa, pois, que se desconsidere a profunda interação e unidade litúrgica e sacramental entre os sacramentos da iniciação cristã, uma vez que são etapas de um único processo do mergulho da vida em Cristo e na Igreja. Como afirma o Catecismo da Igreja Católica: “Os fiéis, de fato, renascidos no Batismo, são fortalecidos pelo sacramento da confirmação e, depois, nutridos com o alimento da vida eterna na Eucaristia” (CaIC 1212). O Batismo realiza em nós um novo nascimento; a Crisma une-nos (configura-nos) mais solidamente a Cristo; aumenta em nós os dons do Espírito Santo. O fiel participa de pentecostes: é enviado para a missão. Batismo e Crisma nos direcionam para a Eucaristia. A Eucaristia é o sacramento da plenitude; um sinal de plena e definitiva inserção na Igreja. A Iniciação à Vida Cristã é, portanto, única, mas celebrada em três gestos sacramentais. Na Igreja primitiva sua celebração acontecia na Vigília pascal, considerada noite da iniciação cristã, quando os catecúmenos recebiam os três sacramentos, mostrando sua profunda ligação com o mistério da Páscoa.
Em reflexões anteriores sobre a Iniciação à Vida Cristã, já apresentamos o chamado RICA: Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, que não é um livro catequético de conteúdo doutrinal, mas um livro litúrgico com ritos, orações e celebrações. Este Ritual da Tradição Patrística foi recuperado por orientação do Concílio Vaticano II e que deve ser adaptado às nossas realidades e ao nosso tempo. Nas suas Observações Preliminares Gerais (n. 2) encontramos bela síntese da teologia e da inter-relação dos sacramentos da Iniciação cristã: “O Batismo os incorpora a Cristo, tornando-os membros do povo de Deus; perdoa-lhes todos os pecados e os faz passar, livres do poder das trevas, à condição de filhos adotivos, transformando-os em uma nova criatura pela água e pelo Espírito Santo; por isso, são chamados filhos de Deus e realmente o são. Assinalados na Crisma pela doação do mesmo Espírito, são configurados ao Senhor e cheios do Espírito Santo, a fim de levarem o Corpo de Cristo quanto antes à plenitude. Finalmente, participando do sacrifício eucarístico, comem da carne e bebem do sangue do Filho do homem, e assim recebem a vida eterna e exprimem a unidade do povo de Deus, oferecendo-se com Cristo, tomam parte no sacrifício universal, no qual toda a cidade redimida é oferecida a Deus pelo Sumo Sacerdote; e ainda suplicam que, pela abundante efusão do Espírito Santo, possa todo o gênero humano atingir a unidade da família de Deus. De tal modo se completam os três sacramentos da iniciação cristã, que proporcionam aos fiéis atingirem a plenitude de sua estatura no exercício de sua missão de povo cristão no mundo e na Igreja”.
Dessa forma, percebemos que o Batismo e a Confirmação oferecem a possibilidade de incorporação definitiva ao Corpo do Senhor, cuja plenitude é alcançada progressivamente na participação no sacramento da Eucaristia.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul