Em julho, quando muitos colonos começam a preparar a terra para lançar a semente na esperança de colherem abundantes frutos, há um dia reservado especialmente para eles. É o Dia do Colono, comemorado em 25 de julho, quando recordamos os cento e noventa e três anos da chegada dos primeiros imigrantes alemãs para o Rio Grande do Sul.
Muitos foram os valores cultivados pelos colonos ao longo dos anos. Entre outros, quero destacar a família, a comunidade e a religião.
Os imigrantes que vieram para a nossa região, vieram com a marca da família. Isso já aconteceu com os imigrantes do arquipélago dos Açores, de onde vieram os “casais açorianos”. Os alemães e italianos que aqui aportaram vieram, em sua maioria, com as famílias. E foi como famílias que ergueram suas casas, abriram seus roçados e cultivaram a terra. É por isso que, ainda hoje, na colônia, “a família é tudo”. Os filhos fazem questão de visitar seus pais e vice-versa. É na família que os colonos se sentem plenamente “em casa”.
Um segundo valor importante cultivado pelos colonos é a comunidade. Desde o começo, as famílias se uniram para edificarem espaços onde a comunidade pudesse se reunir. Quando ainda não tinham atendimento religioso por parte dos padres, já escolhiam pessoas entre si para presidir as rezas e explicar o catecismo. É por isso que, ainda hoje, em nossa região, se destacam as comunidades do meio rural, que muitas vezes se confundem com “sociedades”, mas cultivam o senso comunitário e mantém a sua identidade religiosa.
Outro valor facilmente percebível no meio rural é a religião. No começo, quando tudo era muito difícil, a fé serviu de tábua de salvação para muitos. As imagens de Santos e os capitéis erguidos na beira do caminho serviram de alento para perseverar. A oração do terço animava a esperança em meio às dificuldades. Desde pequenos, os filhos eram instruídos na fé e os pais lhes ensinavam as principais orações. Na maioria das vezes elas lhes eram ensinadas através da prática ordinária da reza na hora das refeições e da participação no culto da comunidade. Junto com isso também se cultivava o hábito da leitura, particularmente da História Sagrada e de jornais e revistas editados pela própria Igreja.
Lembro tudo isso para expressar meu reconhecimento aos valorosos colonos que, a exemplo dos primeiros imigrantes, ainda hoje seguem na dura lida da roça e cultivam os valores da família, da comunidade e da fé. Quero incentivá-los a seguirem firmes, cientes de que Deus cuida daquelas pessoas que, com fé e amor, levam em frente a obra da criação. Parabéns e que Deus vos abençoe!
Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano