No sábado, 24 de outubro, o Papa Francisco deu por encerrados os trabalhos do Sínodo dos Bispos sobre a Família. Em muitas pessoas, principalmente da grande imprensa, ficou um sentimento de trabalho não concluído. Já para as pessoas familiarizadas com os processos de decisão da Igreja Católica, a sensação foi de que o Sínodo cumpriu com o seu papel. Os próximos passos dependerão do Papa Francisco.
Durante o Sínodo, em alguns dos seus pronunciamentos, o Papa deixou claro que o Sínodo era um instrumento de consulta, onde cada um deveria dizer o que quisesse e onde todos deveriam ficar atentos à voz do Espírito Santo que se manifestou ao longo de todo o processo. Na reunião, não se tratava de buscar consenso e nem fazer votação para saber a vontade da maioria. Tratava-se, sim, de clarear a vontade de Deus para o atual momento da história, sempre cientes de que não se iria mudar a doutrina, mas sim adaptá-la às novas circunstâncias. Iluminado pelo Sínodo cabe ao Papa agora definir o procedimento a ser adotado daqui para frente, através da publicação de uma Exortada Apostólica.
Até a chegada desta Exortação, já podemos colocar em prática o “Motu Proprio sobre a reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade do matrimônio”, publicado em agosto passado. Deveremos também incrementar o anúncio do “Evangelho ao homem de hoje, defendendo a família de todos os ataques ideológicos e individualistas” (Papa Francisco na cerimônia de encerramento do Sínodo).
O Sínodo foi realizado à luz do Ano Santo da Misericórdia. Daí a insistência de que “o primeiro dever da Igreja não é aplicar condenações ou anátemas, mas proclamar a misericórdia de Deus, chamar à conversão e conduzir todos os homens à salvação do Senhor”. O que deve mover os agentes de pastoral é a certeza de que “Deus é Pai da Misericórdia”. Assim como existe espaço para todas as pessoas de boa vontade no coração de Deus, também deverá existir espaço dentro das comunidades cristãs.
Demos, portanto, graças a Deus pelos frutos produzidos pelo Sínodo, e caminhemos juntos “para levar a cada diocese, a cada comunidade e a cada situação a luz do Evangelho, o abraço da Igreja e o apoio da misericórdia Divina” (Francisco). Celebrando, neste final de semana, a Festa de Todos os Santos e o Dia de Finados, peçamos que Deus, por intermédio das pessoas que nos antecederam no céu, abençoe as nossas famílias!
Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano