Palavra do Bispo voltar
30/05/2018 - Corpus Christi

Caros diocesanos. Estamos na semana da celebração de Corpus Christi (Corpo de Cristo), que sempre acontece na 2ª quinta-feira depois de Pentecostes. Este acontecimento do Ano Litúrgico tem um caráter de manifestação pública da fé católica na presença real e permanente de Jesus Cristo na Eucaristia. Por isso são feitas procissões por ruas ou estradas, com ornamentos e outras manifestações de louvor e de gratidão, especialmente através de Bênçãos do Santíssimo Sacramento. Este ato público tem origem no séc. XIII, época em que se acentuou muito a presença real na Eucaristia. De lá foi se desenvolvendo e chegou ao auge no tempo do barroco (séc. XVII), em que os altares se tornaram verdadeiros tronos sagrados, de material o mais nobre possível, para a presença do Senhor na Eucaristia (sacrários dourados de nossos templos de estilo barroco demonstram essa realidade). Nesta época a procissão de Corpus Christi até chegou a ser considerada a maior festa do Ano Litúrgico. Mesmo que Corpus Christi destaque mais o aspecto do louvor e da adoração na presença real e permanente de Jesus Cristo na eucaristia, nós não podemos perder a unidade das diversas dimensões que devemos dar ao Pão da Vida: a celebração eucarística deve ser vista como Ceia de comunhão fraterna (dimensão de ceia), em que tornamos presente o Sacrifício pascal de Jesus Cristo (dimensão do sacrifício) que se torna a maior Ação de graças ao Pai (dimensão de ação de graças e louvor) e que nos compromete e nos envia em Missão evangelizadora (dimensão da missão).             
Entre estas várias dimensões, presentes em cada ato eucarístico, a solenidade de Corpus Christi destaca especialmente o aspecto do louvor, da ação de graças, da adoração, do respeito para com a Eucaristia. A Igreja, pela Eucaristia (Oração eucarística), celebra esta ação de graças, do “nascer ao pôr do sol”, pelos séculos afora, tornando presente o ato redentor de Jesus Cristo para toda humanidade. Assim atua-se a grande e maior ação de graças ao Pai pela doação da vida de seu Filho (sacrifício pascal), na unidade do Espírito Santo (Ação trinitária): Por isso rezamos em cada missa: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo a Vós, Pai Todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda a honra, toda a glória, agora e para sempre”.           
Esta dimensão da espiritualidade eucarística, mesmo não sendo a única, resultará em gestos concretos de adoração (presença real), de respeito e decoro do ambiente e de tudo o que se relaciona com a Eucaristia. Nesta dimensão do respeito e da dignidade de tudo que tem relação com a Eucaristia, deve estar principalmente a própria pessoa humana que a recebe, qual sacrário do Senhor. Torna-se contradição respeitar um sacrário de nobre material e beleza e ofender o sacrário humano do Senhor, que são nossos irmãos e nossas irmãs, que também comungam o Senhor ou por quem o Senhor deu sua vida. Neste contexto lembramos que a palavra comunhão tem necessária relação com o Senhor e com os outros, com quem formamos comum-unidade (comunidade).            
Boas festas de Corpus Christi! Vamos participar e manifestemos nossa fé e nosso louvor ao Senhor, realmente presente na Eucaristia, qual Pão Vivo descido do céu para nossa salvação! 

Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul