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Caridade em tempos de pandemia
Créditos foto: Pe. Roque Hammes Full Width Post Format
Caros diocesanos. No dia 25/04/2020, enviamos mensagem intitulada: Liturgia e Catequese em Tempos de Pandemia. Essa reflexão se tornou necessária mediante as consequências que o isolamento social da pandemia trouxe para nossas comunidades, sobretudo no que ela atingiu a vida litúrgica e catequética. Hoje pretendemos refletir convosco sobre outro aspecto, também fundamental, que emerge dentro deste contexto da pandemia: sermos Igreja samaritana pela caridade.
Assim desejamos relacionar Liturgia, Catequese e Caridade. O Papa Paulo VI, hoje santo, tomando um adágio que nasceu no século V e foi se desenvolvendo na Igreja: “Lex orandi – Lex credendi” (= A lei da oração é a lei da fé ou A Igreja crê conforme reza), acrescentou uma terceira expressão: “Lux operandi et vivendi” (= ...que leva à luz da ação e da vida). Sim, desejamos crer conforme celebramos e isso nos deve levar à luz da ação e da vida. O Papa João Paulo II, também santo, ao falar da caridade, assim se expressa: “Se faltar a caridade, tudo será inútil... Nesta página, não menos do que o faz com a vertente da ortodoxia, a Igreja mede a sua fidelidade de Esposa de Cristo” (NMI 42 e 49). E a CNBB confirma: “Uma comunidade insensível às necessidades dos irmãos e à luta para vencer a injustiça é um contra-testemunho, e celebra indignamente a própria liturgia” (DG 2008-2010, n. 178). 
Pelo visto acima, percebemos uma profunda relação entre o que celebramos (lex orandi) e o que cremos (lex credendi); ambas não podem distanciar-se da vida cristã consequente (lex ou lux agendi ou operandi), sobretudo do testemunho de nossas ações. Ao falarmos em Iniciação à Vida Cristã, em catequese de inspiração catecumenal - que tem caráter progressivo de conhecimento, de aproximação e encontro com o Senhor e de inserção operante na vida da comunidade - é de fundamental importância que entendamos a temática abordada acima, pois ela nos mostra pela tradição da Igreja que não podemos separar liturgia (celebração, oração) daquilo que cremos (doutrina, conhecimento, fé) e estas têm sua necessária expressão operante na vida concreta dos cristãos. Portanto, catequese e liturgia e ação de vida andam necessariamente unidas e interdependentes. Não basta a doutrina isolada; não é suficiente a liturgia em si mesma; e não resolve um solitário voluntarismo de ações sem fundamento cristão. Pois elas interagem, são interdependentes e se completam mutuamente.
Ao refletirmos, neste Tempo Pascal, sobre o modo de vida das primeiras comunidades cristãs (Cf. At 2, 42-47 e At 4, 32-37), que concretizavam a fé pela caridade vivida, colocada acima de tudo (Cf. Gl 5, 6 e 1Cor 13, 1-13), e diante da situação criada pela pandemia, sentimos necessidade de ações diocesanas, paroquiais e comunitárias concretas diante dos irmãos e irmãs em necessidade. Já existem apelos gerais e organizações com propostas, como da CNBB (“É Tempo de Cuidar”) e de outras entidades, civis e religiosas, para ajudas aos que mais precisam. Certamente, nossos municípios também as estão promovendo e somos atentos e sensíveis a isso.
Já há mais tempo, a diocese dispôs recursos financeiros visando a aquisição de material para confecção de mais de 10 mil máscaras, que estão sendo feitas por pessoas voluntárias, especialmente pelo projeto diocesano Cora Coralina, e estão sendo doadas para hospitais, geriatrias e outras pessoas necessitadas na diocese (4.600 já foram distribuídas, até a presente data).
Outra iniciativa, em vista da caridade, consistiu numa reunião dos Padres da Comarca de Santa Cruz do Sul, mais os residentes do bispado e a representante diocesana do Setor de Assistência social, a fim de encaminhar ações concretas, sobretudo, na cidade-sede de nossa diocese. Na ocasião, houvemos por bem decidir pelos seguintes encaminhamentos: 
1. Atualizar o cadastro das 300 famílias que normalmente estão sendo atendidas com rancho; cruzar os dados entre as paróquias e, se possível, com outras entidades, para evitar lacunas de assistência para uns e repetição para outros
2. Socializar os alimentos e demais itens arrecadados para completar, o mais possível, os ranchos das diversas paróquias, em espírito de entreajuda;
3. Divulgar número de conta bancária para depósitos espontâneos nossos ou de outras pessoas que desejam ajudar, financeiramente. O testemunho começa por nós mesmos:  
MITRA DIOCESANA SANTA CRUZ DO SUL 
SICREDI – AGÊNCIA 0156
CONTA CORRENTE 50041-0
4. Comunicar e conscientizar a população através das redes sociais e dos meios de comunicação social sobre a importância da solidariedade, sobretudo neste tempo da presença do coronavírus e suas consequências.
5. Ajudar também implica em promover vida digna, orientar para conseguir direitos, ajudas emergenciais, etc.
É gratificante ver como, em algumas paróquias e comunidades da diocese, a dimensão da caridade está ganhando força, especialmente durante estes dias da ameaça do Covid-19 e suas consequências. Em outras, possivelmente, não é tão intensiva. Eis uma das perguntas que deve ser feita por todos os padres e lideranças pastorais: - O que é possível ser feito por nós, como Igreja que optou por ser samaritana, em sua última assembleia geral, para atender o povo em suas necessidades, especialmente neste tempo de pandemia? 
Com saudações fraternas, preces e votos de saúde de vosso Irmão-bispo, em tempos de Covid-19, mas em profunda comunhão.
Autor: Dom Aloísio Dilli