O evangelho de hoje é uma bela catequese sobre a
vocação e a missão dos discípulos de Jesus.
“Jesus chamou os doze”: O evangelista Marcos deixa claro que a
iniciativa do chamado é de Jesus. Não há nenhuma explicação sobre os critérios da
escolha. A eleição permanece sempre um mistério. Nossa tendência é perguntar:
“Por que eu, Senhor?”, quando deveríamos ser como Maria, que prontamente diz:
“Eis aqui a tua servidora!” E por que exatamente “doze”? Sabemos que se
trata de um número
simbólico que lembra as doze tribos de Israel. Aqui, os doze discípulos
representam a totalidade do novo povo de Deus. Na verdade, todos os batizados
recebem uma missão, todos somos enviados.
“Começou a enviá-los dois a dois”: Entre os judeus havia o
costume de viajar acompanhado, a fim de ter ajuda em caso de necessidade; também
havia a exigência legal de duas testemunhas para dar credibilidade a qualquer
anúncio ou denúncia. Mesmo que que isso possa ter contribuído, o fato de Jesus
enviá-los em missão “dois a dois” ensina que a evangelização possui sempre uma
dimensão comunitária. Não devemos trabalhar sozinhos, à margem dos demais
membros da comunidade. E jamais deveríamos pensar que alguém é dono da
comunidade, que só eu ou só aquela pessoa é quem sabe, quem decide. O que deve prevalecer
não é a ideia deste ou daquele, mas a fé da Igreja. E quando estou num curso ou
encontro, ou numa missão, devo me sentir em nome da comunidade, estar em
sintonia com a fé da comunidade e saber atuar em grupo.
“Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros”: O Evangelho combate tudo o
que escraviza a pessoa e a impede de ser livre e feliz.
“Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não
ser um cajado...”: Os discípulos partem em missão em atitude de despojamento dos bens e
das seguranças humanas; são totalmente livres e não presos a nada. Isso ajuda a
perceber que a eficácia da missão não depende da abundância dos bens, mas sim
da ação de Deus. O desapego é um sinal de que o discípulo confia só em Deus, o
que confere credibilidade à missão.
“Expulsavam demônios e curavam
doentes”: São
os mesmos gestos que Jesus fazia, o que demonstra que a Igreja continua a
missão de Jesus em favor da humanidade.
Como batizado, tenho consciência de que isto
me diz respeito e que também pertenço à comunidade que Jesus envia em missão?
Autor: Pe. Roni. Osvaldo Fengler