“E
vós, quem dizeis que eu sou?”
Durante o caminho ao povoado de Cesaréia, Jesus
pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?” As opiniões do povo
eram divergentes. Não havia clareza. Então Jesus olha fixo para os apóstolos e
pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
É a pergunta decisiva. Neste “ano do Batismo”,
que nossa diocese está vivendo, cada um de nós é convidado a responder
pessoalmente a esta pergunta de Jesus. Ele olha fundo em nossos olhos e
pergunta: “Para você, quem sou eu?”
Em nome de todos os discípulos, Pedro responde:
“Tu és o Messias!” O evangelista Marcos tem como pano de fundo, em seu escrito
sagrado, responder à pergunta: “Quem é Jesus?” Agora inicia-se a segunda parte
do evangelho, onde Jesus vai aprofundando a natureza da sua condição de
Messias: “Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia
sofrer muito, ser rejeitado..., ser morto, e ressuscitar depois de três dias”.
Era tudo o que Pedro não queria ouvir. Sim, era
contra tudo o que se esperava de um Messias triunfalista, restaurador da
monarquia. Pedro ainda pensava nesta linha, onde sofrimento, cruz e morte não
se encaixavam. Pedro leva Jesus à parte e quer convencê-lo do contrário. Jesus
percebe que esta é uma cilada do inimigo e repele Pedro energicamente, pois «não compreende as coisas de Deus».
A lógica do demônio deve ser rejeitada com decisão firme. É por isso que
durante o rito do Batismo somos perguntados se renunciamos “ao demônio, autor e
princípio do pecado”. Todo batizando renuncia ao demônio e acolhe a Jesus
Cristo, disposto a uma vida nova.
Em seguida, Jesus faz um forte apelo: “Se
alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga!”Aceitar
e abraçar a cruz é fundamental para o caminho da salvação. Para viver é preciso
morrer. Morrer para o pecado. Nosso fim último não é o gozo dos bens deste
mundo, mas comunhão com o próprio Deus. Para se chegar a Deus é preciso "renegar-se a si mesmo": renunciar
ao comodismo, egoísmo, apego demasiado aos bens, e "tomar
a sua cruz": assumir os sacrifícios inerentes à vivência do
Evangelho. No dizer do Catecismo
da Igreja Católica (nº 2015): "O caminho da perfeição passa pela
Cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual. O progresso
espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver
na paz e na alegria das bem-aventuranças".
Autor: Pe. Roni Osvaldo Fengler