1ª leitura (Dt 26,4-10): O “credo do israelita”.
Este belo texto traz a oração que o israelita proferia ao apresentar ao sacerdote os primeiros frutos da terra prometida. A oração é permeada de fé e gratidão. O ofertante lembra a história do povo e agradece a Deus que o libertou da opressão do Egito e o guiou à terra prometida, onde agora tem a oportunidade de viver em fraternidade e usufruir do fruto de seu trabalho. Lembra os quarenta anos de caminhada purificadora pelo deserto. No Egito eram escravos, agora um povo livre. O fiel reconhece que todas as graças e benefícios tem sua fonte em Deus, por isso entrega feliz as primícias da colheita. Ao mesmo tempo se compromete a não se deixar contaminar pelas falsas religiões, abandonando e traindo o Deus verdadeiro.
2ª leitura (Rm 10,8-13): O “credo do cristão”.
Se a fé de Israel se resume em “Deus nos libertou do Egito”, a do cristão se resume em “Deus ressuscitou Jesus dos mortos”, o que se traduz em proclamar que “Jesus é nosso Senhor”. São Paulo ensina: “Se com tua boca confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo”. A fé verdadeira não é proclamada apenas da boca para fora, mas brota do fundo do coração e tem consequências práticas. Se eu aceito Jesus como meu Senhor, vou procurar viver e anunciar o seu Evangelho, sem medo e sem voltar atrás.
Evangelho (Lc 4,1-13): A fidelidade de Jesus.
A Quaresma lembra os anos de Israel no deserto, de Moisés e Elias no monte, e os dias de Jesus no deserto, confirmando sua fé e fidelidade a Deus, na força do Espírito e à luz das Escrituras. Mas o inimigo quer atrapalhar o plano de Deus: quer que o povo volte à escravidão, quer “comprar” Jesus para si para então poder reinar para sempre. É a tentação do povo de Deus em todos os tempos e lugares: deixar-se seduzir pelas riquezas, pelo poder opressor e pelos prazeres fugazes. O Evangelista enxerga por trás deste primeiro combate de Jesus toda uma guerra: Satanás deixa Jesus “até o tempo oportuno”, o tempo da grande provação, quando tomará conta de Judas e tentará Jesus na hora da paixão e cruz. Mas esse será também o momento da vitória definitiva do verdadeiro Senhor. E nós batizados também somente podemos vencer se permanecermos unidos a Jesus na oração e na força do Espírito, sem abandonar a comunidade de fé.
Autor: Pe. Roni O. Fengler