A pesca milagrosa narrada no Evangelho de hoje (Jo
21, 1-19), seguida do diálogo entre Jesus e Pedro, tem um acentuado caráter
simbólico. A pesca, a barca de Pedro, o lançar a rede nas águas: tudo alude à
missão da Igreja no mundo.
Pedro
e seus companheiros pescaram a noite toda e não tiveram êxito. Cansarem-se em
vão. Depois que encontraram e obedeceram a Jesus, a pesca foi abundante. Todos
ajudaram a puxar as redes cheias de peixes para a praia. Sem Cristo, não haviam
pescado nada; com Cristo, redes cheias. Assim é com a Igreja: ela não é nossa,
não depende de nós. Ela pertence a Cristo, e é a ele que devemos obedecer. Sem
Cristo, nos cansaremos em vão. Obedientes a ele, a missão será exitosa. Mas ele
quis precisar de nossa colaboração. Tudo depende dele e da nossa colaboração
livre e decidida. Na Igreja, ninguém está dispensado a colaborar; com seus
dons, com a sua vontade. Há lugar para todos.
O
pão e os peixes que Jesus oferece não foram pescados pelos homens. Vem dele, do
Senhor. Certamente uma alusão à Eucaristia, com a qual somos alimentados e
fortalecidos, e nos mantemos unidos a Cristo. Lembra-nos o Papa Francisco que a
Eucaristia não é um prêmio para os perfeitos, mas alimento para os fracos.
Fracos, imperfeitos, mas cheios de ardor e de amor para com seu Senhor.
O
diálogo entre Jesus e Pedro, em que Jesus pergunta três vezes se Pedro o ama,
alude à tríplice negação de Pedro durante a Paixão de Cristo. Agora Pedro está
pronto a assumir a sua missão, pois seu amor a Jesus amadureceu. Na 1ª leitura (At 5,
27b-32.40b-41), o novo Pedro fala intrepidamente em nome
da Igreja, sem medo de represálias e ameaças dos poderosos. Anuncia com clareza
que aquele que eles tinham matado na cruz ressuscitou, está vivo, e é nele que
temos o perdão e a salvação, e em nenhum outro. Importa obedecer a Deus (que
manda lançar as redes) e não aos homens.
Que
sejamos todos imbuídos da coragem e da alegria de Pedro e de seus companheiros,
nossos pais na fé.
Autor: Pe. Roni O. Fengler