“A vida não consiste na abundância dos bens”
As
leituras deste domingo nos levam a refletir seriamente sobre a atitude em
relação aos bens deste mundo. Se fazemos deles o centro de nossa vida e de
nossas opções com certeza seremos decepcionados e a vida cairá no vazio. O que
confere sentido à nossa existência e preenche verdadeiramente nossa vida são
outros bens. Por isso Jesus nos convida a sermos ricos para Deus.
Na 1ª leitura (Ecl 1,2;2,21-23), que
traz a conhecida expressão “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, nos lembra
que a vida é passageira e que é um desatino passar a vida toda preocupado em
acumular bens, para depois deixar tudo para os outros. Por que andar sempre
agitado e deixar-se levar pela ganância e pela cobiça?
No Evangelho (Lc 12,13-21)
aproxima-se de Jesus alguém que está em litígio com seu irmão por causa da
herança. Ele pede para Jesus ser seu juiz nesta questão. O Mestre aproveita a
ocasião para alertar os ouvintes do perigo da cobiça, do perigo em colocar peso
desmedido nos bens terrenos. E avisa: “Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a
vida de um homem não consiste na abundância de bens”. A riqueza não garante a
segurança desejada. E, mediante a parábola do “rico insensato”, Jesus denuncia
a falência de uma vida voltada apenas para o material: um homem construiu
celeiros enormes e, quando os encheu de grãos, querendo curtir a vida, morreu.
Quem assim procede é chamado de “louco”, pois trilha um caminho de ilusões e
desenganos: iludido pela “segurança” dos bens materiais, acabou perdendo o bem
maior: a vida! E Jesus completa: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si, em vez de
se tornar rico aos olhos de Deus”.
Rico para Deus é quem ajuda o próximo,
como diz o livro dos Provérbios: “Quem se compadece do pobre empresta a Deus, e
Ele o recompensará” (Pr 19,17). Rico aos olhos de Deus é quem sabe servir, como
Jesus. Assim, a 2ª leitura (Cl 3,1-5.9-11) convida-nos à identificação
com Cristo, o Homem Novo, que busca em tudo uma profunda sintonia com o Pai.
“Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, os
bens celestes”.
Não é verdade que muitas vezes o dinheiro
acaba gerando brigas e divisões nas famílias e nas comunidades? Portanto,
cuidado! Por isso o Salmo de hoje (89) nos convida a cantar: “Que a bondade do Senhor e
nosso Deus repouse sobre nós e nos conduza”. Sim, quem se deixa conduzir por
Deus jamais será iludido!
Autor: Pe. Roni O. Fengler