Interessante quantas vezes Deus é acusado de ser injusto, como em Lc 15,29s (pelo filho mais velho), em Ez 18,25ss pelos “justos” israelitas, em Jn 4,2 pelo próprio Jonas, etc. No evangelho de hoje, também. Os textos deste domingo nos levam a descobrir os caminhos de Deus, cujos pensamentos estão tão acima dos nossos quanto o céu está acima da terra. O objetivo é nos levar à renúncia dos esquemas mundanos e, em consequência, nos converter ao coração de Deus.
A 1ª leitura (Is 55,6-9) pede que todos se voltem para Deus: é hora de abandonar as más condutas e se deixar envolver pela bondade e misericórdia de Deus, que supera em muito os caminhos humanos.
A 2ª leitura (Fl 1,20c-24.27a) traz o exemplo de alguém (Paulo) que soube abraçar a lógica de Deus: renunciou aos interesses pessoais e aos esquemas mundanos e colocou Cristo no centro da sua vida, em cuja comunhão se encontra na vida e na morte.
O Evangelho (Mt 20, 1-16a) pede a transformação da nossa mentalidade, de forma a que a nossa relação com Deus não seja marcada pelo interesse, mas pelo amor e pela gratuidade. A misericórdia de Deus é nova para os homens, por isso os primeiros trabalhadores da parábola criticam a Deus (senhor da vinha), achando-se injustiçados. Na verdade, Deus age como um pai de família que trata seus filhos não como operários, empregados, mas realmente como “filhos amados”, e conhece a necessidade de cada um.
Jesus explica que o proceder do senhor da vinha não contrasta com a justiça humana (pagou um salário justo aos primeiros, exatamente o que fora combinado), mas a transcende totalmente pela bondade (concede aos últimos o que eles precisam para o sustento da família, mesmo sem ter combinado nada). Esta é a “justiça” à maneira divina, que supera os caminhos e os pensamentos dos homens (a lógica calculista). Jesus assina “o primado da bondade de Deus”.
Autor: Pe. Roni O. Fengler