O mês de agosto é, para a Igreja Católica no Brasil, o mês dedicado às vocações.
O mês em que paramos para sentir a carícia de Deus e escutar o seu chamado.
Mês em que olhamos ao nosso redor para valorizar o chamado que Deus fez a outras pessoas, apoiando-as na missão que receberam.
Mês em que rezamos para que Deus continue a chamar e, mais importante do que isso, conforme diz o Papa Francisco, rezamos “para que os chamados sejam livres e não sejam escravos, para que tenham o coração somente para o Senhor”. Isso, porque “as vocações existem. Devemos ajudar as pessoas chamadas a crescerem, a fim de que o Senhor possa entrar naqueles corações e dar esta alegria indizível e gloriosa que tem cada pessoa que segue de perto Jesus” (Homilia na Casa Santa Marta, 03/03/2013).
Somos amados e acariciados por Deus
Na nossa fé professamos que “Deus nos criou por amor”. Por isso, desde o início estamos nas mãos de Deus. A imagem da criação narrada no livro do Gênesis, é muito bonita: Com as mãos, Deus faz o barro e molda o ser humano à sua imagem e semelhança. “Foram as mãos de Deus que nos criaram: o Deus artesão. Estas mãos que nunca nos abandonaram e que nos acompanham no caminho”. “São as mãos de Deus que nos acariciam nos momentos da dor, nos consolam, nos curam das nossas doenças espirituais. É nosso Pai que nos acaricia! E, mesmo quando deve repreender-nos, o faz com uma carícia, porque é Pai” (Homilia, 12/11/2013). Por isso, na boca do catequista, na boca da mãe e do pai, na boca do padre e da religiosa, volta sempre a ressoar: “Jesus Cristo te ama, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar” (EG 164).
Somos chamados por Deus
Várias são as passagens bíblicas que relatam o chamado de Deus. Ele chama Adão: “Onde estás?” Chama Caim: “Onde está o teu irmão?” Chama Abraão: “Sai da tua terra e vai para onde eu te enviar”. Chama Moisés: “Vai libertar o meu povo”. Chama Samuel para que anuncie o castigo de Deus à família de Eli. Chama Judite para cortar a cabeço do poder opressor de Holofernes. Chama Isaías: “Quem vou enviar”? Chama Jeremias: “Não tenhas medo, eu estou contigo”. Chama Maria: “Alegra-te cheia de graça”. Jesus chama os apóstolos: Pedro, Tiago, João, André, Filipe, Paulo.... Diz o Papa Francisco: “Deus nos fala no singular, porque nos criou à sua imagem e semelhança. Há um chamado com nome e uma promessa: ‘Vai, eu estou contigo. Eu caminho ao teu lado’. Ele nos chama e nos acompanha. Nos chama pelo nome. É um chamado que nos faz ir em frente. Ser cristão é uma chamada de amor, de amizade, uma chamada a tornar-se filho de Deus, irmão de Jesus, a tornar-se fecundo na transmissão desse chamado aos outros. Dizer aos outros, contar aos outros que o Senhor está conosco, que o Senhor nos escolheu e que ele não nos deixará sós, nunca” (Homilia, Santa Marta, 25/06/2013).
Chamados e inseridos na Casa dos Cristãos
Se somos cristãos, é porque Deus nos chamou e nós respondemos: Aceito! Ao aceitar o chamado, nos integramos na comunidade dos cristãos, que é a Igreja. “Toda vez que Cristo chama uma pessoa, a traz para a Igreja, que é a casa dos cristãos” (Papa Francisco). Por isso, não se entende um cristão sem Igreja. Conforme Paulo VI, “não se pode amar a Cristo sem a Igreja; escutar a Cristo, mas não a Igreja; estar com Cristo à margem da Igreja”. Daí a conclusão do Papa Francisco: “precisamos sentir, pensar e querer dentro da Igreja” (Homilia, 30/01 e 24/02/2014). “Cada vez que Jesus perdoa, faz voltar para casa, nunca nos deixa sozinhos”.
Dentro da Igreja, existem diversos serviços e ministérios. E aí Deus chama “aqueles que Ele quer” para exercerem estes serviços. Os chamados devem se sentir apoiados pelos irmãos e irmãs de caminhada.
Uma casa essencialmente vocacional
É assim que a comunidade deve se enxergar: essencialmente vocacional. Todos os membros da igreja/comunidade, de uma forma ou de outra, são vocacionados. Chamados, escolhidos, formados, ungidos e, enfim, enviados: chamados à vida pelo nascimento; escolhidos a pertencer à família de Deus pelo batismo; ungidos, formados e alimentados pela Palavra de Deus e pela vida sacramental e, enfim, enviados como discípulos missionários a levar o nome, a obra e os ensinamentos de Jesus Cristo ao coração de todas as pessoas.
Cada um, à sua maneira, vive este chamado e procura responder com generosidade e empenho a missão recebida.
Fomentar as vocações significa reavivar no coração de cada batizado o chamado a santidade que cada um já possui. Neste sentido nenhuma vocação se torna mais importante que a outra, mas todas juntas se complementam e fazem o reino de Deus crescer já entre nós.
Falar constantemente da vocação e ajudar cada cristão descobrir a alegria de ser chamado e viver com alegria a sua vocação é algo mais que necessário. Nenhuma comunidade está plenamente completa enquanto não tiver em seu meio todas as vocações: matrimonial/familiar, sacerdotal, consagrados(as) e lideranças leigas. Todas elas são expressão visível da diversidade do Espírito Santo que inunda a igreja de dons e carismas, mas todos ligados ao corpo de Cristo.
No começo está a família
Todos nós somos fruto do amor entre um homem e uma mulher. Nascemos numa família, assim como também Jesus.
A primeira experiência de “casa” que a pessoa tem é a experiência da “casa da família”. Sem esta experiência fica difícil alguém simpatizar com a ideia de que “a Igreja é a casa dos cristãos”. Por isso, a segunda semana do mês de agosto é dedicada à família. “A família, como vai”?
No subsídio distribuído pela Pastoral Familiar se diz: “Somos convidados a refletir sobre a iniciação à vida cristã que deve começar no seio da família, pois é nela que devemos, por primeiro, conhecer e aprender a amar a Deus”.
Em sua fala no Encontro Mundial das Famílias em agosto de 2018, o Papa Francisco afirmou: “Deus quer que cada família seja um farol que irradia a alegria do seu amor pelo mundo”.
Baseados na convicção de que Deus “só entra e permanece na casa se for convidado” a Pastoral Familiar incentiva a construção do “Cantinho de Deus na casa”. Neste cantinho não pode faltar a cruz de Cristo, a Palavra de Deus e uma vela. Outros objetos podem ser acrescentados de acordo com a devoção da família.