Créditos foto: Acervo da Cúria Provincial Capuchinha do RS
Dia 17 de janeiro de 2016 marca a abertura dos eventos celebrativos dos 120 anos da presença dos Capuchinhos no Rio Grande do Sul. Em todas as paróquias que possuem párocos e vigários capuchinhos serão realizadas ao longo do ano celebrações que retomam a história e a importância das presenças da Ordem no desenvolvimento das respectivas regiões. O objetivo é resgatar a história; celebrar os 120 anos nas festas paroquiais e em eventos dos próprios dos freis; promover a animação vocacional; incentivar a criatividade e partilhar com as comunidades. O lema 120 anos: gratidão, paixão e esperança! convida os freis a olhar o passado da província com gratidão; viver o presente da província com paixão; abraçar o futuro da província com esperança.
Passados 120 anos de presença no RS, a ação dos capuchinhos, hoje, abrange missões populares, ações sociais (com mais de 20 projetos), pastoral paroquial e hospitalar, animação vocacional e escolas formativas, escola superior de teologia, museu, meios de comunicação (jornais, rádios em redes, sites e plataformas mobile), gráficas, centro de eventos e pousadas voltadas ao turismo e saúde sempre com a marca da alegria franciscana, da simplicidade e disponibilidade para atender as carências da sociedade, testemunhando o carisma do fundador Francisco de Assis.
O entusiasmo missionário já levou os capuchinhos gaúchos a atuar em Portugal, em vários países da África, na Nicarágua, na República Dominicana, França, Haiti, Brasil Central (Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Goiás), interior de São Paulo, Mato Grosso e Rondônia.
A Missão no RS foi elevada à categoria de Província em 1942. Assim, a Província dos Capuchinhos do Rio Grande do Sul é considerada a primeira província do hemisfério Sul e da América Latina e, hoje, está entre as cinco maiores do mundo. Atualmente, com 246 membros, sendo 180 freis no Rio Grande do Sul e de Santa Catarina; 45 na Custódia Provincial Brasil Oeste - Mato Grosso e Rondônia e 21 na Delegação Provincial do Haiti.
A Ordem dos Frades Menores Capuchinhos iniciou na Itália em 1528 e, hoje, está presente em 108 países. No Brasil, está organizada em 10 províncias e duas custódias, totalizando 1.100 frades. Na América Latina e Caribe conta com 30 províncias, cinco custódias e duas delegações.
Ordem Capuchinha no Rio Grande do Sul
No século XIX o Brasil vivia um momento de intensa imigração européia. Ao Rio Grande do Sul, entre 1875 e 1889, cerca de 60 mil italianos emigraram, vindos da região do Vêneto. A Comissão de Colonização e Terras destinou aos imigrantes a região serrana, constituída das colônias de Conde d’Eu (Garibaldi), Princesa Isabel (Bento Gonçalves), Nova Vicenza (Farroupilha), Caxias do Sul (Campo dos Bugres), Alfredo Chaves (Veranópolis) e Antônio Prado, entre outras.
Após tentativas frustradas de trazer missionários, o bispo do Rio Grande do Sul, D. Cláudio Ponce de Leão escreveu diretamente ao Papa Leão XIII para solicitar que os imigrantes italianos fossem socorridos espiritualmente.
No dia 05 de dezembro de 1895 dois cultos e dinâmicos frades franceses da Província de Savoia, frei Bruno de Gillonnay e frei Leão de Montsapey, acompanhados pelo ministro provincial, frei Rafael de La Roche, embarcaram rumo ao Sul do Brasil. Na primeira semana de janeiro de 1896, chegaram a Porto Alegre e foram recebidos por D. Cláudio e convidados a assumir a igreja de Nossa Senhora das Dores.
A opção dos Capuchinhos, no entanto, foi Conde d’Eu, onde poderiam implantar um novo projeto missionário junto aos imigrantes italianos. No primeiro dia, viajaram por via fluvial até Montenegro e, no dia seguinte, prosseguiram em uma carroça até a sede da Colônia Conde d’Eu, onde chegaram pela tardinha do dia 18 de janeiro de 1896, data que marca a fundação da Missão dos Capuchinhos no Rio Grande do Sul. Frei Rafael depois de visitar algumas comunidades do interior da Colônia, voltou a Porto Alegre e acertou com o bispo as condições da fundação canônica da missão, regressando definitivamente para a Savoia.
A atuação Capuchinha no Rio Grande do Sul foi alicerçada por frei Bruno de Gillonnay, em cinco direções: Missões populares, Pastoral paroquial, Escolas vocacionais, Ensino para os filhos dos imigrantes e Imprensa.
Criação da Província do RS
Gradativamente o terreno era preparado para que a Custódia Provincial fosse elevada a Província. Um relatório produzido para justificar a demanda registrava que os Capuchinhos mantinham seis conventos regulares – Garibaldi, Flores da Cunha, Veranópolis, Partenon (Porto Alegre), Marau e Vila Ipê; noviciado em Flores da Cunha; casa residencial em Caxias do Sul (sede da Custódia Provincial), dois seminários seráficos – Veranópolis e Vila Ipê com 180 seminaristas; e quatro capelanias.
E também a direção do Seminário Diocesano de Caxias do Sul; semanário Correio Riograndense; 84 sacerdotes, entre eles 09 franceses; 27 clérigos teólogos e 26 filósofos; 13 clérigos noviços; 17 irmãos religiosos professos; cinco irmãos noviços; a Prelazia de Vacaria e equipe de missionários, somando 183 religiosos e 18 noviços.
A Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, afastava o sonho de ter em solo brasileiro uma província. Mas, em 24 de julho de 1942, apesar do mundo permanecer envolvido na guerra, foi decretada a criação da Província do Rio Grande do Sul.
O fundador São Francisco de Assis
São Francisco de Assis fundou, no século XIII, a Ordem dos Frades Menores que, em sua estrutura, através dos tempos, sofreu reformas, culminando com a divisão atual da Primeira Ordem (masculina) em quatro ramos franciscanos com características e constituições próprias, mas com a mesma Regra, ditada pelo santo fundador: Ordem dos Frades Menores Observantes, Ordem dos Frades Menores Conventuais, Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e Terceira Ordem Regular (TOR).
Carisma, mística e missão do frade menor capuchinho
Somos uma Ordem de irmãos que seguem o carisma proposto por São Francisco de Assis. Vivemos em fraternidade como forma de testemunhar que no mundo todos são irmãos. Desempenhamos a missão em múltiplos campos, sempre atentos às necessidades mais urgentes, aos grupos mais desprotegidos da sociedade e às realidades de onde ninguém quer ir. Tornamos visível a nossa missão através da compaixão, acolhida, escuta, diálogo, solidariedade, promoção humana e anúncio do Evangelho.
Autor: Margô Segat – Jornalista