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1º DIA | Bispos do Brasil se reúnem, online, para a 58ª Assembleia Geral da CNBB

Créditos foto: Divulgação

A 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil iniciou nesta segunda-feira (12), pela primeira vez em modalidade virtual. Confira os principais destaques teste primeiro dia de Assembleia Geral.


ABERTA A 58ª ASSEMBLEIA GERAL: “PONTO ALTO DO CORAÇÃO DO SERVIÇO ECLESIAL PRESTADO PELA CNBB”

Foi aberta nesta manhã (12/04) a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro que reúne todo o episcopado brasileiro ocorre, pela primeira vez na história, de forma virtual, por conta da pandemia da Covid-19, um desafio imposto pelo contexto atual e que exige aprendizado de ferramentas e suporte técnico para os ajustes que se fazem necessários no início dessa experiência nova. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, abriu oficialmente o encontro às 8h, no horário de Brasília.

“Este caminho é de grande importância, é o ponto alto do coração do serviço eclesial prestado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Somos desafiados a abrir o coração e a vivenciarmos esse caminho sob as luzes de Cristo ressuscitado, guiados e movidos pela ação do seu Espírito Santo”, motivou dom Walmor.

Durante a abertura da Assembleia, dom Walmor reforçou a comunhão e a “irrestrita fidelidade” do episcopado brasileiro ao Papa Francisco; saudou os participantes, entre bispos, administradores diocesanos, assessores, secretários executivos de regionais, representantes dos Organismos do Povo de Deus; falou sobre o contexto e propósito do encontro e da tarefa educativa da Igreja, reconhecendo humildemente a condição também de aprendizes. O presidente da CNBB também recordou o Santuário Nacional de Aparecida, que acolhe as assembleias da CNBB há alguns anos, e homenageou os pobres, os mortos, os enlutados. Os bispos dedicaram a abertura da Assembleia também para rezarem as Laudes e invocarem o Espírito Santo com o “Veni, Creator”.

 

Comunhão com o Papa

“Nossa comunhão filial e irrestrita fidelidade ao Santo Padre, o Papa Francisco, unidos e missionariamente empenhados da árdua e insubstituível tarefa da evangelização, a razão de ser de nossa Igreja no mundo a caminho do reino, deixando ecoar forte, neste tempo pascal o forte mandato do Senhor Jesus Ressuscitado dirigindo aos discípulos operários da primeira hora ‘como o Pai me enviou, assim também eu vos envio'”.

 

Vos escolhi e vos enviei

“Ao abrirmos esse itinerário, nesse exercício da comunhão e colegialidade, com exercícios concretos de sinodalidade em vista da missão dada pelo Senhor Jesus, nos emoldura aquela sua palavra do capítulo 15 do Evangelho de João: ‘Não fostes voz que me escolhestes, fui eu que vos escolhi e vos enviei para irdes e produzirdes frutos que permaneçam’. Assim, sua misericordiosa compaixão para conosco nos disponha o coração e a mente para o propósito que nos congrega aqui, pensando sempre nossa responsabilidade primeira com a missão de nossa amada Igreja”.

 

Pandemia

“Olhando a humanidade e a nós mesmos, chegamos nessa 58ª Assembleia Geral da CNBB com os pés cansados e os joelhos enfraquecidos. Adiada essa 58ª Assembleia Geral duas vezes, abril e agosto de 2020, a pandemia nos vem exigindo aprendizagens e qualificados discernimentos de rumos em vista de ações assertivas e novas respostas. É irrenunciável a tarefa educativa da Igreja no mundo.

Nossas fragilidades e do mundo expostas nos pedem retorno a fontes e unção de comunhão com os sofrimentos na pele nossa e do nosso povo, especialmente dos enlutados e dos enfermos.

Com humildade, temos que aceitar que somos aprendizes de muitas coisas, também do tesouro de nossa fé, a Palavra de Deus, a nossa Tradição. O encontro nacional de 25 de novembro de 2020 foi uma estação de aprendizagens, precedido de muitas práticas e uso de novos recursos com muitos desafios espirituais e existenciais.

O relatório do presidente trará uma ligeira mostra da intensidade e da grandeza missionária de nossa Igreja. É encantador o encaminhamento que cura e fortalece, basta escancarar o coração à misericórdia de Deus, a fonte inesgotável.”

 

Auxílio do Espírito Santo

“Invocamos o Espírito Santo, que ele venha para esse exercício de cinco dias de Assembleia Geral, pedindo de nós 35 horas de trabalhos, para nos trazer benção, serenidade, discernimentos, escolhas e paixão maior pela missão, ajudando o mundo a ter um novo estilo de vida ao sabor do Evangelho de Jesus. Estamos aqui para nos ungir com a fraternidade entre nós, na força da fé no Ressuscitado, na consolação que vem do Espírito, conscientes do quanto precisamos estar fortalecidos pela comunhão e pela colegialidade, pela sinodalidade e pela missionariedade, porque a Igreja tem um grande, importante e insubstituível papel como bem sabemos. Seja muito abençoado este caminho e que o Espírito Santo venha em nosso auxílio”.

 

Aparecida, mãe de consolação e misericórdia

“Essa sala virtual da 58ª Assembleia Geral Ordinária da CNBB nos fará lembrar saudosos a casa da Mãe Aparecida. A saudade e as gratas lembranças do tempo vivido ali, e que esperamos voltarmos muito em breve, nos encharquem com a certeza de sua intercessão e proteção. Inspirando-nos sempre como mãe de consolação e misericórdia, lembrando-nos dos pobres, enlutados, dos nossos falecidos, por isso, um instante de silêncio em reverência.”

 


MISSA DE ABERTURA DA 58ª ASSEMBLEIA GERAL DA CNBB: NASCER DE NOVO E ANUNCIAR IMPULSIONADOS PELO ESPÍRITO

A Missa de abertura da 58ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil (AG CNBB), na manhã desta segunda-feira, 12 de abril, foi presidida pelo bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, direto da Capela Nossa Senhora Aparecida na sede da entidade, em Brasília (DF).

A celebração, que teve participação restrita, atendendo às normas de segurança sanitária, marcou o início do primeiro dia da assembleia geral, que este ano será totalmente online por causa da pandemia da Covid-19.

O secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, abriu a homilia ressaltando a Palavra de Deus que apresentou duas grandes ideias que, segundo dom Joel, não se pode esquecer: o convite a nascer de novo – trazido no Evangelho de João 3, 1-8 – e a coragem dos apóstolos, que mesmo em meio a tantas dificuldades, anunciavam a Palavra impulsionados pelo Espírito – descrita na primeira leitura de Atos dos Apóstolos 4, 23-31.

“Quando se faz a experiência do nascer de novo, se adquire, cada vez mais, essa coragem para anunciar a Palavra em meio a todas as dificuldades. Nascer de novo, nós sabemos, é o encontro com Jesus Cristo. É deixá-lo transformar toda compreensão que temos da vida, todo nosso agir, todo nosso sentir e passar a olhar a vida sob a ótica do Reino de Deus. E quando isso acontece não há perseguição, não há dificuldade, não há empecilho que diga para nós assim: você não pode mais anunciar o Reino de Deus”, ressaltou.

Dom Joel lembrou ainda que por questões de segurança, de preservar as pessoas, este ano, a Assembleia será realizada online. Segundo o bispo, essa Assembleia Geral tem que ser, antes de tudo, uma atitude de fé.

“Este ano com a tecnologia, depois de inúmeras experiências, e nós nos sentimos razoavelmente seguros para realizar a assembleia. E por isso, aqui estamos, não no Santuário da Mãe Aparecida como gostaríamos de estar, não podemos mesmo chegar de manhã e ir para missa e encontrar aquele carinho da mãe Aparecida traduzido na força dos devotos, na presença dos devotos”, disse.

Antes de encerrar a homilia dom Joel lembrou dos mais de 350 mil brasileiros que perderam a vida por causa da covid-19 desde o início da pandemia em 2020.

 

 

DOM GIAMBATTISTA DIQUATTRO FALA A TODO O EPISCOPADO BRASILEIRO PELA PRIMEIRA VEZ

O Núncio Apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, dirigiu-se, pela primeira vez, a todo o episcopado brasileiro, na manhã desta segunda-feira, 12 de abril, no início das atividades da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece na modalidade on-line. Dom Diquattro foi nomeado pelo Papa Francisco no dia 29 de agosto de 2020 e desembarcou no Brasil para iniciar sua missão no dia 7 de janeiro de 2021. 

Em sua mensagem, o representante da Santa Sé no Brasil saudou a presidência da instituição e todos os bispos, e expressou, inicialmente, a comunhão do Papa Francisco com os bispos e agradeceu pelo testemunho da Igreja no Brasil. 

Dom Diquattro destacou a importância da reunião dos bispos que, mesmo de forma remota, é expressão de comunhão e testemunho de oração. “Hoje, não estamos todos no mesmo lugar, mas a oração é sincronizada e acompanhada por muitas pessoas, que estão rezando por essa assembleia”, afirmou. Destacou ainda que isso é possível graças a diversos instrumentos que, somados, estão “a serviço da proclamação corajosa da Palavra de Deus”. 

Neste momento da história, em que a proclamação da Palavra de Deus é árdua e muito delicada, o núncio afirmou que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está agindo de forma corajosa. Frisou que, ao participar da reunião do Conselho Permanente da Conferência, percebeu que os bispos estão olhando para os flagelos que assolam a humanidade e chorando as dores do povo, com o coração de pastores, sem ficar a fazer análises rasas sobre a pandemia. 

“Vós trabalhastes com renovado fervor para que o coração de Cristo possa manifestar seu amor na Igreja. Um serviço à caridade e manifestação de misericórdia de Deus ao mundo”, afirmou dom Diquattro. 

O Núncio, por fim, motivou os bispos a ouvirem o ruído do Espírito Santo e continuar a fazer uso dos “novos meios que a providência oferece”. Concluiu sua fala, com votos de bom êxito para a Assembleia: “Que a intenção de cada um seja movida pelo amor, afim de santificar o ministério pastoral. Que o Senhor Jesus seja sempre louvado em tudo o que for rezado, dialogado e vivido durante essa assembleia”.

Essa é a primeira Assembleia Geral dos Bispos do Brasil que o novo núncio apostólico, dom Giambattista Diquattro, participa. Ele já teve ocasião de participar de reuniões do Conselho Permanente e em assembleias de alguns regionais, sempre de forma remota.

 

 

EPISCOPADO BRASILEIRO TRABALHA NA REDAÇÃO DE UMA MENSAGEM PARA O PAPA FRANCISCO

Em todas as Assembleias Gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os bispos enviam uma mensagem ao Papa, como gesto de fidelidade e comunhão com o Sumo Pontífice. Neste ano, mesmo com o encontro sendo realizado na modalidade on-line, os bispos dedicaram um momento da manhã para aprovar um texto que foi, previamente, redigido por um grupo de bispos. A apresentação do texto foi realizada por dom Severino Clasen, arcebispo de Maringá (PR), que compõem essa equipe de redação. 

Na proposta do texto, o episcopado renova sua fidelidade e comunhão com o Papa Francisco, reconhecendo seus inúmeros esforços para construir a unidade na Igreja e favorecer o diálogo inter-religioso e cultural. Também manifesta gratidão pelas iniciativas eclesiais e sociais e pela proximidade e solidariedade do Pontífice com o povo brasileiro, neste tempo de pandemia. 

A equipe de redação da mensagem propôs aos bispos de escreverem ao Papa sobre os desafios sociais e eclesiais deste momento pandêmico, sem deixar de mencionar as inúmeras iniciativas pastorais e as vozes proféticas que estão surgindo. A mensagem também propõe informar sobre o tema central da Assembleia: “Casa da Palavra: animação bíblica da vida e da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”.

O texto proposto conclui-se com o pedido da Bênção Apostólica para cada bispo e pessoa envolvida na realização dessa Assembleia e assegura ao Pontífice a oração dos bispos por sua vida e ministério na Igreja. 

Após a apresentação do texto, os bispos que desejaram inscreveram-se pelo chat para fazer apontamentos, correções e sugestões. Ao longo do dia, a equipe de redação ainda receberá correções e emendas, até chegar a uma redação aprovada por todos. A mensagem do episcopado brasileiro ao Papa Francisco deve ser concluída ao longo da semana.

 

“PARA NÓS CRISTÃOS, A PALAVRA É A TERNURA DE DEUS QUE SE TORNOU LETRA”, AFIRMA DOM PERUZZO SOBRE O TEMA CENTRAL

“É bíblica a frase ‘Nada de novo debaixo do sol’ (Ecl 1,10). Também não é novo o nosso tema da Assembleia. Ele sempre vai e volta por que a Palavra na tradição bíblica é também Pessoa”. – Com essas palavras o arcebispo de Curitiba (PR) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, dom José Antônio Peruzzo, iniciou sua fala na tarde desta segunda-feira, 12 de abril, durante a primeira coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O tema central da Assembleia diz respeito ao Pilar da Palavra proposto pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE 2019-2023). Mesmo sem a possibilidade de votação de um documento, os bispos refletiram sobre o texto “Casas da Palavra – Animação bíblica da vida e da pastoral nas comunidades eclesiais missionárias”.

Com o intuito de aprofundar o tema central da Assembleia, dom Peruzzo utilizou a analogia de um jovem que escreve uma carta para uma jovem. “Quando a moça recebe a carta, lê e relê muitas vezes porque a palavra cria proximidade entre quem escreveu e quem lê. Algo assim, a título de exemplo, nos ajuda a ilustrar que o tema da Palavra nunca terá sido suficientemente esgotado”, disse o arcebispo.

De acordo com dom Peruzzo, o tema da Palavra sempre volta aos estudos da Igreja por que ele nunca se esgota. Como exemplo ele citou que em 2007 os bispos da América Latina aprofundaram o tema no Documento de Aparecida, em 2008 , e que o Papa Bento XVI convocou uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a temática e a própria CNBB, em 2012, lançou o Documento nº 97 – ‘Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja’. 

“Para nós cristãos, a Palavra é a ternura de Deus que se tornou letra. Então queremos partilhá-la. É constitutivo da nossa fé compartilhar o que cremos e reconhecemos como fonte de vida”.

 

Encaminhamentos sobre o tema central

Dom Peruzzo contou durante a coletiva que, na manhã de hoje (12), foi apresentado ao episcopado brasileiro um texto-mártir que possivelmente será aprovado como um Estudo da CNBB. Com o título “E a Palavra habitou entre nós – Animação Bíblica da Pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias”, o texto poderá ser aprovado como um documento oficial na próxima Assembleia presencial. É estatutário que os documentos oficiais da Conferência sejam aprovados em Assembleias no formato presencial.

Segundo o bispo, com o Estudo aprovado, haverá dois tempos: “um aprofundamento com os cristãos leigos pelo brasil afora e depois, na próxima Assembleia, acreditando que será presencial, conferir uma aprovação mais consistente. Teremos mais tempo para difundir o que agora é um objeto de estudo. Vamos assumir as reflexões, promover todo um processo de maturação do pensamento, reflexão e afeição pela Palavra. Não é apenas um documento redigido que conta, mas também o processo de preparação e participação.”

 

 

“QUEREMOS QUE A PALAVRA DE DEUS SEJA SEMPRE MAIS DESEJADA PELO POVO”, AFIRMOU DOM ARMANDO BUCCIOL

Tornar a Palavra de Deus cada vez mais conhecida e amada. Este é um dos desejos do episcopado brasileiro reunido na 58ª Assembleia Geral da CNBB (58ª AGCNBB), que teve início nesta segunda-feira (12). “Nosso desejo é poder nutrir sempre mais o povo com a Palavra de Deus”, afirmou o bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Armando Bucciol, durante a primeira coletiva de imprensa.

De acordo com dom Armando, no documento apresentado na manhã deste primeiro dia de assembleia, há um capítulo que trata dos diversos tipos de terreno, nos quais a Palavra é semeada, tendo como pano de fundo a parábola do semeador. Entre estes terrenos está a Palavra de Deus nos sacramentos.

“O Concílio recomendava que nenhum sacramento seja celebrado sem que escutemos a Palavra de Deus; até o sacramento da penitência, da reconciliação deve ser acompanhado da escuta da Palavra, para que essa escuta renove em nós o ardor e o amor. O grande evento do Concílio foi devolver à Igreja Católica a Palavra de Deus depois de séculos em que ela ficou sem receber o devido destaque, a devida atenção”, destacou.

A Palavra de Deus também deve ser semeada no compromisso e na vida missionária, na iniciação à vida cristã, na piedade popular, na família e na juventude, no ecumenismo e no diálogo inter-religioso, nos meios de comunicação e na formação de ministros ordenados. “A família é o sujeito fundamental, é o lugar por excelência onde a Palavra de Deus deve ser ouvida, vivida e transmitida. Neste tempo de pandemia, muitas famílias redescobriram a Palavra de Deus como alimento”, disse dom Armando.

O prelado também falou sobre as homilias, para que os padres e os bispos tomem consciência desta tomada de palavra, que é delicada, complexa e complicada. “Eu sugiro que todos leiam a Evangelii Gaudium, do Papa Francisco. Eu acredito que homilias de 40 minutos são um abuso gravíssimo. Me decepciona ver pregadores, inclusive nas TVs católicas, que ignoram a Palavra, pulam de um lado para o outro no altar e contam piadinhas. É um escândalo. Por isso, católicos, leigos e leigas, sejam muito francos com os seus párocos e até mesmo com os seus bispos”, disse.

Entre as perguntas realizadas pelos jornalistas que acompanharam a coletiva de imprensa, uma destacou a necessidade da Pastoral da Escuta, considerada importantíssima para dom Armando, que destaca, sobretudo, a necessidade da escuta, de modo especial, da juventude. “Nós devemos multiplicar mentes e corações que saibam, de verdade, escutar. É importante que multipliquemos dentro da Igreja e da sociedade pessoas e psicólogos, médicos, profissionais das várias áreas, e também dentro da Igreja, a habilitar pessoas que dediquem tempo a escutar, com carinho, os anseios e as as angústias das pessoas”, afirmou.

 

 

TEMA CENTRAL DA 58ª AG CNBB: PRESIDENTE DO REGIONAL NORDESTE 2 FALA DOS DESAFIOS SOBRE A SEMEADURA DA PALAVRA DE DEUS NO BRASIL

Na tarde da segunda-feira, 12 de abril, aconteceu a primeira coletiva de imprensa da 58ª Assembleia Geral da CNBB, que teve como mediador o bispo auxiliar da arquidiocese de Belo Horizonte e presidente da Comissão Episcopal para a Comunicação da entidade, dom Joaquim Mol Guimarães.

Baseados no tema “o pilar da Palavra de Deus”, os bispos participantes da coletiva foram convidados a se manifestar acerca da importância que a vivência da Palavra deve ter na vida dos cristãos e da própria Igreja. Entre eles estava o bispo da diocese de Garanhuns (PE), biblista e presidente do Regional Nordeste 2 da CNBB, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa.

Dom Paulo, em sua apresentação inicial, destacou que a “Assembleia da CNBB é uma grande experiência de colegialidade, sinodalidade e reencontro, especialmente porque não pôde acontecer no ano passado. Segundo ele, trata-se de um momento muito rico em virtude da partilha da Palavra, que é o próprio Cristo em meio a nós”.

Ele lembrou, ainda, que no Brasil – e na América Latina em geral -, a partir da Dei Verbum, documento do Concílio Vaticano II sobre a Revelação, iniciou-se um imenso e belíssimo movimento bíblico de caráter popular, por meio do qual surgiram inúmeras iniciativas como círculos bíblicos, grupos de leitura orante e o Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI) em várias localidades, o que possibilitou à Igreja adquirir uma larga experiência no estudo, na oração, na pregação, na mística e na missionariedade da Palavra.

 

Documento sobre o tema central

Sobre o documento do tema central, ele disse que parte do texto da parábola do semeador, no capítulo 13 do Evangelho segundo Mateus, que traz a confluência do semeador, que é Cristo, zeloso e operante, a fecundidade e a força generosa da semente, que é a Palavra de Deus, e também o questionamento da qualidade dos vários terrenos, simbolizados pelo coração humano.

Segundo o Bispo de Garanhuns, à luz desta parábola, a Igreja é convidada a refletir sobre a animação bíblica da vida e da pastoral, o que não significa fazer atividades de estudos bíblicos somente, mas levar em conta a vida integral da pessoa e das comunidades eclesiais missionárias, como também a própria pastoral e a missionariedade, ou seja, todo esse contexto animado pela força da Palavra de Deus. O convite se estende também à reflexão do processo de Iniciação à Vida Cristã, o processo catecumenal, de inserção em uma comunidade eclesial, que deve ser movido e gerido pela força da Palavra.

De modo muito prático, continuou dom Paulo Jackson, há muitos desafios à semeadura. Um dos capítulos trata a respeito deles: o acesso à Palavra de Deus, que para algumas pessoas se traduz na incapacidade financeira de adquiri-la; outras, por causa do analfabetismo; outras, por causa de alguma deficiência. Por isso, o grande movimento em torno do uso do sistema de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e do braille. Há ainda a problemática das versões diferentes da Bíblia, havendo divergências de um texto para outro.

Outra questão a ser considerada é que muitas tribos indígenas na Amazônia ainda não têm uma Bíblia traduzida na sua língua. Deve-se lembrar também que outro grande desafio é a ausência de um primeiro anúncio querigmático, uma vez que não se pode partir do pressuposto de que as pessoas já conheçam a Palavra de Deus.

As várias formas de fundamentalismo, baseadas no literalismo, no historicismo ou no pietismo também são grandes entraves. A teologia da prosperidade, que dificulta a vinculação com o mundo da fé, é outro grande obstáculo. Por fim, dom Paulo Jackson citou a necessidade de se “casar” a dimensão pessoal com a dimensão social e ecológica. “Não se pode absolutizar uma única perspectiva”, disse.

“Para muitos, a Bíblia é um livro estranho e difícil. Não se pode esquecer três contextos muito complexos: a extrema pobreza, a violência institucionalizada e a globalização da indiferença. Quem tem vinculação com a Palavra de Deus, não pode estar fechado a essas realidades… para que o mundo seja mais parecido com o que o Deus-Palavra deseja”, concluiu.



DOM JOSÉ GISLON: “A ASSEMBLEIA GERAL É UM GRANDE MOMENTO DE COMUNHÃO”

Os arcebispos e bispos das 18 arqui/dioceses do Rio Grande do Sul participam integralmente da Assembleia que se estende até sexta-feira, 16 de abril. O Presidente da CNBB Sul 3, Dom José Gislon, enviou nesta segunda-feira uma mensagem por ocasião do encontro.

No vídeo, Dom José afirma que a “58ª Assembleia Geral é um momento importante para fortalecermos a eclesialidade e a comunhão entre os bispos, e acima de tudo olharmos para a realidade do nosso povo com os olhos do coração, tendo presente toda a realidade que no aflige, mas também as forças da fé presente no nosso povo e na nossa Igreja”.

Segundo ele, “mesmo fazendo de forma virtual, isso não impede que reforcemos o nosso espírito de comunhão, de pertença, amor pela causa do Reino e ao Povo de Deus”.

“Queremos refletir, à luz da Palavra de Deus, sobre o ser Igreja no mundo de hoje, no nosso contexto de Brasil. Queremos também acolher em nosso coração o sopro do Espírito Santo, para que nos aponte sempre o caminho da missão, da fidelidade, da comunhão”, destaca o Presidente. Ele conclui ressaltando que o encontro “É um momento de comunhão, reflexão e oração. Acima de tudo de manifestarmos o amor e o espírito de doação pela missão que abraçamos: servir o Senhor servindo o Povo de Deus”.

 

 

BISPOS ANALISAM A CONJUNTURA SOCIAL E ECLESIAL DO BRASIL A PARTIR DE SUBSÍDIOS OFERECIDOS POR EQUIPES DA CNBB

“O povo de Deus sofre com a doença e a fome” é o título da análise da conjuntura social e política apresentada ao episcopado brasileiro no início da sessão da tarde. A apresentação foi conduzida pelo bispo de Carolina (MA), dom Francisco de Lima Soares, coordenador do grupo de Análise de Conjuntura da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A análise apresentada priorizou três temas: pandemia, economia e política brasileira. Dom Francisco frisou que trata-se de um texto oferecido aos bispos como uma leitura de especialistas das Pontifícias Universidades Católicas do Brasil organizados no grupo de análise da CNBB para subsidiar os pastores na leitura e compreensão da realidade brasileira.

Dom Francisco ressaltou que o mundo passava por uma crise econômica e por tensões políticas antes da pandemia e que o Coronavírus foi um catalizador que aprofundou as desigualdades. “A sobrevivência da humanidade está colocada à prova”, disse.

“Todas as luzes de alerta estão ligadas quanto à pandemia”, disse o coordenador do grupo de Análise de Conjuntura da CNBB ao iniciar a reflexão sobre o primeiro ponto da análise. Ele chamou a atenção para dados do Observatório da Covid-19, da Fiocruz, que evidenciam as altas taxas de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva. Também chamou a atenção para a rapidez do agravamento do colapso do sistema de saúde e a falta de assistência que tem impacto em outras formas de morte.

O bispo ressaltou as formas apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar o avanço da pandemia: uso de máscara e limpeza das mãos; distanciamento social com lokcdown em casos mais graves; e vacinação em massa da população.

 

Crise sanitária e crise econômica

A análise apontou que os países mais bem sucedidos no enfrentamento à pandemia superaram a dicotomia entre crise sanitária e crise econômica. “Sem resolver a crise sanitária não haverá superação da crise econômica”, disse. Segundo a análise, as experiências bem sucedidas apontam que é impossível controlar a pandemia sem a manutenção de investimentos públicos e fomento à economia, com renda para as famílias e pequenos negócios, essenciais para a adesão das pessoas às práticas de isolamento social.

O Brasil, segundo o bispo de Carolina (MA), vai na contramão das experiências mais bem sucedidas de combate à Covid-19. “Os indicadores econômicos e a conjuntura política apontam na direção de aprofundamento da crise econômica e sanitária. Fome, miséria e desesperança também matam. E podem matar tantos ou mais do que a Covid-19. A crise social salta aos olhos, em especial nas periferias das grandes cidades”, apontou a análise.

Dois indicadores confirmam a análise: a inflação no mês de fevereiro, medida pelo IPCA – índice que considera as cestas de consumo das famílias brasileiras – subiu a 5,2% em 12 meses e a taxa de desocupação por faixa etária no Brasil. O bispo chamou a atenção para o número que dá conta de que 35 milhões de pessoas, com idade entre 25 e 39 anos, estão sem emprego.

A análise apontou ainda que o Brasil, além de uma série de problemas sociais, tem tido muita dificuldade em temas como a preservação do meio ambiente. Que há, em curso, uma simplificação bilateral da política, o que gera prejuízo à análise; Que o neoliberalismo transforma o cidadão em consumidor; e que está em curso uma decadência da esfera pública e com uma crescente ausência de respeito.

A análise de conjuntura eclesial buscou avaliar a caminhada da Igreja a partir do conceito de “sinodalidade”, buscado pelo Papa Francisco como o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio. Sobre o tema, a equipe de Análise Eclesial da CNBB, coordenada pelo arcebispo de Brasília (DF), dom Paulo Cézar Costa, enviou também previamente um texto de reflexão para servir como subsídio aos bispos.

O membro da Comissão Teológica Internacional da PUC-Rio, monsenhor Antônio Catelan, que também integra a Comissão Episcopal Pastoral para Doutrina da Fé da CNBB, abordou o tema do ponto de vista da história da Igreja, da teologia e do magistério do Papa Francisco.


DOM RICARDO HOEPERS CONVIDA O EPISCOPADO BRASILEIRO A SE UNIR AO PROJETO DE CELEBRAÇÃO DO ANO FAMÍLIA AMORIS LAETITIA
“A família é a Igreja e a Igreja é a família”. Com essa frase, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, encerrou a última parte da plenária da tarde da 58ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, na segunda-feira, 12 de abril.
Dom Ricardo convidou todos os bispos a se unirem ao projeto de evangelização das famílias no ano Família Amoris Laetitia, anunciado pelo Papa Francisco no domingo da Sagrada Família, 27 de dezembro de 2020, e que será realizado de 19 de março de 2021 a 26 de junho de 2022.
Em um vídeo exposto durante a apresentação, o representante do Movimento de Shoenstatt, padre Alexandre Awi Mello, secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida da Santa Sé e conselheiro da Pontifícia Comissão para a América Latina, ressaltou que “esse tempo que assolou os nossos povos e muito concretamente o nosso Brasil, colocou ainda mais em evidência a importância da família”.
É justamente neste contexto que o Papa Francisco repropõe os ensinamentos da Exortação Apostólica Amoris Laetitia, publicada há exatamente cinco anos. Segundo o padre Alexandre, sem a família a Igreja doméstica não se entende e nem se sustenta. 

"Igreja é uma família de famílias. A exortação foi escrita pelo Papa como uma carta de amor às famílias e um instrumento muito prático para ajudá-las a viver o amor familiar no seu dia a dia. Ao propor a celebração do ano Amoris Laetitia, o Santo Padre convida as famílias do mundo inteiro e seus pastores a se encantar novamente com os ensinamentos desse documento e colocá-los em prática”, informou

Segundo ele, o convite é dirigido também aos jovens e se espera um protagonismo das próprias famílias. Para auxiliar as ações, foi lançado um site: www.amorislaetitia.va no qual serão divulgados alguns subsídios e iniciativas que ficarão à disposição das famílias, dos movimentos, paróquias e dioceses de todo o mundo.

“Uma boa notícia é que tudo isso se publicará também em português. Por exemplo, já está à disposição o primeiro de 10 vídeos que serão publicados mensalmente com palavras do Papa e testemunho de famílias sobre cada um dos capítulos de Amoris Laetitia. Os vídeos são acompanhados de subsídios de aprofundamento, textos e perguntas para reflexão em família ou grupos paroquiais. É só baixar do site. Toda a iniciativa a favor da família será muito bem-vinda como resposta ao apelo do Santo Padre”, reforça o padre Alexandre.

O secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida da Santa Sé ainda ressaltou que um dos primeiros frutos desse ano foi a convocação da Jornada Mundial dos Avós e das Pessoas Idosas, a ser celebrada todos os anos no quarto domingo de julho. “Também nessa ocasião publicaremos subsídios que possam ajudar as dioceses a celebrar esse dia”, reforçou ele.
O bispo de Campo Mourão (PR), dom Bruno Elizeu Versari, recorreu ao Documento de Aparecida para lembrar que a Pastoral Familiar deve atuar de forma transversal com as outras pastorais. “Nossa comissão vem fazendo um grande trabalho para colocar em prática aquilo que está nas Diretrizes: palavra, pão, caridade e missão. Nossa expectativa é oferecer às famílias ao menos uma reflexão por mês, um estudo bíblico, de aprofundamento na família da Palavra de Deus”. Para levar ainda à mais pessoas esses subsídios, a Pastoral Familiar passa a oferecer conteúdo para formação de casais também em formato Educação à Distância (EAD).
O bispo de Bacabal (MA), dom Armando Martin, informou que como iniciativas para esse ano estão programados, de 3 a 7 de maio, o Congresso Online “Celebrando 40 anos da Familiaris Consortio e 5 anos da Amoris Laetitia”; e de 9 a 12 de junho, o Fórum sobre a “Amoris Laetitia”, promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Dom Ricardo informou também que a Comissão Vida e Família acolheu a Associação dos médicos católicos com o objetivo de trabalhar em conjunto com a Comissão de Bioética da CNBB e formar casais superadores da vida. Uma das ações será trabalhar para aprovar a consulta pública para instaurar o Dia do Nascituro, que deve ser oficializado no dia 8 de outubro, durante a Semana da Família. Ao final, Dom Ricardo Hoepers ressaltou que tudo relacionado ao Amoris Laetitia “são palavras “de alegria, pois a família é a fonte de espiritualidade. A família é a fonte de nossa espiritualidade e o que poderá tornar nossa Igreja mais dinâmica e mais bonita”.

Saiba Mais sobre o Ano Família Amoris Laetitia
O ano Família Amoris Laetitia foi anunciado pelo Papa Francisco no domingo da Sagrada Família (27 de dezembro de 2020) e será realizado de 19 de março de 2021 a 26 de junho de 2022, quando ocorre o X Encontro Mundial das Famílias, em Roma, com o Santo Padre.
A exortação apostólica Amoris Laetitia, lançada em 2016, é fruto de dois sínodos sobre a família realizados nos anos de 2014 e de 2015. O documento possui nove capítulos que abordam questões sobre a palavra, a realidade, os desafios e a vocação das famílias, o amor no matrimônio, a fecundidade, a educação dos filhos, a espiritualidade, entre outros temas.
Os objetivos do Ano Família Amoris Laetitia anunciado pelo Papa são: difundir o conteúdo da exortação apostólica; anunciar que o sacramento do matrimônio é um dom; fazer da família protagonista da pastoral familiar; sensibilizar os jovens; e, ampliar o olhar e a ação da Pastoral Familiar.
Durante o Ano Família Amoris Laetitia serão aprofundadas discussões sobre a exortação apostólica e como colocá-las em prática nas paróquias e dioceses, além de interagir com as comissões de Educação, Catequese, Juventude, Laicato e Missionária da CNBB, e as pastorais da Pessoa Idosa e da Criança em vista de um trabalho sinodal. Para maio, está prevista a realização de um seminário sobre os 40 anos da exortação apostólica Familiaris Consortio e 5 anos da Amoris Laetitia – questões pastorais, eclesiológicas e morais.

Programação no Brasil

3 a 7 de maio – Congresso On-line
“Celebrando 40 anos da Familiaris Consortio e 5 anos da Amoris Laetitia”

9 a 12 de junho – Fórum sobre a “Amoris Laetitia”
Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida

22 e 23 – 29 e 30 de setembro – Incompreensões relativas à Amoris Laetitia
Sociedade Brasileira de Teologia Moral. 

Lançamento de livro
No dia 19 de março, as Edições CNBB e a Editora Canção Nova lançaram o livro José (Yosef) — Artesão de humanidade – Homem justo, esposo e pai, durante live transmitida pelas redes sociais.

Hotsite preparado pela Comissão Vida e Família da CNBB
A Comissão Vida e Família da CNBB preparou um hotsite sobre o assunto explicando o projeto, os objetivos e trazendo os passos e a programação. Também é possível partilhar sua experiência do amor na família.

“Exortação Apostólica Pós-sinodal Amoris Lætitia do Santo Padre Francisco aos bispos, aos presbíteros, aos diáconos, às pessoas consagradas, aos esposos cristãos e a todos os fiéis leigos sobre o Amor na Família”.

Autor: Assessoria de Imprensa da CNBB - Adaptação: Diácono Giovane Gonçalves
Fonte: https://www.cnbb.org.br/
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