Créditos foto: 10ª Assembleia de Evangelização 2008 - Pe. Marcelo Carlesso
Reflexão de Dom Aloísio Alberto Dilli para a 12ª Assembleia Diocesana de Pastoral
Caros diocesanos.
Estamos às vésperas da nossa 12ª Assembleia Diocesana de Pastoral. Todos sabemos que este é momento decisivo para buscar novos caminhos de evangelização em nossa diocese de Santa Cruz do Sul.
Pelas Assembleias Paroquiais já percebemos o quanto é urgente a desejada conversão pastoral, tão recomendada pelos recentes documentos eclesiais, sobretudo, pela 5ª Conferência Latino-Americana de Aparecida (2007) e as sucessivas Diretrizes da CNBB, i. é, a passagem de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária, que implica uma efetiva Iniciação à Vida Cristã, com as pessoas que não conhecem Jesus Cristo ou foram insuficientemente iniciadas ou que se afastaram pelos mais diversos motivos. Não podemos mais pressupor a fé cristã, mas temos que explicitá-la constantemente, mesmo em ambientes tradicionalmente cristãos (Cf. DG 2015-2019, n. 41). Estamos num tempo em que precisamos ajudar as pessoas a conhecer e a fascinar-se por Jesus Cristo para segui-lo, dando um novo e decisivo rumo à sua vida. Esta experiência deve ser feita e refeita tantas vezes quantas a realidade exigir (Cf. Idem 42-43). Em outras palavras, nossas comunidades precisam estar preparadas para constante anúncio querigmático, ou seja, o primeiro e principal anúncio que, na palavra do Papa Francisco, soa assim: “Jesus Cristo ama-te, deu a sua vida para te salvar, e agora vive contigo todos os dias para te iluminar, fortalecer, libertar’...” (Evangelii Gaudium 164). Sua santidade se refere diretamente ao querigma, normalmente considerado como primeiro anúncio aos que desejam abraçar a vida cristã, e que deve ser aprofundado em toda vida, pois desencadeia um caminho de formação e de amadurecimento (EG 160). Esse processo não pode ser interpretado prioritariamente como doutrinal, mas de resposta e crescimento em relação ao amor de Deus, precedido como dom (EG 161-162). A educação e a catequese estão a serviço desse crescimento.
As comunidades precisam igualmente estar em condições para o anúncio mistagógico, ou seja, levar sempre mais para dentro do mistério, para favorecer o conhecimento e o encantamento que leva ao desejo de encontro sempre mais profundo com Jesus Cristo, dentro da comunidade cristã, missionária por sua natureza (Cf. Idem 44). A mistagogia [do grego: mist (mystes = mistério) + agogia (eagein = conduzir, guiar)] é, portanto, a ação de conduzir, guiar para dentro do mistério (acontecimento da salvação). Mistagogo/a é a pessoa que conduz progressivamente alguém para dentro do mistério. Ao falar-se em iniciação mistagógica, entende-se a necessária progressividade da experiência formativa na comunidade e a valorização dos sinais litúrgicos da iniciação cristã. O Papa Francisco faz ainda referência à centralização do processo catequético na Palavra de Deus, ao ambiente favorável e à motivação atraente, ao uso dos símbolos, à integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta (EG 166).
Esse processo de espírito catecumenal exige envolvimento de toda comunidade: além dos candidatos (interlocutores), ministros (ordenados ou não), liturgistas, introdutores, catequistas, pais, padrinhos, enfim, a comunidade toda, onde os catequizandos são inseridos. Nesse processo a Liturgia e a Catequese precisam dar-se as mãos e caminhar juntas, pois não se trata de transmissão simplesmente doutrinária, mas de um maior conhecimento de Jesus Cristo, com o objetivo de conduzir ao seu encontro e isso precisa acontecer de forma celebrativa, no grupo e na comunidade. Dentro deste contexto já afirmava corajosamente o documento de Puebla (DP 927): “Nenhuma atividade pastoral pode se realizar sem referência à liturgia”. Da mesma forma, exige-se estreita relação entre catequese e bíblia (Leitura Orante), tornando-se esta última o manual, por excelência (Cf. DG 85); e convém lembrar que a melhor catequese litúrgica é a liturgia bem celebrada (Cf. DG 86).
Esta vivência de fé (mistagógica) também não pode apenas acontecer com os candidatos (interlocutores), mas deve envolver todos os participantes do processo, sobretudo os/as catequistas, pois estes/estas não estão simplesmente encenando e muito menos são funcionários/as do sagrado. Como afirma o Papa Francisco, a Igreja cresce, não por proselitismo (propaganda), mas por atração, por testemunho (Cf. EG 14). O catequizando precisa sentir que os seus acompanhantes também estão no processo mistagógico. Por isso as Diretrizes Gerais da CNBB 2015-2019 falam em “perfil de catequista evangelizador, ponte entre o coração que busca descobrir ou redescobrir Jesus Cristo e seu seguimento na comunidade de irmãos, em atitudes coerentes e na missão de colaborar na edificação do Reino de Deus” (Cf. DG 45).
A partir da reflexão precedente, pergunto-me se nossa assembleia também não deveria acontecer dentro deste espírito?! Tenho percebido que a coordenação de pastoral e as comissões que estarão nos orientando no processo da assembleia também refletem assim. Afinal, nós que estaremos presentes, não podemos apenas pensar em orientar os outros, mas devemos entrar no mesmo espírito e então a assembleia se tornará celebrativa, querigmática e mistagógica, que nos reanima e nos conduz progressivamente para dentro do mistério, para o encontro com o Salvador: falaremos menos sobre Jesus Cristo, mas sobretudo com Ele. Desejamos, portanto, a partir da rica caminhada pastoral já realizada e da recente constatação do VER, JULGAR e AGIR, uma Assembleia orante e celebrativa, que continuará seu processo na vida e missão da diocese, também após sua realização.
E assim nós nos daremos conta que Ele é o Caminho, se desejamos encontrar novos caminhos de evangelização em nossa diocese. Só podemos evangelizar se tivermos feito essa experiência de encontro: “Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp 29). Caso contrário, possivelmente ficaremos na teoria, na doutrina, orientando os outros quais funcionários do sagrado.
Em sintonia com a 12ª Assembleia Diocesana, a realizar-se dia 14 e 15 de novembro próximo, em Santa Cruz do Sul, as 52 Paróquias e suas comunidades, as pastorais e serviços, os movimentos e associações e demais forças vivas são convidadas para rezar pelo bom êxito do encontro que indicará a direção da caminhada diocesana nos próximos anos:
ORAÇÃO PARA A ASSEMBLEIA
Senhor, nosso Deus e Pai misericordioso!
Irmanados em Assembleia Diocesana de Pastoral e em comunhão com vosso Filho Jesus – caminho, verdade e vida – buscamos novos caminhos para a evangelização em nossa Diocese de Santa Cruz do Sul.
Com alegria e gratidão, nós aceitamos esta missão, pois “conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria” (DAp. 29).
Que o exemplo do teu Filho Jesus nos fortaleça e o Espírito Santo nos ilumine neste tempo de realização da Assembleia e da elaboração do novo Plano Diocesano de Pastoral.
A intercessão de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe, e de São João Batista nos acompanhe sempre. Amém.
Autor: Dom Aloísio Alberto Dilli , Bispo de Santa Cruz do Sul