Créditos foto: CNBB
No dia 02 de março, junto com o início da quaresma, a Igreja no Brasil lança a 58ª Campanha da Fraternidade. Pela terceira vez o tema será “Fraternidade e Educação”. O lema – “Fala com sabedoria, ensina com amor” - é tirado do Livro dos Provérbios (31,26). O desafio é difundir a cultura da Paz. O texto bíblico usado como referência é Jo 8,1-11, quando os fariseus apresentam a Jesus uma mulher flagrada em adultério. A Lei de Moisés dizia que, ao serem apanhados em adultério, homem e mulher deviam ser punidos com a morte por apedrejamento (Dt 22,22). Os fariseus, porém, só apresentaram a Jesus a mulher, “para que ele esquecesse seu ensinamento de amor e caridade” e fizesse prevalecer a rigidez no cumprimento da lei, confirmando que é ela quem salva (Texto Base da CF, n. 11). A sequência da história é conhecida, destacando-se o fato de Jesus dar a palavra à mulher, o que os fariseus não lhe permitiram. ”Uma pessoa se torna sujeito na medida em que pode dialogar com outras, percebendo que é levada a sério, que é escutada e amada” (n. 22).
1º) Escutar
O primeiro passo para uma educação libertadora é ESCUTAR. “Escutar é mais que ouvir. Escutar está na linha da comunicação, ouvir na linha da informação” (n. 26). Para falar com sabedoria e ensinar com amor é necessário partir da escuta “com o ouvido e com o coração” e assim “perceber a vontade de Deus e os caminhos que podemos escolher” (n. 29). Nesse sentido, a pandemia do novo coronavírus nos ensina a não absorvermos todas as informações, mas separarmos as informações falsas das verdadeiras, as opiniões das certezas. “Aprender lições com a vida é imperativo para todos os educadores: pais, professores, lideranças comunitárias e religiosas” (n. 34). Por isso, devemos nos perguntar: “O que aprendemos de nós mesmos com a pandemia da Covid-19? O que ela revela de nós, de nossa humanidade? O que desejamos reafirmar do que percebemos e o que precisamos modificar?”
Durante a pandemia ouvimos muitas coisas e tivemos muitas informações. “Ampliar as informações é uma condição, mas não uma garantia da construção de uma sociedade com mais conhecimento” (n. 45). Da mesma forma, “o conhecimento ajuda, mas não garante uma postura de sabedoria diante da vida” (n. 47).
A pandemia nos fez ver mais claramente que somos necessitados uns dos outros. Se queremos acabar com ela precisamos nos unir e seguir as orientações da saúde. “Ou nos salvamos em conjunto ou juntos vamos perecer”. Por isso, “é preciso educar para viver em comunhão. Educar para conceber a democracia como um estado de participação. Educar como ação esperançosa na capacidade de aprender do humano e de estabelecer relações mais fraternas em sociedade e com a natureza” (n. 57).
A educação é, em primeiro lugar, tarefa dos pais e da família. Sem a cooperação da sociedade, porém, eles não vão conseguir cumprir esta tarefa. “Uma aldeia inteira tem a capacidade de educar. E esta aldeia é formada por uma imensa rede social, que tem abrangência global e plasma um novo jeito de viver” (n. 60). A aldeia engloba as famílias, a escola, as artes, a literatura, os meios de Comunicação Social, a internet. “A instituição escolar tem um papel insubstituível. É um lugar onde, de modo sistêmico, articulado e especializado, se faz a educação formal e se capacita para a cidadania, o trabalho e as complexas relações sociais” (69).
Para que a educação tenha êxito, “é preciso garantir a perspectiva de que tudo está interligado e que somos chamados – Igreja, governos e sociedade – a unirmos ideias, agendas e ações propositivas em prol de uma visão que tem como foco uma educação para a formação humana integral, fraterna, empática e solidária” (n. 130).
1º) Escutar
O primeiro passo para uma educação libertadora é ESCUTAR. “Escutar é mais que ouvir. Escutar está na linha da comunicação, ouvir na linha da informação” (n. 26). Para falar com sabedoria e ensinar com amor é necessário partir da escuta “com o ouvido e com o coração” e assim “perceber a vontade de Deus e os caminhos que podemos escolher” (n. 29). Nesse sentido, a pandemia do novo coronavírus nos ensina a não absorvermos todas as informações, mas separarmos as informações falsas das verdadeiras, as opiniões das certezas. “Aprender lições com a vida é imperativo para todos os educadores: pais, professores, lideranças comunitárias e religiosas” (n. 34). Por isso, devemos nos perguntar: “O que aprendemos de nós mesmos com a pandemia da Covid-19? O que ela revela de nós, de nossa humanidade? O que desejamos reafirmar do que percebemos e o que precisamos modificar?”
Durante a pandemia ouvimos muitas coisas e tivemos muitas informações. “Ampliar as informações é uma condição, mas não uma garantia da construção de uma sociedade com mais conhecimento” (n. 45). Da mesma forma, “o conhecimento ajuda, mas não garante uma postura de sabedoria diante da vida” (n. 47).
A pandemia nos fez ver mais claramente que somos necessitados uns dos outros. Se queremos acabar com ela precisamos nos unir e seguir as orientações da saúde. “Ou nos salvamos em conjunto ou juntos vamos perecer”. Por isso, “é preciso educar para viver em comunhão. Educar para conceber a democracia como um estado de participação. Educar como ação esperançosa na capacidade de aprender do humano e de estabelecer relações mais fraternas em sociedade e com a natureza” (n. 57).
A educação é, em primeiro lugar, tarefa dos pais e da família. Sem a cooperação da sociedade, porém, eles não vão conseguir cumprir esta tarefa. “Uma aldeia inteira tem a capacidade de educar. E esta aldeia é formada por uma imensa rede social, que tem abrangência global e plasma um novo jeito de viver” (n. 60). A aldeia engloba as famílias, a escola, as artes, a literatura, os meios de Comunicação Social, a internet. “A instituição escolar tem um papel insubstituível. É um lugar onde, de modo sistêmico, articulado e especializado, se faz a educação formal e se capacita para a cidadania, o trabalho e as complexas relações sociais” (69).
Para que a educação tenha êxito, “é preciso garantir a perspectiva de que tudo está interligado e que somos chamados – Igreja, governos e sociedade – a unirmos ideias, agendas e ações propositivas em prol de uma visão que tem como foco uma educação para a formação humana integral, fraterna, empática e solidária” (n. 130).
2º) Discernir
Entre a escuta e a ação, urge a prática do discernimento. “Todos os dias as pessoas são chamadas a tomar pequenas decisões. Essas são, geralmente, adotadas à luz de valores assimilados desde a educação familiar e aperfeiçoados na vida adulta” (n. 14). Além disso, os cristãos são chamados a discernir à luz da fé e da tradição cristã. “Ao escutar as acusações contra a mulher pecadora (Jo 8,1-11), o Mestre toma a palavra e faz valer a misericórdia e o perdão como caminho novo para aquela mulher continuar a viver resgatada da força do amor, da compreensão e da Boa-Nova do Reino” (n. 139).
Jesus ensina na montanha, na beira do lago, em casa, na beira do poço, no caminho. “Ele não ensina apenas com palavras. Seu ensinamento é também relacional, se dá pela proximidade e desperta o discernimento em seus interlocutores” (n. 150). Com sua pedagogia, ele “liberta as diversas categorias de cativos: pecadores, cobradores de impostos, pobres, possuídos pelos demônios, doentes, samaritanos e gentios” (n. 152).
A Igreja, “ao longo dos séculos proporcionou vários ambientes e experiências formativas conectadas aos conventos e igrejas com o intuito de formar os jovens capazes de promover o diálogo entre fé e razão” (n. 163). Por ter como objetivo tornar a pessoa mais humana, a educação, no entender da Igreja, “só pode realizar-se autenticamente em um contexto relacional e comunitário” (n. 167).
“A educação cristã parte da visão positiva e integral do ser humano como ser responsável por si mesmo e pelo mundo como ser livre, aberto à transcendência e culturalmente situado, marcado pela contradição do pecado, mas orientado a vencê-lo e, eticamente conduzido para a justiça e a fraternidade” (n. 170). O objetivo é formar a pessoa humana em todas as suas dimensões. “Insiste no compromisso de educar ao humanismo solidário” e se preocupa “em formar cidadãos capazes de exercitar o diálogo em ambientes cada vez mais multiculturais” (n. 176).
No Pacto Educativo Global, o Papa Francisco propõe colocar no centro de cada processo educativo a pessoa; ouvir a voz dos educandos; favorecer a plena participação dos educandos na instrução; ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; educar para o acolhimento; guardar e cultivar a nossa casa comum (n. 190). Precisamos educar para o diálogo, para o belo, o bom e o verdadeiro.
3. Agir
“Educar com sabedoria e amor é estimular o cuidado pela vida desde a concepção, passando pelo fim natural, até a eternidade” (n.221). Uma educação humanizada, “não pede simplesmente ao professor para ensinar e ao aluno para aprender, mas exorta cada um a viver, estudar e agir de acordo com as premissas do humanismo solidário” (n. 226).
A educação deve ajudar o educando a criar um projeto de vida “despertado pelos valores da fé e pelo compromisso com o bem comum” que terá incidência na transformação da sociedade (n. 228).
Entre as várias ações práticas apresentadas pelo Texto Base da Campanha da Fraternidade, destacamos:
Promover grupos de estudo e debate do Pacto Educativo Global.
Promover ambientes de escuta, diálogo e formação com os professores de Ensino Religioso.
Promover ações da educação na fé nas atividades de iniciação cristã e formação continuada, revendo metodologias a partir das propostas de formação integral.
Promover espaços de partilha e aprofundamento sobre a missão educativa da família.
Alimentar uma rede na internet sobre a educação cristã.
Promover iniciativas educativas e pastorais na área da Ecologia Integral.
Proporcionar formação de educadores populares nas comunidades eclesiais.
Promover Escolas de Fé e Cidadania à luz da Doutrina Social da Igreja.
Autor: Pe. Roque Hammes. Equipe de Formação da DioceseEntre a escuta e a ação, urge a prática do discernimento. “Todos os dias as pessoas são chamadas a tomar pequenas decisões. Essas são, geralmente, adotadas à luz de valores assimilados desde a educação familiar e aperfeiçoados na vida adulta” (n. 14). Além disso, os cristãos são chamados a discernir à luz da fé e da tradição cristã. “Ao escutar as acusações contra a mulher pecadora (Jo 8,1-11), o Mestre toma a palavra e faz valer a misericórdia e o perdão como caminho novo para aquela mulher continuar a viver resgatada da força do amor, da compreensão e da Boa-Nova do Reino” (n. 139).
Jesus ensina na montanha, na beira do lago, em casa, na beira do poço, no caminho. “Ele não ensina apenas com palavras. Seu ensinamento é também relacional, se dá pela proximidade e desperta o discernimento em seus interlocutores” (n. 150). Com sua pedagogia, ele “liberta as diversas categorias de cativos: pecadores, cobradores de impostos, pobres, possuídos pelos demônios, doentes, samaritanos e gentios” (n. 152).
A Igreja, “ao longo dos séculos proporcionou vários ambientes e experiências formativas conectadas aos conventos e igrejas com o intuito de formar os jovens capazes de promover o diálogo entre fé e razão” (n. 163). Por ter como objetivo tornar a pessoa mais humana, a educação, no entender da Igreja, “só pode realizar-se autenticamente em um contexto relacional e comunitário” (n. 167).
“A educação cristã parte da visão positiva e integral do ser humano como ser responsável por si mesmo e pelo mundo como ser livre, aberto à transcendência e culturalmente situado, marcado pela contradição do pecado, mas orientado a vencê-lo e, eticamente conduzido para a justiça e a fraternidade” (n. 170). O objetivo é formar a pessoa humana em todas as suas dimensões. “Insiste no compromisso de educar ao humanismo solidário” e se preocupa “em formar cidadãos capazes de exercitar o diálogo em ambientes cada vez mais multiculturais” (n. 176).
No Pacto Educativo Global, o Papa Francisco propõe colocar no centro de cada processo educativo a pessoa; ouvir a voz dos educandos; favorecer a plena participação dos educandos na instrução; ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; educar para o acolhimento; guardar e cultivar a nossa casa comum (n. 190). Precisamos educar para o diálogo, para o belo, o bom e o verdadeiro.
3. Agir
“Educar com sabedoria e amor é estimular o cuidado pela vida desde a concepção, passando pelo fim natural, até a eternidade” (n.221). Uma educação humanizada, “não pede simplesmente ao professor para ensinar e ao aluno para aprender, mas exorta cada um a viver, estudar e agir de acordo com as premissas do humanismo solidário” (n. 226).
A educação deve ajudar o educando a criar um projeto de vida “despertado pelos valores da fé e pelo compromisso com o bem comum” que terá incidência na transformação da sociedade (n. 228).
Entre as várias ações práticas apresentadas pelo Texto Base da Campanha da Fraternidade, destacamos:
Promover grupos de estudo e debate do Pacto Educativo Global.
Promover ambientes de escuta, diálogo e formação com os professores de Ensino Religioso.
Promover ações da educação na fé nas atividades de iniciação cristã e formação continuada, revendo metodologias a partir das propostas de formação integral.
Promover espaços de partilha e aprofundamento sobre a missão educativa da família.
Alimentar uma rede na internet sobre a educação cristã.
Promover iniciativas educativas e pastorais na área da Ecologia Integral.
Proporcionar formação de educadores populares nas comunidades eclesiais.
Promover Escolas de Fé e Cidadania à luz da Doutrina Social da Igreja.