Créditos foto: Foto Guarujá
Em agosto, a Igreja no Brasil lança um olhar
carinhoso para os seus colaboradores.
Olha para os pais que educam os filhos na
fé;
- os cristãos leigos e leigas que
testemunham a sua fé em meio às realidades terrestres;
As religiosas e os religiosos consagrados que
se unem em comunidades para viverem os valores do Evangelho;
Os diáconos, padres e bispos que,
comprometidos com a prática da caridade e inspirados em Jesus Cristo, o Bom
Pastor, se dedicam ao anúncio da Palavra de Deus e à celebração dos mistérios
da fé.
Cada um, a partir do chamado recebido de
Deus, coloca, na liberdade, os seus dons a serviço do Reino de Deus.
Cristãos leigos e leigas: sal da terra e luz do mundo
A vocação
fundamental de todos os cristãos tem sua origem no Batismo, que é a “porta de
entrada para a Igreja”. Por ele, “somos enviados por Jesus Cristo para ser seus
seguidores, discípulos responsáveis, evangelizadores conscientes, samaritanos
ativos, cristãos misericordiosos, vivendo em comunidades missionárias,
cultivando o projeto do Reino de Deus e dando testemunho do Senhor Ressuscitado”
(Cartilha: Sacramentos na vida dos cristãos, p. 5).
O chamado
primordial para os cristãos leigos e leigas, advindo do batismo, é o de “serem
sal da terra e luz do mundo” através do seu testemunho de vida. Eles “procuram
o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus. Lá são
chamados por Deus para que, exercendo seu próprio ofício, guiados pelo espírito
evangélico, a modo de fermento, de dentro, contribuam para a santificação do
mundo” (LG, n. 31). Em sua recente Exortação Apostólica – Gaudete et Exsultate – o Papa Francisco diz que “todos são chamados
a ser santos”. E exemplifica: “Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu
marido ou da tua esposa, como Cristo faz com a Igreja. És um trabalhador? Sê
santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos
irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as
crianças a seguirem Jesus” (GE, n. 14). A CNBB diz que os leigos “se santificam
nos altares do seu trabalho: a vassoura, o martelo, o volante, o bisturi, a
enxada, o fogão, o computador, o trator” (Doc. 105, n. 35).
Além de
serem testemunhas de Cristo com o seu exemplo de vida, fazendo “aquilo que
Jesus disse no sermão das bem-aventuranças” (EG, 63), os cristãos leigos e
leigas também podem ser chamados a “uma ação reconhecida e organizada na forma
de serviços, pastorais, ministérios e outros grupos organizados pela própria
Igreja” (Estudos CNBB 107, n. 170). Entre os serviços pastorais destacam-se:
catequese, liturgia, ministros da palavra e da comunhão, animação das pastorais
sociais e da pastoral juvenil.
Família: Espaço para viver a vocação leiga
Um dos
espaços privilegiados onde os cristãos leigos e leigas vivenciam a sua vocação,
é a família. Por isso, a Igreja Católica no Brasil, dentro do mês das vocações,
dedica uma semana à reflexão e oração sobre a família. Assim, nos dias 12 a 18
de agosto, acontece a Semana Nacional da Família.
Em
sintonia com o IX Encontro Mundial das Famílias a se realizar na Irlanda nos
dias 21 a 26 de agosto, foi escolhido o tema: “O Evangelho da Família, alegria
para o mundo”. A frase motivadora é do Papa Francisco: “Sinta-se chamado a
cuidar com amor da vida das famílias, porque elas não são um problema, são
sobretudo uma oportunidade”.
A Pastoral
Familiar da Diocese de Santa Cruz do Sul preparou um rico material que está
servindo de subsídio para toda as dioceses do Rio Grande do Sul e que está
sendo amplamente distribuído em todas as paróquias da Diocese. Uma das
propostas concretas é a instalação do “cantinho de Deus” nas cassas, onde deve
estar a cruz de Cristo, a Palavra de Deus e uma galheta com água benta. Dom
Aloísio escreveu uma bela oração que acompanha o material.
É
importante destacar que, apesar de todos os problemas que afetam as famílias,
elas continuam a ser o privilegiado berço de onde desabrocham todas as vocações.
Consagrados: viver na radicalidade os valores do Evangelho
Ao
celebrar 50 anos de vida religiosa no dia 08 de abril, Nelci Zwirtes da
congregação das Irmãs da Divina Providência, testemunhou: “Celebrar o jubileu é
uma oportunidade para abraçar com esperança o futuro, lançar-me confiante nos
braços de Deus Providência, recomeçar e, se necessário, traçar novos projetos,
vislumbrar horizontes mais humanizados”.
Por
ocasião do 32º Dia Mundial da Vida Consagrada, no dia 02 de fevereiro passado,
o Papa Francisco recordou a importância que têm, para a Igreja, os consagrados
e consagradas que vivem na contracorrente do mundo que “rejeita a pobreza, a
castidade e a obediência”. Destacou a importância de se recordar o início da
vocação, onde aconteceu um encontro com Deus, com a Igreja e com pessoas
concretas. “A vida consagrada nasce e renasce do encontro com Jesus assim como
é: pobre, casto e obediente. De um lado está a iniciativa amorosa de Deus que
chama e, de outro lado, a resposta da pessoa que é movida pelo amor”. “Enquanto
a vida do mundo procura acumular, a vida consagrada deixa as riquezas que
passam, para abraçar Aquele que permanece. Enquanto a vida do mundo deixa
vazias as mãos e o coração, a vida segundo Jesus enche de paz até o fim”.
Na Diocese
de Santa Cruz do Sul contamos com a presença de 15 congregações religiosas,
sendo que quatro são masculinas e onze femininas. Além de viverem em comunidade
e manterem seus horários de oração, os consagrados e as consagradas atuam em várias
frentes: pastoral paroquial, colégios, hospitais, asilos, casas geriátricas,
creches, casas de criança, aconselhamento espiritual, encontros de formação e
atividades de saúde.
Configurados a Cristo, o Bom Pastor, pela ordenação
Preocupados
com a falta de vocações ao sacerdócio, os bispos do Rio Grande do Sul, em
sintonia com os bispos do Paraná e de Santa Catarina, lançaram a ação
evangelizadora “Cada comunidade uma nova vocação”. A proposta é a de motivar as
comunidades a rezarem pelas vocações, comprometendo-se a apoiar os eventuais
candidatos ao sacerdócio.
Quando
falamos de vocação sacerdotal, normalmente entendemos a vocação presbiteral. Nos
últimos anos, porém, começou a ganhar destaque também a vocação ao diaconado e
ao episcopado. Assim alguém pode ser chamado por Deus para ser um “Diácono
Permanente” recebendo a ordenação ao ministério sacerdotal “em primeiro grau”.
Sempre
mais, nossas comunidades devem se abrir a esta vocação, possibilitando aos
chamados que tem disposição em dar a sua resposta positiva, a que encontrem
ambiente favorável ao discernimento e realização da vocação.
A
necessidade de incrementar a vocação ao presbitério é algo indiscutível no
atual momento da Igreja. Na Diocese de Santa Cruz do Sul, a média de idade dos
padres beira nos 65 anos. Para os próximos anos supõe-se o afastamento de vários
padres por questões de saúde e avanço de idade. No Seminário Maior em Viamão
temos cinco candidatos e no Seminário Propedêutico temos quatro candidatos.
Isso significa que, na melhor das hipóteses, em 10 anos poderemos ter a
ordenação presbiteral de nove padres. E todos sabemos que “sem presbítero não
há eucaristia”, “sacramento da confissão” e nem “sacramento da unção dos
enfermos”.
O primeiro grau da ordenação é reservado aos Bispos, considerados os “sucessores dos
apóstolos”. Escolhidos entre os presbíteros, os bispos recebem o tríplice múnus
de ensinar, santificar e governar. Para realizar esta missão, eles contam com o
auxílio dos presbíteros e diáconos, “presidindo no lugar de Deus o rebanho do
qual são pastores, como mestres da doutrina, sacerdotes do sagrado culto e
ministros do governo” (LG, n. 278). Dos quatro bispos escolhidos entre os
padres da Diocese de Santa Cruz do Sul nos 59 anos de Diocese, três são bispos
eméritos (Dom Paulo De Conto, Dom Gentil Delazari e Dom Gílio Felício) e apenas
um, Dom Canísio Klaus, segue no governo de uma Diocese (Sinop, MT). Temos
várias dioceses sem bispo, e precisamos rezar por esta vocação.
Autor: Pe. Roque Hammes