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Palavra do Bispo Diocesano na abertura da 13ª Assembleia Diocesana de Pastoral

Créditos foto: PASCOM/Diocese de Santa Cruz do Sul

Assembleia Diocesana: Tivemos, ontem à noite, a abertura da 13ª Assembleia Diocesana, com muitos problemas técnicos de comunicação. A fala de abertura do bispo está aqui na íntegra.

ABERTURA DA 13ª ASSEMBLEIA DIOCESANA
(Santa Cruz do Sul, 23/11/2021)
Queridas irmãs e estimados irmãos, mesmo encontrando-nos reunidos de forma virtual, estamos em Assembleia Diocesana. E esta é real. E assim saúdo a todas/todos com votos de Paz e Bem.
Desde seus primórdios, os seguidores de Jesus Cristo se identificam como cristãos e cristãs que se reúnem em Assembleia ou em Igreja (no grego: Ekklesia), formando um conjunto de fiéis, ligados pela mesma fé. A vida em comunidade faz parte essencial do ser cristão. O Documento de Aparecida lembra: “Não pode existir vida cristã fora da comunidade” (DAp 278) e conclui: “Não há discipulado sem comunhão” (DAp 156).
A partir do Concílio Ecumênico Vaticano II, seguidamente encontramos a palavra colegialidade ou a expressão colégio episcopal, como forma de comunhão exercida pelos bispos, unidos ao Papa. Esse espírito foi perpassando também outras instâncias eclesiais pela comunhão e participação de todos os fiéis na vida e missão da Igreja (cf. Puebla - 1979). Em tempos mais recentes, sobretudo a partir do Papa Francisco, surge com toda força a palavra sinodalidade. Afirma o pontífice: “O caminho da sinodalidade é precisamente o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio” (17/10/2015).
Synodos”, em grego, significa, “caminhar juntos” ou “fazer o caminho juntos”. O caráter sinodal pertence à própria natureza da Igreja; como seu modo de ser e de viver. Para uma justa compreensão da sinodalidade, é importante retomar a eclesiologia do Concílio Vaticano II que apresenta a Igreja como sinal e instrumento de comunhão. Uma Igreja - “Povo de Deus”, na qual há diversidade de vocações e ministérios, mas igualdade quanto à dignidade e ação comum a todos os fiéis na edificação do Corpo de Cristo (cf. LG 32). A sinodalidade é inerente à graça do Batismo, mediante o qual todos os fiéis foram introduzidos na comunhão da Trindade. Sinodalidade significa, pois, “fazer o caminho juntos”, como leigos, pastores, consagrados, todos e todas. É a forma específica de viver e de trabalhar da Igreja Povo de Deus e sua metodologia de discernimento, baseada no diálogo e na reflexão, à luz do Espírito Santo. Uma Igreja sinodal é dialógica; ela valoriza a escuta e o diálogo entre todos os seus membros, porque considera que todo o povo de Deus é protagonista da missão evangelizadora. Este é o modo de ser e operar da Igreja que realiza o ser comunhão no caminhar juntos, em assembleia, e no participar ativamente de todos/as na sua missão evangelizadora. Dentro deste contexto, citamos São João Crisóstomo (séc. V): “Igreja e Sínodo são sinônimos” (Documento Preparatório do Sínodo 2023, n. 11). 
 O longo e sofrido tempo da pandemia nos mostrou que ninguém de nós se salva sozinho, pois estamos todos no mesmo barco e precisamos uns dos outros (cf. FT, n. 32). No momento presente, sentimos especial necessidade do espírito da comunhão diante de tantas polarizações, intolerâncias, ódios, até dentro da Igreja, que nos destroem e nos afastam uns dos outros. Como lembra seguidamente o Papa Francisco, é preciso construir pontes que nos aproximam e não muros de separação (cf. FT 276). Por isso, seja a nossa assembleia diocesana um momento, sobretudo de diálogo, de comunhão e de participação, a fim de reanimar-nos na missão que Deus nos confiou. Esse é o primeiro sinal do espírito sinodal e o primeiro testemunho missionário a ser dado ao mundo. Neste sentido, o Papa Francisco faz veemente apelo: “Aos cristãos de todas as comunidades do mundo, quero pedir-lhes de modo especial um testemunho de comunhão fraterna” (EG 99). A comunhão e o espírito missionário constituem-se no primeiro e decisivo testemunho a ser dado por todos nós para esperançar neste difícil momento da história. Somos desafiados a ir, em espírito de comunhão, ao encontro de todos, sobretudo dos mais necessitados, cuja vida precisa ser dignificada, conforme o mandamento do Senhor.
Caros diocesanos e diocesanas. Estamos em assembleia: a fase preparatória já aconteceu; agora iniciamos o tempo de discernimento e das decisões para o futuro. Estamos para orientar o caminho pastoral a ser percorrido nos próximos anos, em nossa Igreja Particular. Sempre na senda da tradição da Igreja, sobretudo do Concílio Ecumênico Vaticano II e, mais recentemente, fiéis às orientações do Papa Francisco, da CNBB, pois não somos uma Igreja isolada, paralela, de pequenos grupos fechados e autorreferenciais. 
Seguindo a sábia orientação da Igreja através dos tempos: “Ekklesia semper reformanda” (A Igreja precisa sempre reformar-se) e iluminados pelo Espírito e seu santo modo de operar, nós desejamos interpretar os sinais dos tempos e, à luz do Evangelho, responder com criatividade e ousadia aos desafios que o presente momento da história nos propõe. Deverá ser uma profunda experiência de comunhão e participação, tendo em vista a missão que Deus nos confia na Diocese de Santa Cruz do Sul: “Caminhar juntos é o que mais implementa e manifesta a natureza da Igreja como Povo de Deus peregrino e missionário” (Documento Preparatório do Sínodo 2023, n. 1). 
 Para este caminhar juntos ou fazer o caminho juntos na comunhão, na participação e na missão nós precisamos da presença e da ação do Espírito Santo que ilumina e vivifica. É o mesmo Espírito que atuou na vida e missão de Jesus, dos Apóstolos, de Maria e de todos os discípulos e discípulas através da história. Agora chegou a nossa vez, o nosso tempo, na realidade de nossa diocese. Não percamos esta ocasião para o testemunho profético. Por isso rezemos: “Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis, com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo Nosso Senhor”. Amém.

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul

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