A Quaresma que inicia na Quarta-feira de Cinzas (1 de março) convoca os cristãos à conversão, mudança de vida, cultivando mais profundamente o seguimento a Jesus Cristo. Quaresma é um tempo litúrgico que nos convida a viver intensamente a conversão através da oração, do jejum e da esmola. Este tempo nos sensibiliza a refletirmos o sofrimento de Cristo, o Senhor da vida, e a de nossos irmãos e irmãs. A Igreja nos propõe também a Campanha da Fraternidade como uma proposta evangelizadora voltada para a conversão pessoal e comunitária em preparação para a Páscoa.
Com o tema ‘Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida’ e o lema ‘Cultivar e guardar a criação’ a Campanha de 2017, sublinha a urgência do despertar de cada pessoa, para uma consciência coletiva ambiental e uma conversão pessoal e comunitária.
Ampliando e motivando uma tomada de conscientização sobre as ações direcionadas ao meio ambiente, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) traz a reflexão sobre os biomas brasileiros (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal) na Campanha da Fraternidade desse ano. Bioma quer dizer a vida que se manifesta em um conjunto semelhante de vegetação, água, superfície e animais. Os biomas têm a ver com a “Vida” que, como cristãos e cristãs, somos chamados/as a defender. Morrendo os biomas, morreremos com eles.
O grande desafio da Campanha da Fraternidade 2017, como em todos os anos, é a formação da consciência de modo que as pessoas contemplem o meio ambiente de uma forma mais cristã. O livro de Génesis que fala da criação do mundo (Gn 2,15-16) dá o exemplo do limite colocado por Deus ao proibir o homem de comer o fruto da árvore, pois o ser humano não é capaz de perceber se as suas ações são boas ou ruins, precisando da luz de Deus. Como base nisso, a Igreja vê a necessidade de refletir cada vez mais a importância do pensamento coletivo, de uma responsabilidade assumida verdadeiramente com respeito ao próximo e à natureza, como princípios de um bom cristão.
Para contribuir na formação das pessoas e incentivar ações que favoreçam o meio ambiente e as gerações futuras, a CNBB preparou uma série de atividades como via-sacra, círculo bíblico, temas para reflexões em família e celebração penitencial. A pergunta que deveria nortear as atitudes de cada pessoa: Qual o mundo ou qual o ambiente que entregaremos para as gerações futuras? Até quando o ser humano vai tratar a natureza simplesmente como objeto de lucro…?
O agir da Campanha da Fraternidade está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja. Alguns gestos concretos podem motivar políticas públicas a criar ações que promovam o saneamento básico e um meio ambiente sustentável como incentivar projetos de lei que proíbam, por exemplo, o uso de agrotóxicos; cobrar dos políticos atenção aos malefícios que as queimadas e a poluição provocam; incentivar a participação dos leigos e leigas nos Conselhos Paritários, como o Conselho Municipal do Meio Ambiente. Despertar para a beleza dos biomas e a necessidade do cuidado. Aprofundar os estudos, promover debates, seminários, celebrações, romarias, nas escolas públicas e privadas sobre o tema da CF. Viver a experiência de uma espiritualidade franciscana, de modo que se torne uma atitude comum e concreta para a vida. São Francisco, o grande defensor do meio ambiente, nos ensina que a natureza não pode ser manipulada muito menos tratada como objeto de lucro, pelo contrário, a natureza é a nossa irmã e o bioma faz parte do nosso relacionamento fraterno.