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No dia 11 de agosto comemoramos o Dia do Estudante. Considero-me incluído nas homenagens porque, nos anos em que fui aluno regular, aprendi que a gente nunca pode deixar de ser estudante. E eu, graças a Deus, assimilei a lição, pela qual sou eternamente grato aos meus professores. Continuo lendo, pesquisando e estudando, ciente de que, no dia em que eu deixar de fazê-lo, perderei o “trem da vida” e me transformarei num “velho ranzina”. Serei, então, mais alguém aferrado às certezas dogmáticas do passado a proferir discursos autoritários e sem paciência para dialogar com os diferentes.
Diferentemente de anos idos, hoje, não posso mais me apresentar como “estudante”, porque tenho uma profissão e o estudo já não é a minha atividade principal. Mas, continuo sendo, também, “estudante”. Aliás, uma das coisas que, na minha concepção, deveria mudar são as solenidades de formatura. Em muitas delas acentua-se, por demais, a idéia de que “agora estamos formados”. Para alguns, isso significa que “podemos dar adeus aos livros e às salas de aula”. Por uma feliz obra do destino, tive a graça de concluir todos os meus estudos sem passar por nenhuma “solenidade de formatura”. Talvez seja por isso que não me passa pela cabeça a idéia de estar “formado”.
Tive bons professores na vida a quem sempre devotei muito respeito. Agora me surgiu a oportunidade de chamar alguém de “profe”.
Sim! Porque nos anos em que eu era aluno, seja isso do ensino fundamental, médio, superior ou de pós-graduação, nunca me foi permitido chamar a professora ou o professor de “profe”. Agora sim, em minhas caminhadas orientadas pela Unimed nas sextas-feiras de manhã, está me sendo propiciada a oportunidade de designar a orientadora de “Profe”. Um dia é a “Profe Tati”, noutro é a “Profe Carol” e noutro é a “Profe Débora”. Para ficar mais fácil, a gente chama, simplesmente, de “Profe”.
Aliás, fico admirado do grande número de crianças e adolescentes que não sabem o nome da professora. Só sabem que é “profe”. As criancinhas a chamam, carinhosamente, de “minha profe”. Assim como também tem muitas pessoas das comunidades religiosas que não sabem o nome da sua “catequista”, do seu “padre” ou do seu “pastor”. Sabem que é “padre”, e ponto. Pessoalmente, vejo nisso um sinal de distanciamento, porque eu sempre gostei do meu nome e fico feliz quando alguém me chama com o nome que recebi no batismo: “Roque”. Mas, também reconheço que, na boca das criancinhas, a palavra “profe” tem, muitas vezes, uma grande carga afetiva.
Admiro os alunos que são, verdadeiramente, “estudantes”. Conheço alguns (algumas) que, mais do que fazer o tema de casa, fazem longas pesquisas na internet, acompanham programas formativos na televisão, observam os ritmos da natureza, fazem observações científicas, participam de trabalhos voluntários, estudam outros idiomas, realizam intercâmbios com outras culturas, dialogam com os antepassados em busca do resgate da história e se ocupam com a leitura de bons livros. Tenho certeza de que estes e estas, a continuarem assim, serão aquelas pessoas que, no futuro, farão a diferença. Lamento que, muitas vezes, o sistema educacional não consiga acompanhar o ritmo destes estudantes, trancando-os na camisa de força das salas de aula ou das disciplinas curriculares.
Faço votos de que as comemorações do dia 11 de agosto ajudem a resgatar o verdadeiro sentido do “ser estudante”. Que os alunos e as alunas dos diversos níveis de educação se animem a buscar mais do que lhes é pedido em sala de aula. E que nós, os outros que já não mais sentamos nos bancos escolares, continuemos a ser eternos aprendizes, isto é, “eternos estudantes”.
Autor: Roque Hammes / roque.hammes@hotmail.com