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“Unidos a Cristo na sua consagração ao Pai, nós não cessamos de procurar o seu rosto: desejamos permanecer com Ele, haurir por meio dele, como a samaritana do evangelho, da fonte da água viva, para saciar nossa sede de sua presença. É participando da sua missão que nos sentimos arrebatados pela compaixão, ao ouvir o brado dos pobres que pedem justiça e solidariedade, como fez o bom samaritano da parábola. Essas duas forças são como uma síntese satisfatória entre a vida espiritual e a ação apostólica . Pensando nessa mesma unidade entre a samaritana e o bom samaritano, essas duas forças propostas têm, certamente, vínculos profundos, porque realçando ligações concentram a atenção em Jesus Cristo. Aquele que está sentando á beira do poço de Jacó é aquele que não considerou a sua semelhança com Deus um tesouro a ser ciosamente conservado, mas desceu para curar- nos com o óleo da misericórdia e com o seu sangue. Nele encontramos uma fonte da qual tirar com segurança a água viva , um lugar no qual a consagração e a missão se tornam uma coisa só, sendo uma luz e uma força capaz de gerar o novo na vida consagrada.
São Gregório Magno, um bispo do século VI, amante da vida monástica, nos relata um fato da vida de são Bento que nos conduz a uma reflexão a respeito do que disse o papa Francisco sobre a Igreja em saída.
São bento depois de habitar consigo mesmo por três anos em uma gruta, a primeira pessoa com quem se encontrou, foi um presbítero.
Segundo são Gregório Magno, era a festa da páscoa. Quando o presbítero estava preparando uma refeição para si, Deus lhe mostrou numa visão, que ele deveria ir até Bento para reparti com ele o que preparara para si. Impulsionado pela visão, o presbítero parte ao encontro de Bento e falam sobre a vida espiritual . Finalmente ele lhe diz: venha vamos tomar a refeição juntos, porque hoje é pascoa. O homem de Deus lhe respondeu: sei que hoje é pascoa porque tive a alegria de te ver .
Anselmo Grüm, em seu livro Duas leituras da Vida de são Bento, compara esse episódio da vida de são Bento com a ressurreição de túmulo, de Jesus. O autor acredita que são Bento ressurgiu desses três anos passados na gruta como um homem novo. Bento sente que essa nova vida será um conviver com as pessoas. Sua experiência vai além de um acontecimento individual mas o remete para o outro. Ou seja o outro lhe transmite Deus. Nesse mesmo episódio, São Gregório acrescenta que são Bento vai ao encontro dos pastores, na sua proximidade, e nesse seu ato ele ressuscita para o mundo, sem discriminação de classe social. O homem de Deus existe para todos, a exemplo de Jesus. A luz de Cristo em são Bento ilumina a todos sem distinção. Sua fé no ressuscitado re-presentado pelo presbítero é sempre sinal sacramental da pessoa do Senhor. Bento ao ser descoberto pelo presbítero e pelos pastores, nenhuma iniciativa tomou para que isso acontecesse, pelo contrario, continua na sua cara solidão. Na vida cristã, essa luz de Cristo, não é um projeto que se articula e planeja, mas consequência de uma vida cristã levada a sério.
O documento base da Campanha da Fraternidade de 2020, diz: a Páscoa nos ensina, através de Cristo, a romper os túmulos da indiferença e do ódio e a surgir para o zelo, o cuidado e a solidariedade. Tendo a caridade como o verdadeiro sentido da vida, no itinerário da conversão a que a quaresma nos convida, é urgente que nossas ações possam promover o diálogo entre os irmãos . Esse diálogo também é estabelecido, fraternalmente, a partir a partir do encontro. Ao refletir sobre o diálogo como forma de encontro, o papa Francisco nos indica ações concretas capazes de promover a cultura do encontro. O evangelho nos convida sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro...Redescobrindo as águas do batismo, as águas do lava pés e com elas os gestos que tocam a vida da igreja, precisamos colocar em todas as nossas atitudes a beleza de uma igreja em saída.