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Nos dias 6 a 27 de outubro acontecerá, em Roma, o Sínodo dos Bispos sobre “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”.
Visto com desconfiança pelos homens do atual governo e por pessoas a ele ligadas, muitos já se manifestaram sobre o Sínodo. Excetuando alguns cardeais, a maioria das manifestações foi feita sem conhecimento de causa do que é, realmente, um Sínodo dos Bispos.
A palavra “Sínodo” é originária do grego: syn (juntos); hodos (caminho). Significa, portanto, “fazer juntos o caminho”. Assim, o Sínodo dos Bispos pode ser definido como uma reunião de bispos com o Papa no intuito de discutir algum assunto especial. Ele foi instituído por Paulo VI logo após o Concílio Vaticano II em 1965, “para favorecer a colaboração dos bispos na busca de soluções para questões relativas à missão da Igreja”. Até o momento foram realizados 25 Sínodos, sendo que o último aconteceu em outubro de 2018 e abordou a temática da juventude.
Na convocação do Sínodo para a Amazônia em 2017, o Papa Francisco afirmou que o objetivo é “encontrar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, sobretudo dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem perspectiva de um futuro sereno, também por causa da crise da floresta amazônica, pulmão de importância fundamental para o nosso planeta”.
Participarão do Sínodo todos os bispos das dioceses limítrofes da Amazônia, que incluem o Brasil, Suriname, Guiana Inglesa, Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia, mais sacerdotes, religiosos, leigos envolvidos no tema e representantes da Cúria Romana. Os principais interlocutores serão os 390 povos indígenas que vivem na região.
Desde a convocação em 2017, estão acontecendo estudos, reuniões e pesquisas. Em visita ao Peru em janeiro de 2018, o Papa Francisco fez questão de participar de um destes encontros com indígenas em Porto Maldonado, no intuito de escutar os seus clamores e manifestar-lhes o apoio da Igreja. Em abril do mesmo ano foi lançado um questionário com 30 perguntas para os “povos, comunidades, aldeias e lideranças que vivem na Amazônia, para que cada um possa dar sua contribuição ao Sínodo”. A partir de lá, conforme diz Irmã Luzinete do CIMI de Manaus, o Sínodo já está acontecendo. “As comunidades estão sentando, discutindo e pensando um novo jeito de ser Igreja na Amazônia. A esperança é ver as comunidades se dando conta de que nós, a Amazônia, somos uma realidade particular, e a Igreja assumir isso levando em conta a cultura, o diferente aqui da Amazônia”.
Em entrevista ao jornal italiano Stampa no dia 8 de agosto, o Papa Francisco disse que o Sínodo da Amazônia só pode ser entendido por quem leu a encíclica Laudato Si, “escrita no intuito de proteger a Criação”. E justificou o foco na Amazônia: “É um lugar representativo e decisivo. Junto com os oceanos, ele contribui de modo determinante para a sobrevivência do planeta. Grande parte do oxigênio que respiramos vem de lá. É por isso que o desmatamento significa matar a humanidade. Além disso, a Amazônia envolve nove Estados, portanto não diz respeito a uma única nação. E eu penso na riqueza da biodiversidade amazônica, vegetal e animal: é maravilhosa”. Na mesma linha, Dom Neri José Tondello, bispo de Juína, MT e membro do Conselho Pré-Sinodal em entrevista ao Brasil de Fato, afirmou que sabemos da importância que a Amazônia tem para o mundo, “mas também sabemos das fragilidades que vem enfrentando, sobretudo nos últimos tempos. O Sínodo quer ajudar a pensar a Casa Comum que é a Amazônia”.
Por tudo isso devemos apoiar a realização deste Sínodo. E eu, particularmente, penso que ele vai ajudar a aprofundar a consciência ambiental e indicar novos caminhos para a evangelização, não só da região Amazônica, mas para a Igreja como um todo.