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Sobre o dever ético da vacinação

Créditos foto: Reprodução / Internet

Durante estes anos de pandemia da Covid-19, não poucas vezes, encontramos membros de nossas comunidades, que em nome da objeção de consciência ou de uma pretensa liberdade individual, mas também contaminadas por falsas informações disseminadas nas redes sociais, bem como por uma política sanitarista confusa e negacionista da ciência por parte do governo federal, que não querem se vacinar e pais que decidem que seus filhos não irão se vacinar. Independente da opção individual, nós católicos, devemos seguir as orientações oficiais da Igreja e não opiniões isoladas, inclusive de alguns clérigos. Na declaração Dignitatis Humanae do Concilio Vaticano II está claro que “na formação de suas consciências, os fiéis cristãos devem atender cuidadosamente à sagrada e certa doutrina da Igreja.” Vamos ver o que a Igreja, em sua Doutrina Social, orienta sobre a vacinação.

A Congregação para a Doutrina da Fé, já em dezembro de 2020 numa nota sobre a moralidade do uso de algumas vacinas anticovid-19 foi clara em afirmar que “a vacinação não é uma obrigação moral e, por conseguinte, deve ser voluntária. De qualquer maneira, do ponto de vista ético, a moralidade da vacinação depende não só do dever de tutela da própria saúde, mas do dever da busca do bem comum. Um bem que, na ausência de outros meios para impedir ou apenas para prevenir a epidemia, pode recomendar a vacinação, especialmente para a salvaguarda dos mais frágeis e expostos.”. O Catecismo da Igreja Católica define o “bem comum” como a “soma total das condições sociais que permitem às pessoas, como grupos ou como indivíduos, alcançar sua realização mais plena e facilmente” e que é função própria da autoridade arbitrar, em nome do bem comum, entre vários interesses particulares.” Portanto, não há nenhuma razão moral suficiente para os católicos se sentirem isentos do dever da vacinação. Esse dever se fundamenta no próprio Evangelho: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12,31).

São Tomás de Aquino, no seu comentário sobre a 2ª Carta aos Tessalonicenses esclarece que “está preestabelecido que um ser humano deve sustentar seu corpo, caso contrário, ele se mata, portanto, toda pessoa é obrigada a manter seu corpo e nós também com respeito a todas as coisas sem as quais o corpo não pode viver.” A vacinação contra Covid-19, é, a forma de cumprir nossa obrigação moral de promover o bem comum. Cada pessoa, embora deve seguir sua consciência, não se justifica sua negação em se vacinar ou mesmo vacinar seus filhos, se esta consciência estivar mal informada por ignorância voluntária. O governo e as instituições de saúde públicas não estão invadindo o reino sacrossanto e inviolável de nossa consciência, mas estão cumprindo seu papel de promover o bem comum. O Papa Bento XVI afirma, na Caritas in Veritate que a promoção do bem comum requer ações em nome dos outros. “Amar alguém é desejar o bem dessa pessoa e tomar medidas eficazes para obtê-lo. Além do bem individual, existe o bem que está vinculado à convivência em sociedade: o bem comum.”.

A vacinação de todos e todas, além de ser um dever ético de todos os cristãos é um ato de amor. Papa Francisco, numa mensagem em vídeo para os povos da América Latina, nos diz que “vacinar-se, com vacinas autorizadas pelas autoridades competentes, é um ato de amor. E ajudar a fazer de modo que a maioria das pessoas se vacinem é um ato de amor. Amor por si mesmo, amor pelos familiares e amigos, amor por todos os povos. O amor também é social e político, há amor social e amor político, é universal, sempre transbordante de pequenos gestos de caridade pessoal capazes de transformar e melhorar as sociedades”. Você se ama? Vacine-se. Ama seus filhos? Leve-os para se vacinarem. É um grande gesto de amor de dever ético pelo bem comum de todos.

Autor: Pe. José Carlos Stoffel
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