Caros diocesanos. Celebramos no Natal o maior dom que o mundo já recebeu: a presença encarnada de Deus – o Emanuel - que fez sua tenda entre nós. Sua vinda salvadora deu novo sentido à vida humana, recriando-a para ter acesso à vida divina, portanto, à imagem e semelhança de Deus. Natal é a festa do encontro de Jesus Cristo com a humanidade; sua presença conduzirá a uma nova relação com cada pessoa, com a comunidade, com a sociedade, pois também ali Ele quer estar presente para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10, 10). Isto exige de nós uma profunda mudança em nosso modo de pensar, de relacionar-nos com os outros, de agir. Esta conversão fará com que nosso olhar passe por Jesus Cristo e então veremos irmãos e irmãs nos outros. Surgirá um compromisso com todos, sobretudo com os que necessitam vida mais digna e abundante.
Assim sendo, nós cristãos não nos contentamos com uma festa natalina só de emoções, de muitos presentes e de comemorações. Queremos que a sua celebração reavive em nós o maior dom: a presença salvadora do próprio Deus em nossa vida humana.
A Igreja, na sua sabedoria milenar, constituiu um tempo especial de preparação para a celebração natalina, que chamamos Advento: “Tempo de feliz e piedosa expectativa”. Nas orientações sobre este tempo ela diz: “O tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como o tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39).
Neste tempo do Advento desejamos preparar bela e digna celebração da encarnação do Senhor em nosso meio. Sem preparação não existe Natal verdadeiro. Queremos respirar um clima, uma espiritualidade natalina que nos faça reconhecer esta presença constante de Deus entre nós, em cada pessoa, na comunidade e na sociedade. Então Jesus será de fato o Emanuel, que significa Deus conosco, Deus próximo de nós. Ou como diz São João no prólogo de seu Evangelho: “A Palavra se fez carne e veio habitar entre nós” (Jo 1, 14). A Espiritualidade natalina nos convida a viver diante de Deus; uma forma de vida como Ele a quer, sobretudo em relação aos irmãos e irmãs: justa, fraterna, solidária. E isto não se consegue apenas com figuras míticas de Papai Noel e outras semelhantes, típicas da sociedade de consumo, muitas vezes substituindo o Menino de Belém.
Vamos, portanto, preparar-nos para acolher a presença fraterna e humilde de Deus entre nós. Ele vem ao nosso encontro e quer morar com cada pessoa, em nossas famílias e comunidades, em nossas pastorais, serviços e movimentos, em todos os ambientes da sociedade.
Que o Senhor da Vida não encontre as nossas portas fechadas como as casas de Belém, que não tinham lugar para o Salvador da humanidade.
Dando nossa bênção, neste tempo de esperança, de piedosa e feliz expectativa, desejamos feliz tempo de Advento aos nossos diocesanos e a todas as pessoas de boa vontade!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul