Caros diocesanos. Ao verificarmos o calendário litúrgico, domo-nos conta que o Ciclo Pascal caminha para o seu término com a Solenidade de Pentecostes, a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos, Maria Santíssima e outros fiéis, no cenáculo de Jerusalém (cf. At 1, 13-14). É o Espírito Santo que faz nascer a Igreja, na qual estará presente em todos os tempos. Também nós participamos desta história, animados e vivificados pelo mesmo Espírito, em nossa vida pessoal, social e eclesial. Mais do que lembrar, desejamos de fato celebrar a vinda do mesmo Espírito sobre nós, tornando presente um novo Pentecostes na vida de nossas Comunidades, a fim de nos tornarmos autênticos discípulos missionários de Jesus Cristo, produzindo frutos de Igreja samaritana em seu Reino. Sem sua força, seu sopro, a Igreja seria uma sociedade, como tantas outras. Como diz S. Paulo: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si... Os que pertencem a Cristo crucificaram os instintos egoístas junto com suas paixões e desejos. Se vivemos pelo Espírito, caminhemos também sob o impulso do Espírito” (Gl 5, 22-25). Ao olharmos para estes frutos do Espírito, certamente, percebemos que eles estão presentes na vida de tantas pessoas que se doam em nossas comunidades cristãs, assumindo verdadeiramente seu Batismo e suas consequências.
Já nos primórdios da Igreja, afirma Santo Irineu (séc. II) que o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes com o poder de fecundar, de dar a vida nova a todos os povos, atraindo-os à Nova Aliança: “Eis porque, naquele dia, todas as línguas se uniram no mesmo louvor de Deus, enquanto o Espírito congregava na unidade as raças mais diferentes e oferecia ao Pai as primícias de todas as nações” (LH, vol. II, Solenidade de Pentecostes, p. 926). No entender de São Paulo, é também o Espírito Santo que une, congrega e forma a Igreja como um só corpo, embora constituída de muitos membros (Cf. 1Cor 12, 12ss). Referindo-se à unidade e à vivificação do Espírito, continua a dizer Santo Irineu: “Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não podemos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto” (Ibidem).
Um dos textos mais significativos que, até hoje, encontrei sobre a ação do Espírito Santo foi escrito pelo Patriarca oriental Atenágoras. Ele assim se expressa: “Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos. Mas no Espírito Santo o cosmos é enobrecido pela geração do Reino, o Cristo ressuscitado se faz presente, o evangelho se faz força do Reino, a Igreja realiza a comunhão trinitária, a autoridade se transforma em serviço, a liturgia é memorial e antecipação, a ação humana se diviniza”. Portanto, a Igreja, sem o Espírito Santo, seria uma simples associação.
O Espírito Santo ensina a falar e a viver a linguagem da unidade, do amor e da vida. Boas festas de Pentecostes, com a presença do Espírito Santo em nossa vida, nossas famílias e nossas comunidades!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul.