Caros diocesanos. Estamos iniciando o Advento – tempo especial de preparação para a celebração do Santo Natal. A liturgia do Advento aponta para duas dimensões: preparação da segunda vinda de Jesus Cristo, que vai acontecer no fim dos tempos; e a preparação para celebrar a sua primeira vinda, já acontecida, com sua encarnação na história. Celebrar o Natal significa atualizar, tornar presente a espera e o nascimento de Jesus Cristo em nosso tempo, em nossa realidade. Nas duas dimensões se contempla um “tempo de feliz e piedosa expectativa”. Quando esperamos alguém que amamos, já ficamos felizes com antecedência, como nos ensinou Saint-Exupery, no conhecido livro do Pequeno Príncipe. O mundo que nos cerca revela acentuada carência de sinais que apontem para a esperança e a alegria. Nosso tempo é marcado pelo medo, pela insegurança, pela desilusão e desconfiança. Mas, como Igreja, devemos ser comunidade de esperança, capaz de olhar confiante para o futuro, sem fechar os olhos para o presente. É preciso estar sempre pronto a dar as razões de nossa esperança (1Pdr 3, 15), pois somos discípulos missionários de Jesus Cristo, o salvador da humanidade.
É preciso dar-se conta que o Advento é tempo de preparação para a festa, e ainda não a sua realização. A Liturgia da Palavra deste tempo nos ajuda a fazer a experiência da espera do Senhor que vem morar conosco. Por isso é importante deixar o Advento ser Advento, isto é, saber esperar, estar na expectativa. Isso significa, inclusive, evitar o uso muito antecipado de enfeites, músicas, cantos, luzes ou outros elementos que são típicos do Natal. Vivamos a mística do Advento, da esperança, da feliz expectativa, da gestação da vida, da manjedoura vazia, mas preparada para acolher o Salvador: Deus conosco.
Assim percebemos que o ciclo natalino se reveste de um período que se divide em três partes, mas que forma unidade: o da preparação, o da festa e o do prolongamento da festa, com suas consequências. A novena é típica para o período de preparação para a vinda do Senhor, que vem morar conosco. É o tempo em que preparamos os caminhos do Senhor e, como Igreja, vigiamos e clamamos: “Vem, Senhor Jesus, o mundo precisa de ti”. Os encontros de família ou de outras formas podem ajudar-nos muito nesta preparação.
Como exemplos inspiradores para nossa preparação ao santo Natal, encontramos, sobretudo, Maria Santíssima, a Mãe de Jesus, com sua atitude de fé no acolher a presença de Deus em sua vida; e João Batista - padroeiro de nossa diocese - aquele que foi o precursor do Messias, pregando o batismo de penitência e de conversão. Que seu exemplo nos estimule no aprofundamento de nossa fé e na busca de constante conversão para acolher o Senhor que vem morar conosco.
Dentro deste clima do Advento, esperamos que aconteça novamente a troca de dons entre o céu e a terra em cada pessoa humana, nas famílias, nos grupos, nas comunidades e na sociedade em geral. Olhando para o exemplo de Maria, podemos rezar:
“Ó Deus, que reacendes em nós a cada ano a alegria da espera da salvação, ajuda-nos a acolher, como Maria, este dom da tua imensa misericórdia para conosco e assim sejamos no mundo instrumentos de vida e de paz para todos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que nasceu para nos salvar, na unidade do Espírito Santo. Amém”.
Caros irmãos e queridas irmãs, preparemo-nos e vigiemos, porque o Senhor vem morar conosco! Feliz e fecundo tempo de Advento!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul