Caros diocesanos, Feliz 2018, com muita Paz e Bem!
Em todos nós existe o desejo fundamental de viver em paz, em harmonia. Quando a paz está ausente, facilmente nos tornamos agressivos, mais difíceis de conviver e a depressão pode rondar nosso ser e agir. Onde encontrar os meios desta paz tão desejada pelas pessoas e pelos povos? Como construir este estado de espírito e esta relação pacífica consigo mesmo, com os outros, com o mundo criado e com o próprio Deus?
Os antigos romanos diziam equivocadamente: “Si vis pacem para bellum” (= Se queres a paz prepara a guerra). É lamentável que o sentido desta frase ainda não foi revertido, pois sempre de novo surgem tiranos que, para justificar um determinado status de hegemonia, preparam-se constantemente para a guerra e não hesitam em desencadeá-la. Inúmeras vidas humanas são sacrificadas, assim como bens fundamentais e necessários à vida digna, em vista do poder, da posse e do bem-estar privilegiado. Por analogia, mesmo em menores proporções, isto pode acontecer até em nossas relações de convivência.
Nós cristãos celebramos o Dia Mundial da Paz no primeiro do ano, ainda dentro do clima do santo Natal. É claro, esta Paz, tão desejada e necessária, não vai ser trazida pelo Papai Noel, por mais querido que seja o Bom Velhinho. Nossa Paz cristã se inspirará e terá sua origem no Príncipe da Paz (Is 9, 5), anunciado como o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo, o Verbo encarnado, que veio habitar entre nós. Na noite do nascimento de Jesus os anjos cantaram: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e na terra, paz aos homens por Ele amados!” (Lc 2, 14). É aquele que mais tarde vai dizer: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não é à maneira do mundo que eu a dou” (Jo 14, 27). Na verdade, a paz que tanto desejamos só pode vir daquele que é a fonte de nossa vida, pois Ele é a Paz. Dizia S. Agostinho: “Nosso coração estará inquieto, até que descanse em Deus”.
Então, caros irmãos e irmãs, a partir do espírito do Natal, que ainda nos envolve, nós cristãos vamos mudar a frase dos antigos guerreiros romanos e que durante tantos séculos fracassou e frustrou as expectativas humanas, em vista de um mundo mais fraterno, justo e solidário. A partir de Jesus Cristo nós adotaremos o princípio: “Si vis pacem para pacem”, ou seja, “Se queres a paz, prepara a paz” (Paulo VI). Nós somos convidados a sermos construtores da paz, instrumentos da paz. Não é por nada que rezamos: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”. Isto começa dentro de nós mesmos, em nossas famílias, em nossas comunidades e na própria sociedade. Então poderemos dizer: “Nós somos da Paz”! Certamente teremos um mundo, uma sociedade mais pacífica, à medida que construirmos a fraternidade: uma sociedade mais igualitária, sem estas abismais diferenças entre as classes sociais. Como dizia muito bem Bento XVI: “Combater a pobreza é construir a Paz”. Isso faz lembrar o quanto é importante sermos uma Igreja samaritana.
Neste início de ano desejamos muita paz a todos vós, com a seguinte bênção bíblica, adotada por São Francisco de Assis, o homem da fraternidade e da paz universal: “O Senhor vos abençoe e vos guarde! O Senhor faça brilhar sobre vós a sua face e se compadeça de vós! O Senhor volte para vós o seu rosto e vos dê a sua paz”! (Num 6, 22-27). Desejamos a todos: Feliz e Abençoado ANO NOVO, com muita PAZ e BEM!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul