Caros diocesanos. A quaresma continua nossa preparação à Páscoa. Já refletimos, em programas anteriores, sobre a Campanha da Fraternidade e sobre o tema da aliança de Deus com seu Povo, nos dois primeiros domingos deste tempo especial de penitência e conversão de vida. Hoje continuamos a abordar o tema da aliança nos domingos seguintes.
• Terceiro Domingo da Quaresma: Depois de analisar, nos dois primeiros domingos, o tema da aliança em relação a Noé e Abraão, a leitura do Antigo Testamento apresenta o dom da lei (os 10 mandamentos), sinal da aliança de Deus com seu povo, mediante Moisés, no Sinai (Ex 20, 1-17). O texto faz parte de um contexto maior que prepara, celebra e confirma a aliança. Deus conduz a história de seu Povo na fidelidade à promessa. O povo aceita a lei e se compromete com a obediência a ela. No evangelho deste domingo (Jo 2, 13-25) Jesus anuncia a substituição de uma instituição fundamental da antiga aliança: o templo. O seu uso não corresponde mais com a autêntica experiência da aliança divina: “Não façais da casa de meu Pai um mercado” (Jo 2, 16b). Por isso Jesus anuncia que seu corpo (morto e ressuscitado) será o templo do culto novo e autêntico, reconhecido pela fé. Ele será o novo templo e a nova lei. Na segunda leitura (1Cor 1, 22-25) São Paulo anuncia Cristo crucificado, escândalo para os judeus, que procuram milagres, e loucura para os gregos, que buscam sabedoria. Para os chamados, judeus ou gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus.
• Quarto Domingo da Quaresma: Atos de infidelidade à aliança da parte dos chefes dos sacerdotes e do povo os leva à desgraça, ao exílio, mas Deus, em sua misericórdia (miséria + coração), os reconduz (2Cr 36, 14-16.19-23) à Terra prometida. O evangelho (Jo 3, 14-21) deste domingo revela um Deus extremamente misericordioso, pois enviou seu Filho ao mundo para que o salve, assim como a serpente de bronze na haste salvava os hebreus no deserto. Deus enviou o Filho ao mundo não para condená-lo, mas para salvá-lo. Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta, creia nele e tenha a vida eterna. São condenados somente os que não creem, não aceitam a Luz do Alto. Esta obra da salvação não foi mérito humano, mas da graça, mediante a fé, como afirma a segunda leitura deste 4º domingo da quaresma (Ef 2, 4-10). Deus, rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, quando ainda estávamos mortos pelo pecado, restabeleceu a aliança da vida nova, por intermédio de seu Filho Jesus Cristo. Assim, ninguém pode gloriar-se por méritos, pois é dom da graça divina e não das obras.
Que o tempo da quaresma nos faça renovar a Aliança com Deus e os irmãos, assumida desde nosso Batismo. Que encontremos em Jesus o verdadeiro templo que nos acolhe misericordiosamente e oferece a nova e eterna Aliança conosco, pois Ele não veio para condenar o mundo, mas para salvá-lo, dando-nos por graça a salvação, mediante a fé.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul