Caros diocesanos. Ainda envolvidos pelo clima do Tempo litúrgico da Páscoa, continuamos a celebrar a passagem da morte para a vida em Jesus Cristo e consequentemente em nós, ligados a Cristo, desde o nosso batismo (cf. Rm 6, 3-5). Vivemos o presente Tempo Pascal em meio a uma longa e complexa pandemia, com todas as suas apreensões, incertezas e sofrimentos. Não deixamos de sentir de perto o temor de sermos derrotados por um vírus de tamanho microscópico. Contudo, não podemos assumir uma posição apenas de vítimas que esperam tudo acabar, o quanto antes possível, com uma solução pronta, caída do céu, para depois continuarmos a vida como sempre foi. É preciso que tiremos as lições do tempo presente e busquemos novos caminhos para a humanidade.
Ao pensar desta forma, lendo o início do Evangelho de Marcos, defrontei-me com as seguintes palavras, com as quais Jesus começa sua pregação: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Em outro conhecido texto bíblico fala-se em “plenitude dos tempos” (Gl 4, 4), com sentido semelhante. Para entender a Sagrada Escritura, é preciso ter presente que no grego há dois termos para designar a palavra “tempo”: chronos e kairós. O primeiro é usado para designar medida de tempo que passa, em anos, dias, horas, minutos. Por isso, fala-se, por exemplo, em tempo cronológico, em crônica, etc. O termo kairós indica para tempo privilegiado, tempo especial, que foi decisivo, que deixou marcas. Então o evangelista quer dizer que, na pessoa de Jesus Cristo, o chronos chegou ao kairós, à plenitude do tempo. Isso significa que, pelo mistério da encarnação, Deus entra na história e a torna tempo de salvação: kairós. Ele dá-lhe um novo sentido. Sua morte e ressurreição redime a humanidade e torna possível a salvação, a participação na vida divina, ou seja, “o Reino de Deus está próximo”. Com Jesus Cristo, a vida ganha novo sentido: o chronos torna-se kairós - tempo da graça de Deus (cf. LIB NIO, J. B., Chronos e Kairós – Tempo Qualitativo, in O Pão Nosso de Cada Dia, Ano XVI, 2021, n. 181, p. 81).
Para que essa transformação possa acontecer, é preciso converter-se radicalmente e crer no Evangelho (cf. Mc 1, 15b). A palavra conversão, no hebraico (shûb), significa: mudar de caminho, de direção, regressar; enquanto, no grego, usa-se a palavra metánoia: mudar o espírito, o modo de pensar, a visão de mundo. O Evangelho revela que converter-se é mudar o coração: voltar-se para Jesus e segui-lo. A conversão consiste em mudar o modo de ser, de viver, de agir, de relacionar-se, para uma vida segundo o Evangelho, a grande Boa-Nova de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15b). Os discípulos são chamados a participar desse kairós, tempo de Deus, e a anunciá-lo.
O difícil tempo da pandemia, certamente, faz apelos de conversão para todos nós. Sentimo-nos desafiados a descobrir ou redescobrir valores que realmente são os essenciais para nossa vida e que levam a luzes de esperança pascal. Entre outros, a pandemia nos ensina a importância da união das forças no cuidado prioritário do precioso dom de nossa vida. Necessitamos de relacionamentos mais fraternos e solidários entre nós e de cuidados com o planeta. Experimentamos o quanto somos dependentes da graça divina e dos serviços dos outros. O tempo de crise nos mostrou a necessidade de voltar os olhos para o essencial da vida: sua origem, seu sentido, seus valores, seu destino. O tempo chronos possa transformar-se em kairós, tempo de profunda presença de Deus, tempo de salvação. E o Evangelho torne-se sempre mais a luz do caminho de nossa vida.
Ao pensar desta forma, lendo o início do Evangelho de Marcos, defrontei-me com as seguintes palavras, com as quais Jesus começa sua pregação: “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Em outro conhecido texto bíblico fala-se em “plenitude dos tempos” (Gl 4, 4), com sentido semelhante. Para entender a Sagrada Escritura, é preciso ter presente que no grego há dois termos para designar a palavra “tempo”: chronos e kairós. O primeiro é usado para designar medida de tempo que passa, em anos, dias, horas, minutos. Por isso, fala-se, por exemplo, em tempo cronológico, em crônica, etc. O termo kairós indica para tempo privilegiado, tempo especial, que foi decisivo, que deixou marcas. Então o evangelista quer dizer que, na pessoa de Jesus Cristo, o chronos chegou ao kairós, à plenitude do tempo. Isso significa que, pelo mistério da encarnação, Deus entra na história e a torna tempo de salvação: kairós. Ele dá-lhe um novo sentido. Sua morte e ressurreição redime a humanidade e torna possível a salvação, a participação na vida divina, ou seja, “o Reino de Deus está próximo”. Com Jesus Cristo, a vida ganha novo sentido: o chronos torna-se kairós - tempo da graça de Deus (cf. LIB NIO, J. B., Chronos e Kairós – Tempo Qualitativo, in O Pão Nosso de Cada Dia, Ano XVI, 2021, n. 181, p. 81).
Para que essa transformação possa acontecer, é preciso converter-se radicalmente e crer no Evangelho (cf. Mc 1, 15b). A palavra conversão, no hebraico (shûb), significa: mudar de caminho, de direção, regressar; enquanto, no grego, usa-se a palavra metánoia: mudar o espírito, o modo de pensar, a visão de mundo. O Evangelho revela que converter-se é mudar o coração: voltar-se para Jesus e segui-lo. A conversão consiste em mudar o modo de ser, de viver, de agir, de relacionar-se, para uma vida segundo o Evangelho, a grande Boa-Nova de Jesus: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15b). Os discípulos são chamados a participar desse kairós, tempo de Deus, e a anunciá-lo.
O difícil tempo da pandemia, certamente, faz apelos de conversão para todos nós. Sentimo-nos desafiados a descobrir ou redescobrir valores que realmente são os essenciais para nossa vida e que levam a luzes de esperança pascal. Entre outros, a pandemia nos ensina a importância da união das forças no cuidado prioritário do precioso dom de nossa vida. Necessitamos de relacionamentos mais fraternos e solidários entre nós e de cuidados com o planeta. Experimentamos o quanto somos dependentes da graça divina e dos serviços dos outros. O tempo de crise nos mostrou a necessidade de voltar os olhos para o essencial da vida: sua origem, seu sentido, seus valores, seu destino. O tempo chronos possa transformar-se em kairós, tempo de profunda presença de Deus, tempo de salvação. E o Evangelho torne-se sempre mais a luz do caminho de nossa vida.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Su
Bispo de Santa Cruz do Su