Caros diocesanos. Seguimos hoje com nossa reflexão sobre a eucaristia que torna o Senhor ressuscitado presente entre nós. No ano da eucaristia em nossa diocese (2019), dentro do processo da Iniciação à Vida Cristã, no espírito catecumenal, estamos aprofundando o tema eucarístico, pois a eucaristia é a celebração central da vida litúrgica da Igreja. Como afirmou o Papa João Paulo II, hoje santo, a Igreja vive da Eucaristia, a qual se torna o núcleo de seu mistério. Ela é a fonte e o centro de toda vida cristã e nela está contido todo o tesouro espiritual da Igreja. Através dela o próprio Cristo eterniza seu mistério pascal em todos os tempos.
A espiritualidade eucarística revela diversos aspectos ou dimensões em sua unidade: ela nasce numa Ceia pascal que torna presente o Sacrifício da Cruz e a gloriosa Ressurreição de Jesus Cristo (Páscoa), fazendo acontecer a oferta da ação salvadora do Filho Unigênito, como a maior Ação de Graças possível ao Pai. Assim continua a atuar-se pela eucaristia a salvação da humanidade, tornando-se ela também a fonte e ápice de toda evangelização da Igreja. Viver uma espiritualidade de Jesus eucarístico significa comungar sua vida, dada em sacrifício redentor, tornando-nos com Ele e os irmãos uma verdadeira oblação e ação de graças ao Pai, em nossa missão evangelizadora.
Hoje abordaremos a dimensão eucarística da missão, sem excluir os outros aspectos. Antes de tudo é bom lembrar que a própria palavra missa vem de missão.
Jesus é o enviado, o missionário do Pai. Quem recebe a eucaristia entra em comunhão com Jesus e necessariamente participa de sua missão evangelizadora, revestindo-se dos mesmos sentimentos (Fl 2, 5). É da eucaristia que a Igreja recebe a força espiritual necessária para cumprir sua missão: Ela é fonte e ápice de toda evangelização (EdeE 22). O encontro com o Senhor na eucaristia suscita na Igreja e em cada cristão a urgência de testemunhar e de evangelizar. A frase latina: “Ite missa est” (Ide, a missa terminou; subentende-se: agora começa a missão de quem é enviado!), torna-se uma ordem no final da celebração eucarística, que impele o cristão ao empenho do anúncio do Evangelho e a animação cristã da sociedade (MND 24). A eucaristia é princípio e projeto da missão (AdaE 31). Fazendo referência ao profeta Elias (1Rs 19, 8), “A Eucaristia pode chamar-se também o Pão da missão” (AdaE 31).
Eucaristia e caridade (serviço) andam de braços dados e essa relação nos faz entender porque S. João inclui o lava-pés (Jo 13) onde os demais evangelistas narram a instituição da Eucaristia. São Paulo não pensa diferente (1Cor 11, 17-22.27-34), como já vimos anteriormente. A autenticidade de nossas celebrações eucarísticas será avaliada com este critério (MND 28). No documento Ano da Eucaristia, a Igreja afirma: “A missão é levar Cristo, de forma credível, aos ambientes da vida, do trabalho, do cansaço, do sofrimento, fazendo com que o espírito do Evangelho se torne fermento na história e ‘projeto’ de relações humanas marcadas pela solidariedade e pela paz” (AdaE 31).
Ainda outros aspectos da Eucaristia poderiam ser ressaltados, mas o essencial está contemplado quando vemos a Eucaristia como Ceia de Comunhão, em que se atua o Sacrifício pascal de Jesus Cristo, pela ação do Espírito Santo, que se torna a maior Ação de graças ao Pai que nos compromete e nos envia em missão evangelizadora.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul