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06/12/2022 - HISTÓRIA DE NATAL

           Caros diocesanos. O Natal se aproxima e é hora de preparar tudo para que o Deus-Menino possa nascer em nosso meio. Sim, é um tempo especial, diferente e não é para menos, pois Deus vem ao mundo em forma de criança para que nós, humanos, possamos ter acesso ao divino. É a plenitude do tempo, em que o céu e a terra trocam seus dons mais preciosos: Jesus vem com sua divindade e nós lhe oferecemos nossa humanidade. Eis o sentido da encarnação do Verbo que se fez carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1,14).

Este tempo do Natal, tão cheio de simbolismo, sempre evoca as belas lembranças dos natais já vividos, em nossas famílias, comunidades e ambientes sociais, especialmente os da infância. Quantas histórias para contar. Hoje, desejo contar-vos uma história, de autor desconhecido, que nos ajuda a entender o maravilhoso tempo do Natal, repleto de sinais de amor, de ternura, de perdão, enfim, de solidariedade humana, espelhadas na solidariedade divina, manifestada por Jesus para com todos nós.

Conta-se que, num dia de muito frio, às vésperas do Natal, no hemisfério norte, um menino de aproximadamente dez anos estava descalço, em frente a uma loja de calçados, com o olhar fixo na vitrine, tremendo de frio. Uma senhora aproximou-se do guri e disse-lhe: “O que estás a olhar com tanta concentração”? O menino, com receio de ser mandado embora, respondeu timidamente: “Eu estava pedindo a Deus para me dar um par de sapatos, neste Natal”. A senhora, comovida, tomou o menino pela mão, entrou na loja e pediu ao atendente para trazer meias e um par de sapatos para o menino, por sua conta. Pediu também uma bacia com água quente e uma toalha; conduziu o menino para os fundos da loja e lavou-lhe os pés, secando-os com a toalha. A senhora entregou-lhe as meias e presenteou o par de sapatos, dizendo-lhe: “Estás bem agora”? O menino, com lágrimas de felicidade nos olhos, olhou para seu rosto e perguntou: “A senhora é a mulher de Deus”?

Histórias como essa, sempre de novo nos mostram que gestos de amor se identificam com o jeito de ser de Deus, são “divinos”. Não é por nada que São João afirma: “Deus é amor: quem permanece no amor, permanece em Deus, e Deus permanece nele... Se alguém disser: ‘Amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso” (1Jo 4, 16.20). Outro texto bíblico que ajuda a entender esta história é o do evangelho de Mateus, quando Jesus está falando aos discípulos e é chamado para atender os seus familiares: “‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’. E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: ‘eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe’” (Mt 12, 48b-50). Fazer a vontade do Pai é viver o amor a Deus e aos irmãos. Por isso aquela generosa senhora, no pensar do menino, só poderia estar muito ligada a Deus, a fonte do Amor.

Esse Deus/Amor bate também à nossa porta e deseja entrar; quer estar conosco e viver o Natal em nosso convívio. Ele é humilde e pequeno, tão pequeno que cabe numa manjedoura (cf. VD 12). Ele continua a revelar-se também em nossos irmãos e irmãs, sobretudo os mais necessitados, aqueles que fixam os olhos na vitrine, mas só conseguem rezar, como o menino. Eu e você também somos convidados a sermos um sinal de amor de Deus, neste Natal. Que o Menino-Deus seja acolhido entre nós! E que o menino da vitrine não fique sem meias e sapatos. Feliz e Santo Natal!

 

Dom Aloísio A. Dilli

Bispo de Santa Cruz do Sul