Caros diocesanos. Estamos iniciando novamente o tempo da quaresma que nos prepara para a Páscoa, celebração central de todo Ano Litúrgico. A quaresma recebe, desde seus primórdios, uma conotação de penitência, de conversão de vida para retornar mais plenamente ao que significa o batismo na vida dos seguidores de Cristo, ou seja, ter assumido a filiação divina e ter-se tornado irmão/ã dos semelhantes. No Brasil, através da CNBB, desde 1964, foi introduzida, neste tempo da quaresma, a Campanha da Fraternidade para vivermos mais o ser fraterno, indicando em cada ano um aspecto concreto da vida, em que precisamos viver mais as consequências de nosso batismo. Em 2022, o tema é: Fraternidade e Educação. Por isso, as mensagens do mês de março vão dedicar-se a essa temática, seguindo as reflexões propostas no texto-base pela CNBB.
Já na apresentação o texto afirma que a educação é um ato tipicamente humano e a bíblia mostra que também é uma ação divina, pois Deus educa seu povo e caminha com ele; fato revelado sobretudo por Jesus Cristo. A Igreja, através do Papa Francisco, faz um apelo para reconstruir a educação no caminho da fraternidade, do diálogo e do enriquecimento mútuo como valores imprescindíveis (cf. FT 103). Esta maneira de ver a educação alarga os horizontes para além da simples transmissão de conteúdos e da preparação técnica em vista do mundo do trabalho. Esta tarefa é de todos: da pessoa, da família, da escola, da Igreja e de toda sociedade. O tempo da pandemia do Covid-19, somado a conflitos, distanciamentos e polarizações, nos mostra que “é preciso reaprender a amar, a perdoar, a cuidar, a curar, a dialogar e servir a todos. Educar é construir a verdadeira fraternidade alicerçada na justiça e na paz” (TB 8).
O episódio bíblico de inspiração para as reflexões do texto-base é tirado do evangelho segundo João (Jo 8,1-11), no qual se apresenta o encontro de Jesus com uma mulher apanhada em adultério. A atitude de sabedoria e amor do divino mestre não é de simples condenação através da lei, mas ele dialoga com escribas, fariseus, com a mulher acusada e apresenta um novo ensinamento, ditado por seu coração: o da misericórdia e do apelo à conversão. Sua pedagogia faz perceber que todos são pecadores: “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!” (Jo 8,7b). Jesus indica um novo caminho para uma vida nova, no qual a mulher é restituída em sua dignidade humana: “Vai, e de agora em diante, não peques mais” (Jo 8,11). O presente texto do evangelho nos faz perceber a importância do diálogo que torna a pessoa consciente de sua situação e possa tornar-se sujeito de seus sentimentos, pensamentos e ações. No diálogo a pessoa sente-se valorizada, escutada e amada.
Com espírito fraterno e fé, rezemos a oração da Campanha da Fraternidade 2022:
“Pai Santo, neste tempo favorável de conversão e compromisso, dai-nos a graça de sermos educados pela Palavra que liberta e salva.
Livrai-nos da influência negativa de uma cultura em que a educação não é assumida como ato de amor aos irmãos e de esperança no ser humano.
Renovai-nos com a vossa graça para vencermos o medo, o desânimo e o cansaço, e ajudai-nos a promover uma educação integral, fraterna e solidária.
Fortalecei-nos, para que sejamos corajosos na missão de educar para a vida plena em família, em comunidades eclesiais missionárias, nas escolas, nas universidades e em todos os ambientes. Ensinai-nos a falar com sabedoria e educar com amor!
Fazei com que a Virgem Maria, Mãe educadora, com a sabedoria dos pequenos e pobres, nos ajude a educar e servir com a pedagogia do diálogo, da solidariedade e da paz. Por Jesus, vosso Filho amado, no Espírito, Senhor que dá a vida. Amém”.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul
