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12/12/2017 - ADVENTO E NATAL – TEMPO DE ESPERANÇA

Caros diocesanos. O dinamismo da esperança move a nossa vida. Estamos num tempo litúrgico privilegiado para fazermos uma profunda experiência de pessoas que esperam. Sim, estamos no Advento: “Tempo de feliz e piedosa expectativa”. Vivemos a espera da vinda do Salvador entre nós: a presença de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que assume a nossa condição humana. É a troca de dons entre o céu e a terra, como reza a missa do Natal.
Igualmente, estamos vivendo um final de ano que, certamente, em meio a aspectos positivos, ficará também marcado por muitas e frustrantes experiências em nosso país, sobretudo no sentido político, econômico, social e ético. Até percebemos, com significativa influência de parte da grande mídia, uma certa apatia e conformismo anestesiado em relação ao futuro da nação brasileira, diante da perniciosa instauração da cultura de corrupção em poderes constituídos. Constata-se a perda do verdadeiro sentido da política e da justiça, como serviço ao bem comum; e o servilismo aos interesses pessoais consagrou uma economia de números cegos, sem medir as consequências sociais e sua finalidade primeira de serviço a uma vida humana digna, justa e feliz para todos. 
Mas não podemos conceber uma vida humana sem perspectiva de esperança. Como diz a sabedoria popular: “ela é a última que morre”. Esperamos que os diversos julgamentos, com as devidas comprovações, sejam isentos de interesses pessoais, partidários ou de qualquer outra influência desonesta. A verdade se torne a bandeira das grandes decisões. Que as aquisições indevidas sejam restituídas com justiça, e seus autores penalizados. Aprendamos todos, em nível pessoal ou geral, que precisamos retomar os valores fundamentais da vida humana e cívica, da vida orientada pela ética e pelo espírito cristão. Se continuarmos a nos alimentar com falsas e fictícias esperanças, poderemos chegar ao que chamamos de “desesperança”, o que pode trazer consequências imprevisíveis no presente e no futuro.
A esperança é fundamental para que o ser humano encontre um sentido para sua vida. Ela faz parte de nossa natureza humana. Para nós cristãos, esta dinâmica da esperança é ainda maior e mais intensiva, pois em Jesus Cristo já se realizou o que nós esperamos e Ele nos dá a certeza de que também nós, unidos a Ele, poderemos participar dessa realização. Tudo isso inicia com a presença de Deus entre nós. Sua encarnação torna-se o momento alto, que a Escritura chama “plenitude dos tempos” (Gl 4, 4): Deus vem habitar entre nós e torna possível que nossa esperança de vida plena e de eternidade feliz se torne possível, já iniciando neste mundo. Vivamos intensamente este mistério na celebração do Natal cristão. Para esta experiência não bastam mesas fartas, enfeites luminosos, presentes generosos e figuras de Papai Noel. Por isso celebremos o Natal com a presença de Jesus Cristo e no espírito de justiça, fraternidade e amor que Ele veio trazer entre nós. Inspiremo-nos em Maria Santíssima que, segundo o Papa Francisco, soube transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura: “Como Mãe de todos, é sinal de esperança para os povos que sofrem as dores do parto até que germine a justiça” (cf. EG 286).

Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul

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