Caros diocesanos. Estamos diante de mais uma Semana Santa. Iniciamos, com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, a abertura da semana da salvação. Os ramos têm um caráter simbólico, como sinais de vida, de esperança e de vitória. São sinais que expressam apoio, adesão, compromisso de caminhar com Jesus e com os irmãos e as irmãs para a Páscoa. A fim de lembrar sempre disso, até guardamos os ramos bentos, em nossas casas.O centro celebrativo da Páscoa acontece no Tríduo Pascal: que começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor (com a possibilidade do rito do Lava-Pés), possui o seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as Vésperas da tarde do Domingo da Ressurreição.
Mas antes de falarmos sobre estes mistérios centrais de nossa salvação, abordaremos o que a Igreja celebra na 5ª Feira Santa, de manhã, quando é celebrada a Missa do Crisma, em que se consagra o óleo para o santo crisma e se abençoa o óleo dos catecúmenos e dos enfermos. Esta celebração foi introduzida neste dia por motivos práticos, pois, desde antiga tradição, batizava-se e crismava-se na noite de Páscoa. Nesta celebração são abençoados o óleo dos catecúmenos (usado no Batismo), o óleo para o santo crisma (usado no Batismo, na Crisma, nas Ordenações e consagração de nova igreja e de novo altar) e o óleo da unção dos enfermos (usado para ungir idosos ou doentes). A reforma litúrgica do Vaticano II manteve esta cerimônia e acrescentou a Renovação das Promessas Sacerdotais. Jesus, na 5ª Feira Santa, junto com a eucaristia, instituiu também o sacerdócio, dizendo aos apóstolos: “Fazei isto em memória de mim”. Por isso, na 5ª Feira Santa, de manhã, os sacerdotes da diocese concelebram com seu Bispo, como sinal de unidade e de comunhão sacerdotal.
O bispo, os sacerdotes e diáconos participam do mesmo sacerdócio de Jesus Cristo, embora em graus diferentes. Na diocese de Santa Cruz do Sul esta concelebração é antecipada para a 4ª Feira Santa, à tarde, para que os ministros ordenados possam estar em suas Paróquias na Quinta-Feira Santa. O centro das celebrações litúrgicas anuais, como vimos acima, encontra-se no Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor. Percebemos logo que a Igreja nos quer mostrar a unidade do Mistério pascal, evitando separações entre Morte e Ressurreição (mesmo que na 6ª Feira Santa acentua-se com predominância a paixão e a morte; enquanto que, da vigília em diante, destaca-se mais a ressurreição).
A Páscoa, como diz a própria palavra de origem hebraica, significa “passagem” da morte para a vida. Sua celebração evoca a vitória de Cristo sobre a morte, tornando-se fonte de vida eterna. O Batismo é colocado na noite de Páscoa, desde tempos muito antigos, para simbolizar esta nova vida dos batizados. Na cerimônia da Vigília Pascal, os que já foram batizados, evocando o mesmo sentido, renovam as promessas do seu Batismo. Por isso a Páscoa não é só de Jesus Cristo; é igualmente nossa.
Também nós iniciamos uma nova vida. Se no tempo da quaresma procuramos converter-nos, morrendo para o que não é cristão, então estaremos na graça da vida nova. Esta é a grande alegria que deve nos envolver neste tempo em que a Igreja não cansa de entoar com exultação o “Aleluia”, que significa: “Louvai o Senhor”!
Dom Aloísio A.
Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul