Caros
diocesanos. Estamos no mês de agosto, que costuma receber um caráter vocacional
para os diversos estados de vida ou vocações específicas, pois todas são
importantes na Igreja. Pelo batismo todos os fiéis adquirem igual dignidade, são
chamados à santidade e convidados a evangelizar (cf. LG 32), em seu estado de
vida.
Hoje desejamos
destacar os diversos ministérios e serviços prestados nas comunidades cristãs e
na sociedade. São exercidos pelos leigos e leigas, como catequistas, ministros
extraordinários/as ou outros servidores/as da comunidade. Em todos os estados
de vida participamos da comunhão na mesma Igreja e estamos a serviço do bem
comum. Entre estes ministérios vamos valorizar, na presente mensagem, as/os
catequistas.
Com certa
frequência repetimos, em nossas homilias ou encontros de cunho catequético, que
“uma comunidade sem catequistas não tem
futuro”. É uma convicção que foi surgindo durante os numerosos anos de
envolvimento no processo de Iniciação à Vida Cristã. Com isso estamos apontando
para a importância de termos pessoas dignas e preparadas para transmitir a fé
cristã, sobretudo para serem testemunhas dela, dentro da comunidade cristã. Sua
missão é vital na comunidade, pois elas estão em contato direto com nossas
crianças, adolescentes, jovens e, por vezes, adultos de nossas comunidades para
a transmissão da fé, em nome da Igreja - comunidade de fé. Sabemos que não é
uma tarefa solitária da catequese, entendida como simples transmissão de
conteúdo ou doutrina, mas de acompanhar alguém para o encontro com Jesus Cristo,
dentro da comunidade cristã. Para esse processo, o candidato precisa ser
contagiado e atraído pelo testemunho de fé da própria pessoa do catequista, dos
pais e familiares - primeiros catequistas, dos padrinhos/madrinhas e da
comunidade. Neste contexto, lembramos o Papa, hoje santo, Paulo VI: “O
homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os
mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta
os mestres, é porque eles são testemunhas” (EN 41).
A catequese atual procura
inspirar-se nas fontes do cristianismo, ou seja, no processo
querigmático-catecumenal que, junto com o conhecimento, conduz a progressivas
celebrações (purificação e iluminação), concluindo-se com o tempo da
mistagogia. Hoje necessitamos dessa catequese catecumenal e permanente, que
conduz gradativamente para dentro do Mistério e ao compromisso de coerente vida
cristã na sociedade. Evidencia-se que a catequese e a liturgia devem dar-se as
mãos e caminhar juntas, alimentando-se mutuamente. Dessa forma, os candidatos à
vida cristã farão, desde cedo, a experiência da relação “lex orandi – lex credendi” (lei de oração – lei de fé) dos
primeiros séculos. Em que o modo de crer estava interligado com o modo de rezar
(celebrar) para conduzir ao agir. Assim percebemos que há profunda relação
entre o que celebramos (lex orandi) e
o que cremos (lex credendi); e ambas
não podem distanciar-se da consequente vida cristã (lex agendi ou operandi), sobretudo pelo testemunho de nossas ações.
Dessa forma, podemos concluir que a Iniciação à Vida Cristã, de inspiração
catecumenal, tem caráter progressivo de conhecimento, de encontro com o Senhor,
de inserção operante na vida da comunidade e de testemunho social.
Que
o processo de Iniciação à Vida Cristã, orientado pelo espírito catecumenal dos
primeiros séculos do cristianismo, possa ajudar-nos a esperançar e rejuvenescer
nossas comunidades de fé. O Senhor abençoe nossas/os catequistas que receberam
um dom especial de Deus e o colocam a serviço da comunidade de fé.
Dom
Aloísio Alberto Dilli - Bispo de Santa Cruz do Sul