Caros diocesanos. Dentro do processo unitário da Iniciação à Vida Cristã estamos dedicando atenção especial para o sacramento da Crisma ou Confirmação. Desejamos retomar e aprofundar nossa vida cristã relativa aos sacramentos assumidos e suas consequências para toda vida. Outro objetivo é proporcionar a catequistas, catequizandos e toda comunidade cristã um novo espírito catequético, com características menos doutrinais e mais litúrgicas, orantes e mistagógicas. Vemos que a liturgia e a catequese andam juntas, são inseparáveis. Em vista da unidade diocesana, exigem também diretrizes comuns.
Nas reflexões anteriores já vimos o essencial do sacramento da Crisma ou Confirmação, quando o ungido ou ungida recebe o Espírito Santo como um dom de Deus. É um novo Pentecostes que se realiza na vida da comunidade cristã, cada vez que este sacramento é celebrado. Hoje destacaremos a presença e atuação do Espírito Santo na Igreja, desde o seu início, conduzindo-a pela história até o fim dos séculos. Essa presença e atuação do Espírito Santo é atestada com evidência pelos inumeráveis santos e santas. É ele que santifica a Igreja; sem sua ação não pode existir santidade, como afirma o Papa Francisco: “O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus” (GE 6). Cada crismado é convidado a viver essa santidade, como rezamos na Missa da Confirmação: “Alegrem a vossa Igreja por uma vida santa...”.
O Espírito Santo é o grande dom de Deus, concedido à Igreja para sua unidade no amor do Pai e do Filho, perpetuando o Pentecostes no mundo e na vida da Igreja de todos os tempos. São Paulo afirma que o Espírito Santo une, congrega e forma a Igreja como um só corpo, embora constituída de muitos membros (cf. lCor 12, 12ss). O Espírito Santo é para a Igreja o que significa a água para o peixe e o ar para a pessoa humana. Santo Irineu (séc. II) afirma: “Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não podemos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da grat a enviada do alto” (cf. LH, Vol. II, p. 926). Portanto, o Espírito Santo fecunda e une, está verdadeiramente atuante na vida cristã. A fé na sua presença e atuação nos faz repetir com os apóstolos no hoje da Igreja: “O Espírito Santo e nós decidimos...” (At 15, 28). É Ele que age em cada ação litúrgica; sem a sua presença não há liturgia, pois nela acontece uma espécie de sinergia (força conjunta, cooperação, parceria, colaboração) entre o Espírito e a Igreja.
Jesus invocou o Espírito Santo e enviou os apóstolos em missão ao mundo. Será também ele que nos dará seu Espírito e nos enviará como discípulos missionários em
nosso tempo: “Necessitamos de um novo Pentecostes! Necessitamos sair ao encontro das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos para lhes comunicar e compartilhar o dom do encontro com Cristo, que tem preenchido nossas vidas de ’sentido’, de verdade e de amor, de alegria e de esperança” (DAp 548). A missão tem origem divina, é realizada por Cristo e continuada pelo Espírito Santo, como protagonista (sujeito) e alma da Igreja evangelizadora (cf. DGAE 2019-2023, nn. 21-22).
Nós, como batizados e crismados, somos parte dessa Igreja assistida, unida, fecundada e enviada pelo Espírito Santo, que está presente nela com sua ação santificadora e faz entender São Paulo, quando diz: “Acaso não sabeis que sois o santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Cor 3, 16).
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul