Nas primeiras semanas de outubro, o Rio Grande do Sul foi assolado por vários temporais e uma grande enchente. Vários municípios da Diocese de Santa Cruz do Sul foram atingidos. Muitas famílias tiveram suas casas destelhadas ou invadidas pelas enchentes. Inúmeros agricultores viram suas plantações destruídas com a chuva de granizo ou com o transbordamento dos rios. O desespero tomou conta de muitas pessoas, e uma pergunta ecoava em várias partes: por que essas coisas acontecem?
Mesmo sabendo que temporais e enchentes sempre aconteceram, ninguém pode negar que os desordenados desmatamentos, as construções nas margens dos rios e a implantação de loteamentos sem respeito ao meio ambiente aumentam os perigos das enchentes e alagamentos de casas. O tão propalado efeito do “el niño” pode estar sendo agravado com o aquecimento climático da terra. E, conforme nos lembra o Papa Francisco, “a maior parte do aquecimento global das últimas décadas é devida à alta concentração de gases de efeito estufa emitidos, sobretudo, por causa da atividade humana” (LS, 23).
Em meio às muitas intempéries, apareceu a solidariedade do povo, com ajudas pessoais e de instituições. A Cáritas Regional lançou a Campanha de Solidariedade ao Povo Gaúcho, conclamando as dioceses, paróquias e comunidades a se unirem na ajuda às famílias e comunidades atingidas pelos temporais. Antes disso, a Diocese de Santa do Sul já havia feito uma conclamação às paróquias para que se engajassem na arrecadação de alimentos e roupas em prol dos atingidos. Tomamos o cuidado para conclamar o povo a que, num primeiro momento, buscasse ajudar as famílias mais próximas. Num momento posterior, as comunidades deveriam somar esforços na campanha para ajudar os municípios mais atingidos, onde o número de famílias desalojadas foi muito grande.
A resposta do povo foi altamente positiva, sendo que em poucos dias, foram arrecadadas várias toneladas de roupas e alimentos. Mas, todos sabemos que estas ajudas são apenas “analgésicas”, sendo que os problemas persistem. E é aí que devem entrar as políticas públicas de preservação do meio ambiente, esgotamento sanitário e planos habitacionais. Precisamos todos nos unir para que, quando vierem os futuros temporais, e eles sempre retornam, os impactos sobre as populações sejam menores. A próxima Campanha da Fraternidade, com o tema “Casa comum: nossa responsabilidade” poderá dar um grande contributo para o aprofundamento destas questões.
Por hora, continuemos a ser solidários com nossos irmãos sofredores e Deus haverá de nos recompensar por qualquer copo de água que dermos a um irmão necessitado.
Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano