Santo Ambrósio, no século IV, dizia que “o nome de Deus é a misericórdia e onde há misericórdia, ali está Deus”.
Movidos por esta afirmação, no dia 8 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição de Maria, iniciaremos o Ano Santo em comemoração ao Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Nas palavras do Papa Francisco, o objetivo é “tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes” (MV, n. 3), uma vez que, conforme palavras de São João XXIII “nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade”.
Na Bula de proclamação do Jubileu, o Papa expressa o seu desejo de que “os anos futuros sejam permeados de misericórdia para ir ao encontro de todas as pessoas, levando-lhes a bondade e a ternura de Deus”. Isso para que “a todos, crentes e afastados, possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós” (MV, n.5).
Para facilitar o acesso às graças do Ano Santo, o Papa estabeleceu que nas dioceses se abra, pelo menos, uma Porta da Misericórdia. Outras portas podem ser abertas a critério dos bispos locais. Daí que, como bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul, estabeleci sete igrejas onde se abrirá, durante todo o Ano Santo, uma Porta da Misericórdia. A estas igrejas poderão acorrer os peregrinos que desejarem obter as graças do Ano Santo, através da confissão, comunhão e prática da caridade. Destaco, porém, que o Ano Santo não se resume às peregrinações, uma vez que o mais importante é a conversão das pessoas, comunidades e paróquias para “o rosto da misericórdia do Pai”.
O Ano Santo será uma especial oportunidade para assumirmos atitudes e ações que transformem as nossas comunidades em reflexo do amor misericordioso de Deus, validando, assim, a afirmação do Papa Francisco de que “onde está uma comunidade de fé ou um cristão deve se visualizar a misericórdia de Deus”.
Abramos pois, desde este tempo do Advento, as nossas mentes e os nossos corações para acolhermos as graças inerentes ao Ano Santo. Deixemos de lado tudo aquilo que nos fecha ao amor misericordioso do Pai e nos afasta do harmonioso convívio com os irmãos. Esforcemo-nos para sermos misericordiosos como o nosso Pai do céu é misericordioso (Lc 6,27). E assim, despojados dos sentimentos de orgulho, ódio e ganância, unamo-nos para a construção de uma sociedade de paz e um mundo onde se cuida do meio ambiente e se valorizam as diferenças individuais de todos os filhos e filhas de Deus.
Dom Canísio Klaus
Bispo Diocesano