Caros diocesanos. Nas duas mensagens anteriores já refletimos sobre o chamado de todos os cristãos à santidade, como vocação comum, a partir do batismo. O Papa Francisco emitiu recentemente novo documento, com o título: Chamada à Santidade no Mundo Atual (Gaudete et Exsultate). Ocupar-nos-emos com esta temática também hoje.
Nos dois primeiros capítulos do documento papal percebemos que a santidade deve acontecer em nossa vida diária, “ao pé da porta”, passo a passo. O segundo capítulo nos advertiu para dois inimigos atuais da santidade: o gnosticismo e o pelagianismo. O primeiro privilegia o conhecimento abstrato, acima da caridade, e o segundo supervaloriza a vontade humana e o esforço, acima da graça divina.
No terceiro capítulo do documento, o Papa Francisco explica com simplicidade o que é ser santo, a partir das Bem-aventuranças do Evangelho (Mt 5, 3-12), onde o termos “feliz” ou “bem-aventurado” são sinônimos de “santo”. O que Jesus propõe como caminho de santidade com as bem-aventuranças vai na contramão do mundo atual e somente com a força do Espírito poderemos segui-las (cf. GE 63-65).
- “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu”: significa configurar-se a Jesus, que, “de rico que era, tornou-se pobre” (2Cor 8, 9). Ser pobre no coração: isto é santidade (cf. GE 70);
- “Felizes os mansos, porque possuirão a terra”: no mundo das desigualdades e prepotências, Jesus - manso e humilde de coração - propõe a mansidão. Reagir com atitudes de humilde mansidão: isto é santidade (cf. GE 74);
- “Felizes os que choram, porque serão consolados”: o mundo não quer chorar, escondendo as situações dolorosas, onde se evidencia a cruz que suplica pelo socorro da caridade. Saber chorar com os outros: isto é santidade (cf. GE 75-76).
- “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”: o mundo manipula a justiça com seus próprios interesses, e facilmente se corrompe. O espírito da bem-aventurança segue a justiça nas próprias decisões e favorece a dos pobres e vulneráveis. Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade (cf. GE 78-79).
- “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”: dar, servir e perdoar é o modo de ser de Deus. Esta será a medida de nosso julgamento. Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade (cf. GE 81-82).
- “Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”: Um coração que ama a Deus e ao próximo, com intenção sincera, é puro e pode ver a Deus. Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade (cf. GE 86).“Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”: a murmuração destrói e critica; não é capaz de construir a paz. Os pacíficos são fonte de paz e amizade social. Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade (cf. GE 87-89).
- “Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu”: são pessoas perseguidas por terem lutado pela justiça. Abraçar diariamente este caminho, mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade (cf. GE 90 e 94).
A grande regra de comportamento e critério de julgamento continua ser a caridade: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40). Este é o culto que mais agrada a Deus (cf. GE 95 e 104).
Dom Aloisio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul