Caros diocesanos. A quaresma continua nossa preparação à Páscoa. Já refletimos sobre a Campanha da Fraternidade e sobre o tema da Conversão e da Fé, ricamente presente na Palavra de Deus nos domingos da quaresma do Ano C. Hoje abordaremos o 3º e 4º domingos que apresentam as parábolas da Figueira estéril e do Filho pródigo.
Terceiro Domingo da Quaresma: Na primeira leitura (Ex 3, 1-8ª.13-15) aparece novamente o aspecto histórico da salvação: é o Deus de Abraão, Isaac e Jacó que desce (sarça ardente) e chama Moisés para libertar seu povo da opressão do Egito e conduzi-lo a uma terra ‘onde corre leite e mel’. É o Deus sempre presente (“Sou Aquele que sou”) e operante na história concreta de seu povo. Javé exige a fé de Moisés e do povo de Israel.
Na segunda leitura (1Cor 10, 1-6.10-12) São Paulo adverte os cristãos, indicando os fatos bíblicos como exemplo: para a salvação não basta a ação de Deus; é indispensável a colaboração humana, sua participação pela fé e pelas obras. O apóstolo convida os coríntios a serem fiéis a Deus, evitando atitudes do povo no Antigo Testamento que desagradaram ao Senhor.
O Evangelho (Lc 13, 1-9) do terceiro domingo da quaresma se compõe de duas partes, ambas indicando a necessidade de conversão. O fato relacionado a Pilatos e à Torre de Siloé serve para fazer o apelo de conversão: “Se não vos converterdes, perecereis todos do mesmo modo” (Lc 13, 5). A segunda parte do Evangelho apresenta a parábola da figueira estéril, que também indica o convite à conversão; ela será cortada se não der frutos. Jesus aparece como a mediação paciente e misericordiosa do Pai, em vista de nova oportunidade de conversão.
Quarto Domingo da Quaresma: A primeira leitura (Js 5, 9ª.10-12) relata a entrada do Povo de Deus na Terra prometida e celebra a nova Páscoa. O texto insiste sobre a novidade da situação: nova terra, nova vida, nova Páscoa.
Na segunda leitura (2Cor 5, 17-21) evidencia-se que a fonte da nova vida dos cristãos é a morte e ressurreição do Senhor, da qual participam. As coisas antigas passaram e foi inaugurada vida nova. A iniciativa da reconciliação vem de Deus: por meio de Cristo. Ele nos reconciliou e nos confiou este ministério da reconciliação.
No Evangelho (Lc 15, 1-3.11-32), os publicanos e pecadores se aproximam de Jesus para escutá-lo. Os fariseus, como sempre, murmuram por causa disso. Na parábola do Filho pródigo, Jesus representa o pai; o filho menor, os pecadores; e o filho maior representa os fariseus. No quadro do pai e do filho menor vemos o distanciamento inicial e a miséria; depois, a decisão da volta e o reencontro, cheio de surpresas e de gestos significativos de reintegração filial e de alegria festiva. Ao contrário, no quadro do filho mais velho encontramos a atitude de fariseu: incapacidade de aceitar o gesto misericordioso do pai e negação da possibilidade de reconciliação com o irmão pecador, ‘que estava morto e tornou à vida’.
Continuemos nosso caminho quaresmal, buscando conversão de vida e aprofundamento da fé cristã, pois a misericórdia do Senhor há de se revelar.
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul