Caros diocesanos. Nas mensagens anteriores já refletimos sobre o chamado de todos os cristãos à santidade, a partir do batismo. O Papa Francisco emitiu recente documento, com o título: Chamada à Santidade no Mundo Atual (Gaudete et Exsultate).
Nos primeiros capítulos do documento papal percebemos que a santidade deve acontecer em nossa vida diária, “ao pé da porta” e passo a passo. O Santa Padre advertiu-nos sobre dois inimigos atuais da santidade: o gnosticismo e o pelagianismo. O primeiro coloca o conhecimento acima da caridade; o segundo, a vontade e o esforço acima da graça. Vimos também como o Papa explica com simplicidade o que é ser santo/santa, a partir das Bem-aventuranças do Evangelho (Mt 5, 3-12). Finalmente, Francisco coloca algumas características ou traços espirituais da santidade no mundo atual; na verdade são cinco manifestações do amor a Deus e ao próximo:
- Suportação, Paciência e Mansidão: Permanecer firme em Deus, que ama e sustenta para aguentar, suportar as contrariedades e defeitos dos outros. Estamos num mundo acelerado, ansioso e agressivo que exige testemunho de paciência e constância no bem (cf. GE 112). A graça torna possível a mansidão do coração que suporta até as humilhações. O santo evita a violência e não gasta suas energias lamentando-se dos erros alheios (cf. GE 116 e 118).
- Alegria e Sentido de Humor: O santo/santa é capaz de viver com alegria e sentido de humor; ilumina os outros com espírito positivo e de esperança. A consequência da caridade é a alegria. O tempo de Jesus é anunciado como de alegria; Maria se alegra na Anunciação; os discípulos se alegram na presença do Senhor (cf. GE122 e 124). Mesmo em momentos de cruz a alegria sobrenatural não é destruída. Afirma o Papa: “O mau humor não é sinal de santidade” (GE 126).
- Ousadia e Ardor: A santidade é ousadia e entusiasmo que gasta a vida para evangelizar. Faz partir e servir com atitude de coragem, na força do Espírito (cf. GE 129). Afirma Francisco: “A Igreja não precisa de muitos burocratas, mas de missionários apaixonados, devorados pelo entusiasmo de comunicar a verdadeira vida. Os santos surpreendem, desinstalam, porque a sua vida nos chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora” (GE 138).
- Em Comunidade: A santificação é um caminho comunitário. Isso nos mostram tantos testemunhos da história, pois trabalhar com os outros é, sem dúvida, um caminho de crescimento espiritual e evita sucumbirmos nas tentações do demônio e do mundo egoísta (cf. GE 140-141). Na comunidade, onde uns cuidam dos outros no espírito do amor, se faz a experiência da presença do Ressuscitado (cf. GE 145).
- Em Oração Constante: A santidade é feita na abertura habitual à transcendência, através da oração e da adoração. O santo/santa tem necessidade de se comunicar com Deus: o faz na solidão com Ele; deseja andar sempre na sua presença, mesmo em meio às atividades, pois sabe que sozinho nada consegue (cf. GE 147-149 e 154).
Luta, Vigilância e Discernimento: O Papa termina (capítulo quinto), afirmando que nosso caminho para a santidade é uma luta constante, que exige vigilância permanente e sábio discernimento, para não nos tornarmos marionetes das tendências da ocasião, mas seja verdadeira saída de nós mesmos ao mistério de Deus (cf. GE 162, 164, 167 e 175).
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul