Caros diocesanos.
Estamos no mês das missões. Já refletimos sobre parte da mensagem do Papa
Francisco, que se inspira na
história dos discípulos de Emaús (cf. 24,13-35): “Corações ardentes, pés a caminho”, também o lema do atual Ano
Vocacional no Brasil. O citado Evangelho narra o retorno de Jerusalém dos
discípulos confusos e desiludidos com o que lá acontecera, a morte de Jesus,
numa cruz. Contudo, o encontro com Cristo na Palavra e no Pão partido reacendeu
neles o entusiasmo para pôr os pés a caminho de Jerusalém, a fim de anunciar a
Ressurreição do Senhor aos outros discípulos. Segundo o Papa Francisco, o
evangelista usa três imagens
importantes no texto e que se tornam o itinerário dos discípulos missionários
de todos os tempos: corações ardentes pela Palavra ouvida, olhos abertos para
reconhecer o Senhor e colocar os pés a caminho. Já refletimos sobre as duas
primeiras imagens; por isso, destacaremos hoje, com ênfase maior, a terceira.
Primeira imagem: Vimos que Jesus aproximou-se e caminhou com eles. Seus
corações ardiam, enquanto Jesus explicava as Escrituras. Na sua
grande misericórdia, o Senhor toma a
iniciativa de estar com os discípulos. Ele nunca se cansa de estar conosco,
apesar dos nossos defeitos, dúvidas, fraquezas e de sermos pessoas de pouca fé.
Jesus mesmo é a Palavra viva, a única que pode fazer arder, iluminar e
transformar o coração.
Segunda imagem: Vimos que os olhos se abriram e o reconheceram ao partir o
pão (cf. Lc 24,30-31). Jesus presente na eucaristia é ápice e fonte da missão. Ao
redor da mesa da eucaristia, quando Ele partiu o pão, os olhos dos discípulos
se abriram e o reconheceram. Cada discípulo missionário é chamado a tornar-se
como Jesus, aquele-que-parte-o-pão e aquele-que-é-pão-partido para o mundo. Esta é
a ação missionária por excelência, porque a eucaristia é fonte e ápice da vida
e missão da Igreja.
Terceira imagem: Pés a caminho, na alegria de proclamar
Cristo Ressuscitado.
A
eterna juventude duma Igreja sempre em saída.
Após o reconhecimento do Senhor, os
discípulos voltaram a Jerusalém (cf. Lc
24,33) para partilhar com os outros a alegria do encontro com o Senhor. Como
afirma o Papa Francisco: “Não se pode
encontrar verdadeiramente Jesus ressuscitado, sem se inflamar no desejo de o
contar para todos. ... O primeiro e principal recurso da missão são aqueles que
reconheceram Cristo ressuscitado, nas Escrituras e na Eucaristia, e que trazem
o seu fogo no coração e a sua luz no olhar” (EG 1). A conversão missionária
permanece o principal objetivo de toda a obra da Igreja, pois ela existe para
evangelizar (cf. EN 14 e EG 15). Todos podem contribuir para este movimento missionário: com a
oração e a ação, com ofertas de dinheiro e de sofrimento, com o próprio
testemunho. O objetivo
essencial do percurso sinodal que a Igreja está a realizar com as
palavras-chave “comunhão, participação, missão” é a cooperação missionária em todos os níveis, ou seja, pôr-nos
a caminho como os discípulos de Emaús, escutando o Senhor ressuscitado que não
cessa de vir juntar-se a nós para nos explicar o sentido das Escrituras e
partir o Pão para nós, a fim de podermos levar avante, com a força do Espírito
Santo, a sua missão no mundo. Concluímos com as
palavras animadoras do Papa Francisco: “Saiamos também nós, iluminados pelo encontro
com o Ressuscitado e animados pelo seu Espírito. Saiamos com corações ardentes,
olhos abertos, pés a caminho, para fazer arder outros corações com a Palavra de
Deus, abrir outros olhos para Jesus Eucaristia, e convidar todos a caminharem
juntos pelo caminho da paz e da salvação que Deus, em Cristo, deu à humanidade”.
Desejamos a todos/todas um abençoado mês missionário!
Dom Aloísio Alberto Dilli – Bispo de Santa Cruz do Sul