Caros diocesanos. Celebramos novamente a maior solenidade litúrgica da Igreja: a Páscoa, como passagem da morte para a ressurreição de Jesus Cristo e, consequentemente, de todos nós, graças ao batismo, que nos regenerou para nova vida em Cristo; por isso somos chamados cristãos.
O simbolismo da Igreja, através dos tempos, foi criando imagens que nos ajudam a entender melhor os mistérios que celebramos. Assim surgiu, por exemplo, a figura do coelho da Páscoa. A coelha é um bichinho que seguidamente pode ter filhotes e em número considerável. Tornou-se, assim, o símbolo da mãe-Igreja que, pelo Batismo, gera numerosos filhos e filhas para a nova vida em Cristo, na noite de Páscoa. É bom lembrar que nos primeiros séculos do cristianismo, na maioria das igrejas, se batizava somente na noite de Páscoa (Vigília pascal).
Outro símbolo pascal, que muito usamos, é o ovo que, aparentemente, é inanimado, mas contém dentro de si a força de uma nova vida para emergir. Da mesma forma, o sepulcro de Cristo ocultava a vida nova que irrompeu no alvorecer pascal. Antigamente, os cristãos se presenteavam com ovos naturais para celebrarem a lembrança da ressurreição. O simbolismo pascal do ovo nos relembra ainda o mistério de nossa própria morte. Estaremos na obscuridade do túmulo, na penumbra da morte, como Cristo. Mas a força da Ressurreição age em nós e um dia sairemos destas trevas, radiantes e transformados. Disse Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo o que vive e crê em mim jamais morrerá” (Jo 11, 25). E disse também: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54).
Mas o símbolo pascal, por excelência, é o Círio. A grande vela é símbolo de Jesus Cristo Ressuscitado, o vitorioso. Ele é, de fato, a Luz do mundo. Aquele que ilumina todo ser humano e o torna apto para a comunhão com o divino. Ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Quem se deixa iluminar por esta Luz, também se tornará luz para quem encontrar em seu caminho. Neste contexto, o Papa Francisco lembra o Mysterium Lunae (Mistério da Lua), pois o misterioso planeta só pode iluminar a noite da terra se nele refletir a luz do sol (símbolo de Cristo).
Não fiquemos, pois, como cristãos, apenas no saborear chocolates ou outras iguarias, em forma de coelho, de ovo, ou outras, mas também vivamos o sentido de seu simbolismo, o novo da mensagem cristã, neste tempo de Páscoa. Vamos ao encontro do Senhor, presente sobretudo na Eucaristia, verdadeira Páscoa da Igreja, pois em cada celebração eucarística se atualiza o mistério pascal.
Na mensagem de hoje, Irmãos e Irmãs, desejamos Feliz e Abençoada Páscoa para todos os diocesanos e amigos. O Cristo Ressuscitado ilumine e visite cada um de nós, nossa família e comunidade, cada setor de pastoral e movimento, associações e escolas, com sua Luz redentora, para que possamos viver com alegria a verdadeira espiritualidade pascal. Feliz Páscoa!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul