Caros diocesanos.
Em nossa reflexão anterior, nós abordamos o sentido e a importância da Palavra
de Deus em nossas celebrações litúrgicas, sobretudo sua sacramentalidade, por ela
ser viva e eficaz, por ter valor permanente, tornando-se meio privilegiado de
encontro com o Senhor. Por isso a Igreja afirma: “Sempre Cristo está presente em sua Palavra... A Palavra de Deus,
portanto, constantemente anunciada na Liturgia, é sempre viva e eficaz pelo
poder do Espírito Santo e manifesta aquele amor ativo do Pai que jamais deixa
de agir entre os homens e as mulheres” (OLM 4).
Se a Palavra de
Deus celebrada recebe tanto valor, a ponto de ser forma privilegiada de
encontro com Deus, ela merece nosso respeito, veneração e dignidade, seja na
apresentação, na proclamação e, sobretudo, na atitude de máxima receptividade e
amorosa acolhida. É por isso que a orientação da Igreja fala de duas mesas:
mesa da Palavra e mesa da Eucaristia. O Concílio Ecumênico Vaticano II, na constituição
dogmática Dei Verbum, atribui à
Palavra de Deus um valor litúrgico extraordinário, quando afirma que a tradição
da Igreja “sempre venerou as Sagradas
Escrituras da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que principalmente
na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do
Corpo de Cristo o pão da vida e o distribui aos fiéis...” (DV 21). Assim
sendo, diz a Instrução geral do Missal Romano: “A dignidade da palavra de Deus requer que
haja na igreja um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual, durante
a liturgia da palavra, convirja espontaneamente a atenção dos fiéis... Tanto
quanto a arquitetura da igreja o permita, o ambão dispõe-se de modo que os
ministros ordenados e os leitores possam facilmente ser vistos e ouvidos pelos
fiéis...” (IGMR – 2ª ed., n. 309).
Dessa importância do ambão (ou
mesa da Palavra), que merece lugar digno e ornado, decorre outro tema, que
merece não menos atenção: a proclamação da Palavra. Orienta a Igreja: “Segundo a tradição, a função de proferir as
leituras não é presidencial, mas ministerial. Por isso as leituras são
proclamadas por um leitor, mas o Evangelho é anunciado pelo diácono ou, na
ausência deste, por outro sacerdote... se também faltar outro leitor idôneo, o
sacerdote celebrante proclame igualmente as outras leituras” (IGMR – 2ª
ed., n. 59). As leituras, portanto, deverão ser feitas por alguém que vai
prestar um ministério (serviço) para a comunidade em celebração. É o momento em
que a Palavra de Deus se torna viva, eficaz, presente. Portanto, o Leitor deve
estar preparado para emprestar sua voz para Deus, ou seja, fazer chegar a
Palavra de Deus ao seu povo ouvinte. Assim sendo, estas pessoas precisam de
formação bíblico-litúrgica, espiritual e adequada preparação técnica. A Igreja
orienta: “Na falta de leitor instituído, podem ser
designados outros leigos para proclamar as leituras da Sagrada Escritura, desde
que sejam realmente aptos para o desempenho desta função e se tenham
cuidadosamente preparado, de tal modo que, pela escuta das leituras divinas, os
fiéis desenvolvam no seu coração um afeto vivo e suave pela sagrada Escritura”
(IGMR – 2ª ed., n. 101).
Concluímos nossa
reflexão sobre o ministério da proclamação da Palavra com o próprio texto da Igreja
no Missal Romano: “Nos textos que devem
ser proferidos claramente e em voz alta... pelo leitor..., a voz deve
corresponder ao gênero do próprio texto..., à forma de celebração e à
solenidade da assembleia” (IGMR – 2ª ed., n. 38).
Proclamar ou ouvir
a Sagrada Escritura é anunciar ou acolher o próprio Senhor!
Dom Aloísio A. Dilli -
Bispo de Santa Cruz do Sul