Caros diocesanos. Desde as primeiras comunicações convosco, tentei apresentar-me como vosso Irmão-Bispo para, desta forma, sentirmo-nos mais familiares, mais próximos, mais comprometidos. Em encontros celebrativos ou outros refletimos sobre a importância de o bispo poder contar com a união e a participação dos presbíteros, dos consagrados e das lideranças leigas no exercício de seu ministério de ensinar, de santificar e de pastorear. Feliz do bispo e da diocese que tem esta participação, esta integração e este espírito de corresponsabilidade na missão. Por isso convidamos a todos para unirmos nossas forças, como Igreja toda ministerial, samaritana, de comunhão e participação, cada um assumindo sua missão como verdadeiros discípulos e missionários. Não serão pequenas diferenças que vão nos distanciar da comunhão eclesial. Portanto, também você é convidado a participar desta comunhão e missão. Aliás, sem esta comunhão a missão se empobrece ou pode se anular, tornando-se simples propaganda ou proselitismo. A Igreja cresce por atração, pelo testemunho, como já nos atestam os Atos dos Apóstolos (At 2, 46-47).
Já tendo iniciado o Advento, desejo continuar a reflexão sobre este tempo de preparação ao santo Natal, apresentando o brasão ou escudo episcopal. Isso se deve ao seu lema ou frase-chave: “A PALAVRA SE FEZ CARNE” (Jo 1, 14). Assim também nos conheceremos melhor, pois a simbologia do escudo revela muito da espiritualidade que anima o coração e a missão do vosso Irmão-bispo.
Mas o que é este brasão ou escudo que os bispos usam e qual o seu sentido? Podemos dizer que é um símbolo que expressa, em forma de desenho, sua espiritualidade, sua mística iluminadora na evangelização da sua diocese. As pessoas que nos escutam ou leem talvez já conhecem nosso brasão e perceberam que ao redor dele há uma espécie de chapéu, com bordas e laços, envolvendo o escudo. Isto vem a significar a comunhão do Bispo com a Igreja, com o Papa, com o Colégio episcopal, com o Povo de Deus e sua missão apostólica, como sucessor dos Apóstolos, sob a luz do Espírito Santo. Os laços significam que está unido, enlaçado com a Igreja, a quem ele promete fidelidade. Esta parte, que envolve o escudo, todos os bispos usam com formato igual. Mas muda, de bispo para bispo, o que está dentro do escudo.
Cada bispo também escolhe um lema, uma frase significativa da Sagrada Escritura que vem iluminar o que se apresenta nos símbolos desenhados. Meu lema é: “A Palavra se fez carne”. O texto do evangelista São João continua dizendo: “... e habitou entre nós” (Jo 1, 14). Este é o grande mistério da Encarnação: Deus, por Jesus Cristo, toma a iniciativa da salvação e vem ao nosso encontro, vem fazer-se um de nós para ser Deus-conosco. É como um descer de Deus ao encontro da realidade humana, para fazê-la participante da vida divina. É o mistério, o acontecimento celebrado, todos os anos, no Natal.
Caros Irmãos e Irmãs. No próximo artigo continuaremos a explicação do nosso brasão episcopal. Veremos porque a Palavra de Deus, na forma da Bíblia, está no meio do desenho e o sentido dos símbolos que se encontram ao redor: Maria com o Menino Jesus; a Cruz, em forma de Tau, no alto; e a Eucaristia, ao lado direito. Explicaremos também o sentido das cores: o azul do céu e o verde do chão que, no meio se fundem numa só cor. Deus abençoe a todos!
Dom Aloísio Alberto Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul