Caros diocesanos. Estamos para concluir mais um ano de nossa história. Certamente todos nós vivemos momentos significativos e gratificantes que gostamos de recordar e que nos fazem agradecer a Deus e aos que viveram próximos de nós, sobretudo às nossas famílias, aos colegas do mundo do trabalho, aos irmãos e irmãs de nossas comunidades cristãs, enfim, aos que conviveram conosco das mais diversas formas, como nas redes sociais e outros meios de comunicação.
Nossa avaliação do ano também nos traz uma série de preocupações. Vivemos num tempo em que a realidade da vida se apresenta complexa, caracterizada pela violência, pelo isolamento, pelo medo e a insegurança; sentimos, por vezes muito perto de nós, sinais de crise existencial, com desmotivação para viver, e até há pessoas que se desesperam, tirando a vida. Outros perdem a capacidade do diálogo, se tornam intolerantes ou vivem agressivos e isolados. Não é este o mundo que Deus deseja para nós, seus filhos e filhas. O pecado da distância do amor de Deus, de sua Palavra orientadora e da convivência fraterna com os irmãos e irmãs escurece o nosso viver.
Em meio a estes desafios, celebramos mais um Natal. Jesus veio para estar conosco, para animar nossa vida e renovar as relações entre nós. Ele deseja tirar-nos das trevas do pecado para animar-nos, dar-nos esperança, devolver-nos a alegria de viver e conduzir-nos para sua Luz. Em nossa Diocese, no foco da caminhada da Iniciação à Vida Cristã - na perspectiva de uma Igreja samaritana, será o Ano do Sacramento da Crisma ou Confirmação, sempre em unidade com o Batismo (2018) e com a Eucaristia (2019). Neste espírito podemos dizer com a Igreja: Iniciamos mais um ano da graça de Nosso Senhor. Seja bem-vindo, 2020!
Iniciamos, portanto, o Ano Novo com renovada esperança, pois esta virtude é uma realidade profundamente humana e cristã, necessária em nossa vida. O que somos hoje está aberto diante de nós porque somos seres em constante metamorfose e em busca de plenitude. Esta busca nos lança para fora de nós mesmos, pois não nos sentimos acabados, mas em realização. Poderíamos dizer que nós mesmos somos esperança. Como afirmam os filósofos: somos o “homo viator” (homem em viagem), peregrinos na esperança.
O triste é que hoje muitas pessoas colocam sua esperança em premissas falsas e frustrantes, que não realizam a pessoa humana e até se voltam contra ela. Do ponto de vista teológico, só Deus poderá saciar nosso coração inquieto (S. Agostinho). O próprio Deus, em Jesus Cristo, tornou-se nossa esperança. Na sua encarnação, que culminou no mistério pascal, já se realizou o ideal humano em plenitude. Com Ele veio o Reino de Deus entre os homens, tornando-se o Emanuel (Deus conosco). Sua promessa vale para todos. Ressuscitaremos como Ele para uma vida nova em que desaparecem todas as alienações e limitações. Mas enquanto não se realizar o “Deus seja tudo em todos” (1Cor 15, 28), como afirma São Paulo, continuaremos peregrinando na esperança de chegar sempre mais à plenitude do Reino, quando toda lágrima será enxugada (cf Ap 21, 3).
Caros diocesanos. Caros irmãos e Irmãs! No alvorecer do Ano Novo começamos com muita esperança, contando com a bênção do Alto: “O Senhor vos abençoe e vos guarde. O Senhor vos mostre a sua face e se compadeça de vós. O senhor volva o seu rosto para vós e vos dê a Paz. O Senhor vos abençoe: o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Amém”. Feliz Ano Novo!
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul.