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19/09/2018 - O Batismo na Sagrada Escritura

Estimados diocesanos. Já bordamos o tema do Batismo por diversas vezes em nossas mensagens. Como estamos no Mês da Bíblia, hoje tentaremos iluminar, a partir da Palavra de Deus, o surgimento do rito batismal e seu sentido nos primórdios do cristianismo. A mensagem inspira-se no artigo: “Batismo no Novo Testamento” do professor em Sagrada Escritura, Padre Dr. Pedro Kramer. O autor nos deixa claro que o batismo não tem ligação com os ritos de purificação (lavação), ligados à higiene, exigidos pela lei e repetidos muitas vezes na vida dos judeus. O verbo grego baptítzein, usado para o batismo cristão, indica para uma lavação única e definitiva. O batismo de João Batista era realizado uma só vez, pois ele expressava conversão, mudança de vida; o batismo de Jesus, por João Batista, é referência histórica para o batismo que foi praticado mais tarde pelos cristãos. Logo após a morte e ressurreição de Jesus, eles o transformaram num rito de iniciação cristã, a ser realizado uma só vez na vida da pessoa convertida.               
São Paulo, pregador ambulante, como ele mesmo afirma, não batizou muitas pessoas (cf. 1Cor 1,14-17), mas seguidamente se refere ao batismo como iniciação à vida cristã, como revestimento de Cristo (cf. Gl 3, 27); isto significa início de vida nova do cristão, ou seja, começo no seguimento de Jesus Cristo (discipulado cristão), dentro de uma comunidade. Portanto, o batismo não é algo mágico, mas supõe o encontro com Jesus Cristo e opção por Ele. É o desejo e a atitude da conversão na vida, que faz pedir o Batismo, como consequência. Esta mudança exige testemunho dos valores cristãos e atrai outras pessoas para o mesmo seguimento. Para tal fidelidade, a pessoa recebe o dom do Espírito Santo. Sua vida é alimentada na comunidade cristã, através da oração pessoal e das celebrações comunitárias, sobretudo da eucaristia. Para São Paulo a pessoa batizada é enraizada em Jesus Cristo morto e ressuscitado, identificada com o Jesus da Páscoa (o Batismo acontecia na Vigília pascal). O Batismo significa o sepultamento da vida anterior e ressurgimento para vida nova e definitiva (cf. Rm 6, 3-4). Isto significa romper com a vida passada, com a sociedade injusta e desigual, e comprometimento com nova realidade, marcada pela justiça, fraternidade e igualdade (cf. Rm 6, 12-13).             
Os quatro evangelistas fazem referência ao batismo de Jesus, por João Batista, no rio Jordão. Isso mostra sua importância para as primeiras comunidades cristãs que transformam o Batismo em rito de iniciação cristã, como já vimos acima. A missão realizada por Jesus e seus discípulos na Palestina deve ser proposta para todos os povos, em todos os lugares e tempos (cf. Mt 28, 16-20). Significa ‘fazer discípulos’ através do anúncio, do testemunho e da vivência de Jesus Cristo. O evangelho segundo Mateus, aos poucos, tornou-se manual básico de catequese e de evangelização. E para acentuar a introdução do cristão na comunidade, emprega-se a fórmula trinitária do batismo, ou seja, a pessoa batizada é enxertada na melhor e mais perfeita comunidade: Pai, Filho e Espírito Santo. O evangelho segundo Mateus termina com uma ordem: “Observar tudo o que vos ordenei” (Mt 28, 20); isso significa que o seguimento de Cristo se estende por toda vida, como formação permanente ou mistagógica.             
Finalmente, nosso autor ainda destaca catequeses batismais, segundo o evangelho de João, cujos temas apenas citamos: o nascer de novo (Jo 3, 1-21); a água viva (Jo 4, 4-42); a luz ao cego de nascença (Jo 9, 1-41); o serviço do lava-pés (Jo 13, 1-20). 
 Dom Aloísio Alberto Dilli 
 Bispo de Santa Cruz do Sul
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