Caros diocesanos. Já não é mais novidade para nós que nas festas de casamento, seguidamente, usa-se um bolo de aparência, um bolo faz-de-conta. Este é um exemplo do que é importante na sociedade de hoje: a aparência. Isto nos faz pensar que a beleza do bolo, as fotografias e a filmagem são mais importantes que o bolo a ser saboreado.
Este fato faz lembrar o Natal celebrado por muitas pessoas, famílias e grupos sociais. O que mesmo é Natal? Qual é seu verdadeiro sentido? Certamente não é somente uma festa de aparências: presépios, pinheirinhos, luzes, presentes, cartões, mensagens, abraços. Tudo pode ser importante, mas precisamos identificar bem sua causa. Deve-se evidenciar o motivo de tantos símbolos e manifestações, para não ficarmos somente no vazio de aparências ou no faz-de-conta, sem a presença do verdadeiro festejado.
O Natal cristão é a celebração do nascimento de Jesus Cristo, o Emanuel: Deus conosco. Como nos diz São Paulo: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos” (Gl 4, 4-5). Deus entrou na história da humanidade, o divino veio unir-se ao humano. Como declara a liturgia da noite do Natal, identificando-o como a festa “na qual o céu e a terra trocam os seus presentes”, e a mesma celebração suplica, dizendo: “dai-nos participar da divindade daquele que uniu a vós a nossa humanidade” (Oração sobre as Oferendas). Jesus é o grande sinal de Deus entre nós: o “rosto humano de Deus, e rosto divino do homem” (DAp 107). Nele a vida humana ganhou novo sentido. Esta Boa Notícia foi assim anunciada pelo anjo aos pastores: “Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor! E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2, 10-12). Este anúncio é motivo de festa até o hoje e vai perpassar os tempos. As celebrações festivas e os símbolos usados em abundância na liturgia tentam expressar esta felicidade, trazida por Deus ao vir ao mundo e habitar entre nós (Jo 1, 14).
Uma realidade tão maravilhosa não pode ficar somente na aparência, no faz-de-conta ou em histórias de Papai Noel. Deus quer estar conosco, de verdade, em nossas famílias, em nossas comunidades, na sociedade em que vivemos. Nossa resposta será de acolhida ou um fechar de portas, como os habitantes de Belém, que não tinham ou não queriam ter lugar em suas casas ou em sua vida. Ao acolher o Senhor em nossa vida celebraremos o verdadeiro Natal, o da presença viva de Deus entre nós e não o de simples aparência. Saibamos acolher o Menino Jesus como os pastores que, na sua simplicidade, o adoraram; ou como os magos do oriente que lhe ofereceram seus presentes.
Nosso Natal cristão traga profundas alegrias e muita esperança para nossas famílias e comunidades por causa da presença do Senhor. Que Ele nos una em espírito de paz e de fraternidade e possa permanecer entre nós durante o Ano Novo. Desejamos um Natal muito Feliz para todos e abençoado Ano Novo.
Dom Aloísio A. Dilli
Bispo de Santa Cruz do Sul